ESPECIAL NAMORADOS

O amor sempre vence

Neste Dia dos Namorados, casais relembram suas jornadas e tudo o que precisaram enfrentar para ficarem juntos

Aline Guevara e Cibele Vieira
12/06/2023 às 12:48.
Atualizado em 12/06/2023 às 12:48
Especial Dia dos Namorados (Divulgação)

Especial Dia dos Namorados (Divulgação)

Talvez exista algo mais determinante para um relacionamento amoroso feliz do que escolher a pessoa correta: continuar querendo estar ao lado dela todos os dias, mesmo diante das adversidades que necessariamente aparecerão no percurso. Quatro casais demonstraram diferentes formas de resiliência ao compartilharem suas histórias. Nesta véspera de Dia dos Namorados, eles reforçam os laços ao lembrar de suas trajetórias e das decisões que tomaram para seguir a vida de mãos dadas.

João e Natália superaram conflitos familiares e alinharam sonhos para conquistar a vida juntos (Divulgação)

João e Natália superaram conflitos familiares e alinharam sonhos para conquistar a vida juntos (Divulgação)

Rompendo fronteiras 

O programador João Cordio, de 33 anos, se apaixonou pela jornalista Natália Lins, de 32 anos, “aos primeiros passinhos”, já que na primeira vez que a viu, ela chegava dançando na festa de uma amiga em comum. Mas precisou conquistar mais do que ela para viabilizar o relacionamento: os futuros sogros foram mais difíceis do que a moça. “Minha família era superprotetora e meus pais pareciam arrumar empecilhos para esse namoro”, lembra Natália. A jornalista, acostumada a ir em festas e voltar de madrugada, de repente, ao sair com o namorado precisava regressar até as 23h, em ponto. Depois, João precisava acompanhá-la até em casa, em veículos separados, ela de carro e ele de moto, pois ela não tinha permissão para ir à garupa. “Eles eram bastante conservadores, religiosos, e eu discordava de algumas coisas que eles pensavam, como tratavam a Natália, podando-a. Eu era o motociclista tatuado, nada do que, eu acho, eles esperavam do namorado ideal para a filha”, brinca o analista. Foi só após uma decisão de sair de casa por parte de Natália para morar sozinha, num ato de rebeldia, que o relacionamento entre o casal e os pais dela foram, aos poucos, mudando. Hoje, com mais maturidade, o casal enxerga vários receios que os pais dela tinham, mas que eram incompreensíveis na época, 10 anos atrás. Um dos receios era de que a filha pudesse sofrer violência do namorado. “Hoje vemos que eles tentaram dar o seu melhor para criar bem a filha e mesmo assim acabaram errando”, diz ele. “Eu posso não concordar, mas tive a maturidade para entender o porquê fizeram o que fizeram e para perdoar tudo o que aconteceu”, completa ela, que virou a página e mantém atualmente um ótimo convívio com os pais. O casal passou ainda por outra provação: João estava decidido a se mudar para a Irlanda, Natália queria ficar no Brasil. Mas a decisão de manter esse amor foi maior, os dois se casaram e embarcaram para a Ilha Esmeralda, onde moram há quase cinco anos - com direito a conquistarem juntos carro, casa própria, uma cachorrinha e um bebê, que está à caminho. Moranguinho, como é apelidado, já que os novos pais não querem saber agora o sexo, vai nascer em dezembro. “Eu sempre acreditei no João, acreditava na gente e os motivos pelos quais as pessoas queriam que terminássemos eram pouco perto da parte boa que a gente tinha”, completa Natália.

Rubens e Leni Plácido sempre celebram a vida dos dois e a união do casal (Alessandro Torres)

Rubens e Leni Plácido sempre celebram a vida dos dois e a união do casal (Alessandro Torres)

