TURISMO

Santos: sol, mar e história

A maior cidade do litoral paulista, fica a 169 km de Campinas e oferece muito mais que praia

Cibele Vieira
30/10/2023 às 10:12.
Atualizado em 15/11/2023 às 20:35
Cerca de 2,7 milhões de turistas frequentam a temporada de verão (Carlos Nogueira)

Cerca de 2,7 milhões de turistas frequentam a temporada de verão (Carlos Nogueira)

Quem chega em Santos em um dia ensolarado pensa logo em passar o tempo todo na praia, correto? Não é bem assim... Já foi o tempo em que as pessoas buscavam a maior cidade do litoral paulista atraídas apenas pelo mar. Hoje Santos oferece um circuito histórico interessante e bem estruturado que disputa a atenção dos visitantes. Muita gente se surpreende, por exemplo, ao conhecer o centro histórico, sua riqueza arquitetônica e a variedade gastronômica, em circuitos que podem ser percorridos por bonde, bicicleta ou a pé. A temporada de verão 2021/2022 registou um número recorde de turistas, da ordem de 2,6 milhões de pessoas, e a expectativa é que neste ano esse número seja superado.

Esta é uma das cidades mais antigas do Brasil – com povoamento iniciado em 1540 – que ainda abriga legados do segundo milênio, como casarões, museus e igrejas, conta a guia de turismo Valentina Rezende. Isso faz com que Santos exale história e cultura, embora tenha um perfil cosmopolita. O roteiro básico para quem quer conhecer um pouco da história começa no bairro Valongo, no Largo Marquês de Monte.

Os bondes ainda fazem percurso pelo Centro Histórico (Francisco Arrais)

Os bondes ainda fazem percurso pelo Centro Histórico (Francisco Arrais)

Alegre. Ali está a igreja do Valongo - em estilo barroco fundada em 1640 - ao lado do prédio que sediou a estação da primeira estrada de ferro paulista, a Santos/Jundiaí. Hoje esse prédio abriga o restauranteescola Estação Bistrô, um projeto social que capacita para o trabalho em bares e restaurantes jovens em situação de vulnerabilidade social. É um bom local para comer, pois serve desde a “meca santista”, um prato típico, até opções veganas, carnes e sobremesas preparadas com capricho.

O bonde histórico - em carros restaurados com mais de 100 anos – também sai deste Largo para um circuito percorrido em meia hora pelos principais pontos do centro da cidade, como a Praça Barão do Rio Branco, onde está o Pantheon dos Andradas (mausoléu de José Bonifácio, patriarca da independência e seus irmãos) restaurado recentemente. Embora com a presença de condutores e motorneiros uniformizados no bonde, o passeio é orientado por um áudio-guia em português/inglês/espanhol e em Libras. Funciona de terça a domingo das 11h às 17h, o ingresso custa R$ 7 (idosos e crianças não pagam) e pode ser adquirido na bilheteria do Museu do Pelé, quase em frente à igreja do Valongo.

Museu do Pelé (Raimundo Rosa)

Museu do Pelé (Raimundo Rosa)

O Museu do Pelé tem entrada gratuita e funciona de terça a domingo das 10h às 17h. Está instalado em área de mais de 4 mil m2 de antigos casarões reconstruídos em estilo neoclássico, com três andares, onde estão expostas fotos, documentos, camisas, troféus, a réplica da taça Jules Rimet, além de vídeos com o melhor das copas e painéis com a linha do tempo do atleta que começou sua carreira aos 15 anos de idade no Santos Futebol Clube. Não é preciso ser fã do atleta ou do futebol para se deliciar com o passeio e descobrir por que Pelé virou celebridade muito antes de existirem as redes sociais. Ao sair do museu, o ideal é seguir pela Rua do Comércio em direção ao Boulevard da Rua 15 de Novembro, onde cafés bucólicos com mesinhas na calçada permitem admirar, no final da rua, o prédio da Bolsa Oficial do Café.

Ciclovias pela cidade (Carlos Nogueira)

Ciclovias pela cidade (Carlos Nogueira)

O edifício chamado de Palácio da Bolsa Oficial de Café foi inaugurado em 1922 exibe a opulência e a força da elite cafeeira paulista da época. Um dos destaques é o salão do pregão, onde aconteciam as negociações e cotações do produto, onde estão obras do pintor Benedicto Calixto, como as telas com o Porto de Santos em 1822 e depois em 1922, representação da fundação da Vila de Santos (1545) e no teto um enorme vitral com a Epopeia dos Bandeirantes e, no piso, símbolos maçons como a estrela de seis pontas. A visita ao prédio é uma experiência que estimula memória, visual e paladar, pois o edifício abriga o Museu do Café (ingressos custam R$ 16) que conta a história e a evolução da cafeicultura e sua ligação com o desenvolvimento político, econômico e cultural do país, além de cafeterias abertas ao público com cafés de várias regiões do Brasil. 

