ESPECIAL JOVENS

Viagens de intercâmbio voltam a crescer entre os brasileiros

Sair do país para ganhar autonomia, fluência em um idioma ou ampliar cultura: qualquer que seja o motivo, quem já participou garante que vale a pena

Cibele Vieira
30/05/2023 às 11:32.
Atualizado em 30/05/2023 às 11:33

Voar para evoluir: as viagens de intercâmbio voltam a crescer entre os brasileiros, que querem mais do que praticar outro idioma (pixabay)

Na experiência de fazer um intercâmbio em outro país fascina os jovens, que se sentem motivados por muitas razões. A primeira é ter uma experiência longe do olhar dos pais, que à primeira vista pode parecer um impulso inconsequente, mas na prática se transforma em uma lição de autonomia e responsabilidade. A segunda motivação, que na verdade é o primeiro propósito, é desenvolver o idioma estrangeiro, o que produz resultados evidentes após a experiência de passar um período no país de escolha. Essas duas transformações são as mais comuns relatadas por quem já participou de um intercâmbio internacional.

Mauricio Mascarenhas, especialista nesse segmento, comenta que somente este ano o fluxo intercambista está começando a retomar sua normalidade, mas ainda não alcançou os índices registrados antes da pandemia. “Foi um período bem difícil, com escolas e fronteiras fechadas”, comenta. Entretanto, com a retomada, os roteiros mais comuns continuam sendo procurados, ao lado de novos rumos que se abriram e começam a ser explorados. 

Um local que não fechou suas fronteiras durante a pandemia foi Dubai, um dos sete emirados que formam o país chamado de Emirados Árabes Unidos, onde 85% da população é estrangeira e se comunica em inglês. E é justamente para lá que tem aumentado a procura por intercâmbio, por várias facilidades. Mascarenhas conta que “a primeira é a questão do visto, dispensado para quem permanece pelo período máximo de três meses. A segunda é que 85% da população é estrangeira, tornando o inglês o idioma predominante, o que facilita a comunicação e a fluência de quem busca um aprimoramento na conversação. E, por fim, lá é possível conciliar estudo com trabalho, o que também é bem-visto pelos participantes de programas de intercâmbio”, diz.

Mauricio Mascarenhas indica ficar em acomodação familiar e incluir alimentação no pacote para que a viagem de intercâmbio fique mais acessível (Arquivo pessoal)

Opções variadas

Há vários tipos de intercâmbio para jovens. O mais concorrido é o High Scholl, que possibilita ao estudante de ensino médio – que tenha entre 14 e 18 anos - cursar um semestre em escola de outro país de língua inglesa. Nesse segmento, os países mais procurados são Canadá, Estados Unidos e Inglaterra, com turmas programadas para início em agosto e em janeiro. Há quem busque a experiência de intercâmbio para se aperfeiçoar ou adquirir mais fluidez no idioma, e para isso existem cursos rápidos e específicos, aliados a outras atividades, inclusive culturais. A Inglaterra é o país mais procurado para estes cursos, principalmente pela facilidade de conseguir o visto. E há, ainda, o intercâmbio que possibilita trabalhar e estudar, nesse caso há forte busca pela Irlanda, Australia e Canadá.

Nem só de estudo e trabalho são feitos os intercâmbios. “Há os destinos mais exóticos, como África do Sul”, conta Mascarenhas, que tem experiência de quase 30 anos no setor. Ele se entusiasma ao relatar sobre esse destino aliado ao trabalho voluntário, social ou ecológico, mas lembra que ainda há um certo preconceito em função da pobreza e violência. “Já visitei a África do Sul três vezes e não tive problema, é só respeitar os costumes e se comportar de maneira correta que dá tudo certo, e a experiência é gratificante”, diz. Entre os problemas mais comuns para os intercambistas estão questões relacionadas às diferenças de alimentação e costumes.

O custo de um intercâmbio varia muito dependendo da localidade escolhida, tipo de acomodação, carga horária e período escolhido para a viagem. O especialista alerta que uma boa opção é viajar fora da alta temporada, ficar em acomodação familiar e incluir a alimentação (café da manhã e jantar) no pacote. “Com cerca de R$12 mil é possível fechar um bom pacote para o Canadá, por exemplo. Mas esse valor não cobre a aquisição das passagens – cujo custo varia muito dependendo da época – e nem os gastos pessoais do cotidiano, como transporte, passeios e outras atividades”, explica. Mascarenhas ainda salienta que é importante avaliar bem a qualidade do programa e não apenas o preço.

