Somente cães e gatos até 10 kg conseguem viajar ao lado dos donos; abaixo-assinado solicita que animais de até 40 kg tenham a mesma oportunidade
João Pedro, filho da advogada Kenia, com Darwin: por passar dos 10 kg, o pet não pode acompanhar a família nas viagens para Recife (Gustavo Tílio)
Quando a advogada Kenia Ferreira Alves, de Paulínia, trouxe um cachorrinho para casa, ela já pensava nas viagens com o pet. Junto com seu esposo e filho, ela vai com frequência para Recife, em Pernambuco, visitar os parentes. Como novo membro da família, o pug Dar-win se adequou perfeitamente no coração de seus tutores. Infelizmente, como descobriu depois Kenia, o peso do pet dificulta o transporte no avião. Com dois anos, hoje ele tem 10 quilos.
Por duas vezes Kenia comprou a passagem de Darwin, mas em ambas as ocasiões ele extrapolou o limite de peso e precisou ficar em casa. “Meus pais já tinham até adquirido a caminha, tinham ração. O Darwin sofreu sem a gente e precisei pedir para a minha vizinha ficar com ele”. Em 2022, os parentes de Kenia preferiram vir do Nordeste para São Paulo para passar as festas em família. “Eu cheguei até a sugerir para a companhia aérea que me deixasse pagar por outro assento para poder levá-lo, mas sem sucesso”, enfatiza a advogada.
Por ter vivenciado a impossibilidade de levar o pet na cabine, ela aderiu ao abaixo-assinado na plataforma Change.org, “Cães e gatos merecem consideração e respeito das companhias aéreas!”, organizada pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA) e que já conta com quase 25 mil assinaturas. A petição pede que os limites de peso do pet para viajar na cabine do avião, que atualmente estão entre 7 e 10 kg, sejam aumentados para 40 kg.
Viagem no porão é opção?
Segundo as normas das companhias aéreas, caso exceda o limite de peso para viajar na cabine - salvo exceções de animais de apoio emocional e cães-guia -, o pet deve ser despachado como carga viva. No entanto, o médico veterinário campineiro Rafael Accetturi desaconselha a viagem nessas circunstâncias. Ele aponta casos em que os pets foram perdidos e até morreram no processo. “Quando o cachorrinho ou gatinho é submetido a um grande estresse, ele pode desenvolver uma série de problemas, como patologias incubadas. Isso pode ser potencializado durante o despacho, quando ele fica longe dos tutores, em contato com funcionários da companhia aérea que podem ou não tratá-los bem, que nem são responsáveis por cuidar do animal”.
O profissional relembra que animais braquicefálicos (de focinho curto), como o pug Darwin, não podem ser colocados no porão do avião, pois suas dificuldades respiratórias insufladas pelo estresse podem tornar a viagem particularmente perigosa. “O pet não é mais um animal de serviço. Como parte da família, ele tem direito de estar com os tutores o tempo todo da viagem [...] Esse valor dado a ele justifica mudanças nas regras das companhias”, completa.
Média de peso de algumas das raças de cães mais populares do Brasil:
Spitz Alemão: 9,5 a 13 kg
Buldogue Francês: 8 a 14 kg
Golden Retriever: 25 a 34 kg
Border Collie: 12 a 20 kg
Pastor Alemão: 22 a 40 kg