Para completar o passeio pelo centro histórico de Santos o visitante deve seguir até a Praça Mauá, onde fica o Paço Municipal, que tem visitas monitoradas nos finais de semana. Esta praça sedia, também nos finais de semana, apresentações musicais e feiras com produtos de artesãos e empreendedores locais. Nesta caminhada se tem a oportunidade de passar por casarões históricos, alguns em ruinas e outros restaurados. Encerrando o roteiro, vale a pena subir ao Monte Serrat Cassino Elevador, inaugurado em 1927, o que pode ser feito pela íngreme escadaria de 402 degraus ou pelo bondinho de sistema funicular (funciona com uma roldana com um carro em cada ponta, enquanto um sobre o outro desce). Do terraço a visão é de tirar o fôlego, sendo possível ver a área portuária, o centro histórico, a orla santista e a área industrial de Cubatão. O ingresso custa R$ 25 e é um dos poucos pontos turísticos que funciona às segundas-feiras. 

A maior orla do Brasil

A temporada de verão em Santos – de novembro a fevereiro – coincide com a rota dos cruzeiros internacionais que atracam no porto local. A cidade se orgulha de ter a maior orla urbana do país, num total de 7,5 km de extensão, cortadas por sete canais e com chuveiros e lava-pés espalhados por toda extensão. Outro orgulho são os jardins que contornam essas praias, com castanheiras e árvores nativas que dão sombra no verão e diferentes espécies de flores que se revezam mantendo florido o ano todo. Esse paisagismo foi reconhecido pelo Guiness Word Record (2002) como o “maior jardim de orla marítima do mundo”. No começo da área de praia, conhecida como Ponta da Praia, está sediado o Aquário mais antigo do Brasil, com 70 anos de atividades. 

Escultura de tommie Otake no Emissário (Carlos Nogueira)

Escultura de tommie Otake no Emissário (Carlos Nogueira)

Já na outra ponta, quase na divisa com o município de São Vicente, está a escultura de 15 m de altura da artista plástica Tomie Ohtake, localizada no Parque do Emissário Submarino. A obra feita em aço pesa 60 toneladas, tem traços sinuosos e foi pintada de vermelho rubi em homenagem ao centenário da imigração japonesa (2008). Toda a orla pode ser percorrida de bicicleta, pois conta com ciclovias em toda extensão e um sistema de aluguel de bicicletas para adultos e crianças. Quem preferir se deslocar pela cidade usando o transporte coletivo, conta com a comodidade de veículos com ar-condicionado e wi-fi. Idosos (acima de 65 anos) não pagam passagem.

Rota gastronômica

Outra rota que chama atenção de quem visita Santos é a variada rede gastronômica da cidade, que tem até uma “Rua Gastronômica”, que se tornou parada obrigatória para quem quer curtir a noite. É a Rua Tolentino Filgueiras, no bairro Gonzaga, que concentra no trecho de 400 m cerca de 15 bares e restaurantes diversificados, com botecos, comida típica brasileira, frutos do mar, e pratos internacionais que passeiam por México, Itália, Inglaterra e Japão. Para chamar atenção de quem passa pelo trecho, além do semáforo temático, as faixas para pedestre são sinalizadas com formas de garfo e faca e os postes também receberam pinturas relacionadas a comidas. 

Meca com risoto de palmito e farofa de banana é um prato típico (Divulgação)

Meca com risoto de palmito e farofa de banana é um prato típico (Divulgação)

O roteiro gastronômico passa ainda pelo mercado inaugurado em 2020 na Ponta da Praia em área climatizada, onde há um restaurante de frutos do mar do chef Dário Costa. Em frente, é possível admirar o painel do famoso artista grafiteiro Kobra, onde ele destaca imagens significativas para a cidade, como a Bolsa do Café, o Bondinho, o Porto e o jogador Pelé. Depois de conhecer todas essas atrações, viajar para essa cidade litorânea terá outros significados, sobretudo com a constatação de que praia, cultura e boa gastronomia podem, sim, fazer uma bela combinação.

Para saber onde ir a Santos, consulte http://www.turismo-santos.com.br/.

*A jornalista participou de um roteiro turístico a convite do Santos Convention & Visitors Bureau e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.

Siga o perfil do Correio Popular no Instagram. Siga também a Metrópole.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por