Alice Lessa Teobaldo busca constantemente compreender melhor o mundo e descobrir outras culturas (Arquivo pessoal)

Uma Alice em muitos países

A primeira experiência de intercâmbio de Alice Lessa Teobaldo, de Campinas, foi aos 11 anos e ela não parou mais: com 17 anos já conheceu Canadá, México e Portugal e logo a lista aumentará. Há pouco mais de uma semana desembarcava de um intercâmbio em Portugal, feito com outras cinco estudantes da mesma escola. Mas na sua agenda já tem confirmada uma nova viagem, desta vez sozinha, para o Egito, em julho, onde aproveitará as férias escolares para um intercâmbio aliado ao trabalho voluntário. O frio na barriga, a ansiedade e o receio de se aventurar por países com costumes diferentes não a intimidam, pois sabe que a troca cultural e o amadurecimento são muito ricos nessas viagens.

Mas se engana quem pensa que é preciso ter muito dinheiro para realizar o sonho do intercâmbio. Alice conta que boa parte de suas experiências fora do Brasil são fruto de bolsas de estudo. “Recomendo que pesquisem porque há vários programas que oferecem bolsa para esses intercâmbios, há várias maneiras de fazer. Quebrar os conceitos sobre como as coisas funcionam lá fora é uma experiência enriquecedora, além de trazer um amadurecimento incrível”, afirma.

O projeto de iniciação científica de seu grupo de estudos, formado por seis alunas do Colégio Técnico de Limeira (Cotil), da Unicamp, foi contemplado com uma bolsa de uma instituição financeira para um intercâmbio de duas semanas nas universidades de Coimbra e Lisboa. “O Colégio aderiu ao sistema de cotas há pouco tempo e com isso o perfil de alunos mudou, então fomos entender nossa herança colonial por meio da literatura africana, para trabalhar a questão da identidade das pessoas pretas dentro do colégio, empoderando e criando um futuro melhor para todos nós”. Ela acrescenta que a experiência foi muito enriquecedora e auxiliará inclusive no ambiente de trabalho nas unidades de saúde públicas, quando se formar em enfermagem. 

Os aprendizados superam o medo

As experiências de Alice, que começaram quando ela foi selecionada para um intercâmbio nacional, na cidade de Londrina, intermediando a experiência comunitária com o trabalho voluntário, fazem dela uma boa conselheira sobre o assunto, sobretudo quando o objetivo é aliar mais uma atividade à viagem. Três anos depois participou de acampamentos no Canadá e em seguida no México, por meio de uma ONG internacional que reúne pessoas de vários países para interagirem em temas como cultura, sustentabilidade, diversidade e direitos humanos, além de atuarem como voluntários em demandas locais. Agora, foi novamente selecionada para um programa no Egito, só que desta vez irá sozinha, pela primeira vez. 

“Por ter feito intercâmbios desde muito nova, tenho hoje muito interesse pelas questões sociais, uma curiosidade grande por culturas diferentes, e uma busca constante por entender melhor o mundo. Sem dúvida o intercâmbio nos amadurece bastante”, comenta. Ter o inglês no ponto e manter a calma em contratempos que acabam acontecendo são fundamentais, diz. E conclui: “não deixar o medo te impedir de ter essas experiências. Fui sempre com medo, mas fui, e não me arrependo”.

Como escolher um bom intercâmbio 

✔ Procure uma empresa de intercâmbio confiável para orientar em todas as etapas do programa;

✔ Programe-se financeiramente para não ter surpresas e faça o orçamento detalhado para se manter no país;

✔ Providencie os documentos com antecedência, como passaporte e visto, depois de verificar as exigências do país escolhido;

✔ Avalie a qualidade do curso ou programa escolhido, pensando no objetivo principal do intercâmbio;

✔ Busque informações sobre a cultura e os costumes do país de destino para aproveitar melhor e evitar problemas.

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