GASTRONOMIA

Sabores lusitanos no Rock in Rio Lisboa

A “comida de festival” é coisa séria no evento, que trouxe parte de sua gastronomia para o espaço para ser degustado pelo público

Aline Guevara
11/07/2022 às 14:58.
Atualizado em 11/07/2022 às 14:58
Algumas das delícias lusitanas do RiR Lisboa foram os vinhos, os sanduiches de bifana e até pratos especiais elaborados por chefs portugueses (Divulgação)

Algumas das delícias lusitanas do RiR Lisboa foram os vinhos, os sanduiches de bifana e até pratos especiais elaborados por chefs portugueses (Divulgação)

É difícil pensar em Portugal e não lembrar da sua marcante e variada gastronomia, constantemente reforçada nas cozinhas campineiras graças à grande imigração de lusitanos para a região. Quando falamos então em um festival português como o Rock in Rio Lisboa (RiR Lisboa), a música pode até ser o foco, mas as comidas e as bebidas do evento são também notáveis, fazendo justiça à rica tradição do país.

Durante os quatro dias de evento, em junho, o RiR Lisboa trouxe um pouco da mesa portuguesa para os espaços de alimentação do recinto. Para começo de conversa, não podia faltar vinhos no país que mais consome a bebida no mundo. Estavam disponíveis para compra alguns rótulos nacionais e durante todo o evento foi possível ver taças nas mãos do público na Cidade do Rock: durante o dia, as opções de rosés e brancos pareciam agradar mais diante do sol forte e temperaturas agradáveis para o início do verão europeu. À noite, com a queda da temperatura, o tinto dava as caras. 

Mas o amor pelos vinhos dos portugueses não foi o suficiente para deixar as cervejas de lado, e também não faltaram opções de produtores locais. As bebidas faziam uma boa dupla com um outro quitute tipicamente português: a bifana. O prato, tradicionalmente servido em festas populares, é um sanduíche com pão aquecido e recheado com bifes de carne de porco salteados com alho e temperado com especiarias. Foi possível encontrar vários pontos de alimentação que serviam a sua própria bifana.

Cozinha renomada

O festival juntou o entretenimento com a cozinha popular, mas também trouxe uma pitada de alta gastronomia com o espaço Chef’s Garden, aberto pela primeira vez no festival. Quatro renomados chefs portugueses ficaram responsáveis por organizar menus especialmente criados para o evento e de acordo com os diferentes ecossistemas mais representativos da alimentação portuguesa. 

Justa Nobre, que representava as florestas, desenvolveu pratos como a sopa fria de beterraba com amêndoas crocantes. Miguel Castro e Silva trouxe o ecossistema dos rios a partir de um menu que continha a sopa seca de lúcioperca (um peixe de rio) e couve. Noélia Jerónimo, responsável pelos mares, ofereceu um wrap de polvo com batata doce e coentro. Já Vítor Sobral, levando o sabor da agricultura & pecuária, criou o hambúrguer de vitela arouquesa com cebola caramelizada, tomate, rúcula e queijo da Ilha de São Jorge. 

De acordo com Roberta Medina, a vice-presidente executiva do evento, a proposta é construir no RiR no Brasil um espaço semelhante. “A primeira experiência foi em Lisboa e vimos que foi um sucesso. Queremos fazer no Rio também. Não conseguimos organizar a tempo para este ano, mas está prometido para o festival de 2024”, declara a empresária. 

Vítor aposta que o Chef’s Garden brasileiro tem tudo para funcionar por aqui também. Dono do restaurante Tasca da Esquina, em São Paulo, ele vem ao Brasil há mais de 30 anos como cozinheiro e revela que é apaixonado pela nossa cozinha regional. “Eu sempre me surpreendo. É uma cozinha muito boa, criativa e autêntica”, explica o chef em entrevista para a Metrópole. Ele inclusive já fez vários eventos gastronômicos em Campinas. E brinca: “vocês são um pouco bairristas aí”. 

Gastronomia sustentável

Toda a idealização do Chef’s Garden teve base na alimentação sustentável e a iniciativa tem como proposta trazer essa discussão para os consumidores. “Todos os produtos usados no Chef’s Garden são locais e sazonais, com toda a preocupação de gestão de resíduos”, explica Roberta, citando um catchup feito de framboesa. Muitos dos debates do espaço, que contava com um palco para conversas com os chefs, giravam em torno da necessidade de aliar gastronomia com sustentabilidade com o uso de ingredientes da época, o aproveitamento total dos alimentos, o aumento do consumo in natura e a drástica redução de processados. “O espaço do Rock in Rio me abre uma janela para levar para um público muito diverso a mensagem que eu espalho há 35 anos: temos que comer coisas bem feitas. Não é só gostoso, mas é importante para a nossa saúde e também para o planeta. Não tem como fugirmos disso. É urgente”, reforça Vítor. 

O tema da sustentabilidade, que tem sido cada vez mais presente nas edições do RiR, continuou presente na gastronomia do evento para além do Chef’s Garden. Cada ponto de alimentação fornecia na primeira compra de uma bebida, um copo ou taça retornável. Na segunda rodada era possível adquirir a bebida por um valor mais barato reutilizando o recipiente.

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