CINEMA

'Meu Pé de Laranja Lima' tenta repetir sucesso do livro na telona

Nova adaptação do clássico de José Mauro de Vasconcelos estreia nesta sexta (19) em cem salas

Agência Estado
18/04/2013 às 20:07.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:42

Tudo começou quando a produtora Katia Machado, tocada pela história de Zezé, resolveu adaptar "Meu Pé de Laranja Lima". O livro de José Mauro de Vasconcelos vendeu mais de 1 milhão de exemplares no País, foi traduzido para 52 línguas e, na Coreia do Sul, chegou a ganhar uma edição em quadrinhos. De novo no Brasil, originou um filme (em 1970) e três telenovelas.

Katia encomendou o roteiro a seu amigo Marcos Bernstein. Ocorreu o que poderia parecer improvável - Bernstein gostou tanto da história e do próprio roteiro (que escreveu com Melanie Dimantas) que só faltou suplicar a Katia que o deixasse dirigir. Ela topou, e fez muito bem. "Meu Pé de Laranja Lima", que estreia nesta sexta-feira (19), em mais de cem salas (inclusive em Ribeirão Preto), é um belo filme e um provável candidato a best-seller.

É verdade que o livro alcançou esse número extraordinário ao longo de quase meio século, ou seja, atravessando gerações. Mas, se o boca a boca funcionar, Bernstein e Katia podem sonhar com o sucesso. Será merecido. E o importante é que o filme é bom.  Bernstein tem currículo. Coescreveu, com João Emanuel Carneiro (autor de "Avenida Brasil"), o roteiro de "Central do Brasil", de Walter Salles. Dirigiu "Do Outro Lado da Rua", com Fernanda Montenegro e Raul Cortez.

Que ninguém espere dele uma versão derramada da história do menino que foge da miséria de sua pequena vida refugiando-se no mundo da imaginação. Zezé elege a árvore do título como amiga (e confidente). A versão de 1970, de Aurélio Teixeira, carregava nos sentimentos para arrancar lágrimas. Bernstein chega a ser minimalista. Ele diz que nunca viu "O Corvo Amarelo", clássico japonês (de Heinesuke Gosho), famoso pelo uso da cor, também sobre a infância carente, do qual seu filme parece herdeiro.

A história é regional e vira universal por sua humanidade. "Meu Pé de Laranja Lima já participou de festivais no exterior e, em toda parte, o público se interessa pelos personagens, se comove com a narrativa", conta Bernstein. "No Festival de Roma, foi escolhido por um júri de jovens como o melhor filme infantojuvenil."

E tem mais.

"A história de Zezé é um triunfo da imaginação. Para quem vive de contar histórias, como eu, seja como roteirista ou diretor, tem tudo a ver." Era um filme cheio de desafios. Criança, árvore, não falta nem mesmo um trem como personagem decisivo na trama. "O trem, como a própria árvore, é essencial. Como se faz isso? Filmei com o mesmo sentimento com que escrevemos, Melanie e eu. Mas o filme não seria tão bom sem esse elenco maravilhoso."

Bernstein conseguiu reunir atores como José de Abreu, Fernanda Viana (do Grupo Galpão), Caco Ciocler. O grande achado foi o garoto João Guilherme Ávila, que faz Zezé.

"Ele é ótimo. Fizemos uma preparação, mas quando chegava a hora de filmar dava para ver a entrega", diz o diretor. O garoto retribui os elogios. "Foi muito legal fazer o filme com todos esses grandes atores. Foram generosos comigo. É muito bom poder dizer que fiquei amigo do Zé, do Caco."

Zé de Abreu vem de um dos maiores sucessos de sua carreira - o Nilo da novela "Avenida Brasil". Ele se surpreende com o alcance da novela. "Filmamos antes do estouro de Avenida Brasil. Teria sido muito mais complicado, se o filme tivesse sido feito durante, ou depois."

As filmagens foram realizadas em Cataguases, interior de Minas, onde o pioneiro Humberto Mauro iniciou, nos anos 1920 e 30, um ciclo fundamental do cinema brasileiro.

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