Desafiando o preconceito 

Leni, de 71 anos, e Rubens Plácido, de 68 anos, se conheceram em Campinas, em meados dos anos 1970, enquanto estudavam juntos em um curso de Administração. O coleguismo deu lugar à amizade e a aproximação se tornou um afeto maior. Uma segurada na mão do outro e o namoro estava selado. Mas a longa história de amor dos dois não passou sem superações no caminho. Os desafios começaram no início do namoro. Os pais dele tinham uma resistência à união dos dois. “O motivo nem precisa dizer porque, né?”, alfineta Rubens. Ele é branco, Leni é negra. Diziam ao filho que o namoro não daria certo, sugeriam que ele se arrependeria no futuro. Os quase 44 anos de um feliz casamento, repleto de companheirismo e carinho, que resultou em dois filhos e um neto, contradizem aqueles prognósticos. “Nunca discuti com meus pais. Eles não querendo meu namoro, o problema era com eles, não comigo. Fiz o teimoso, bati o pé e fui atrás do que eu queria”. A resistência foi se amenizando ao longo dos anos, mas até o fim da vida dos pais se manteve um certo distanciamento provocado por aquela rachadura inicial. Rubens lembra, em contraponto, sempre ter sido muito querido pelos pais e pela família da esposa, que o acolheram desde o início. Ao lado de Leni, Rubens aprendeu a “celebrar a vida”. Sempre há motivos para uma festa, especialmente se é a comemoração do casamento. Este ano os dois vão pular o evento para tirar do papel uma viagem para a Itália há muito sonhada, mas já estão de olho nos 45 anos e também nas Bodas de Ouro, lá para 2029. O aposentado já fez até publicações nas redes sociais declarando que o casamento foi o dia mais feliz da sua vida, pois, explica, foi a data da “virada de página”. “Eu deixei para trás coisas mais pesadas que vivia e recomecei com a Leni um caminho novo e uma vida mais leve”. E ainda deixa um conselho: “Acho importante dar um tempo para amadurecer as ideias, ver se é mesmo o que você quer. Mas sendo isso, tem que correr atrás dos seus sonhos. Se eu tivesse me acovardado, teria me arrependido”.

A confiança e o amor de David e Andressa têm foco no futuro (Rodrigo Zanotto)

A confiança e o amor de David e Andressa têm foco no futuro (Rodrigo Zanotto)

Sem medo de compromisso 

Eles se conheceram nos locais frequentados pelos amigos, em barzinhos e em programas de turma. Ela, divorciada e com uma filha, ele solteiro, mas também com uma filha. Andressa Damasceno Ledo, de 28 anos, cabeleireira e maquiadora e David Silva Tomazz, 30 anos, gerente comercial de empresa de informática, estavam em uma fase que não queriam relacionamento “sério”, ou seja, nada de firmar compromisso. Então os encontros frequentes estavam dando certo, até que ele mudou de cidade para um trabalho. E aí a saudade apertou, sentiram falta do convívio, e ele voltou. “Fomos nos conhecendo, estabelecendo rotinas, acabamos criando vínculos e ele me pediu em namoro já faz um ano”, comenta. No começo ela tinha receio de se apaixonar porque, segundo os amigos, “ele não era homem de compromissos”. “Mas ao conhecer melhor, descobri exatamente o contrário, que ele queria mesmo era construir uma família”, diz Andressa. Com o namoro, ambos começaram a frequentar juntos os lugares, os amigos foram aceitando, conheceram as famílias e agora fazem planos para o futuro. Um dos principais cuidados que Andressa tinha era em relação à filha, hoje com seis anos. “Ter filhos pesa um pouco, é uma questão de confiança, de adaptação. Dos dois lados acho que isso pesa, eu com receio de aproximar um estranho da minha filha e ele por conta de assumir essa responsabilidade”, pondera. Hoje, ambos têm outra visão, “com metas de construir uma família”, diz Andressa. “Saímos daquela vida meio de ilusão, vazia, estamos encarando novas responsabilidades, mas estamos felizes de estar juntos”, completa.

Cris Vasconcelos e Abraham Maczka celebram um novo recomeço (Divulgação)

Cris Vasconcelos e Abraham Maczka celebram um novo recomeço (Divulgação)

Cris Vasconcelos já tinha desistido de refazer sua vida amorosa. Aos 70 anos, frustrada com algumas escolhas erradas, achou que era tempo de depositar seus sonhos em outros campos que não o amoroso. E foi com essa paz, de quem não está buscando nada, que ela teve uma surpresa em um aeroporto da Califórnia. Ali, enquanto aguardava a filha que fora visitar na cidade de San Diego, ela conheceu o mexicano Abraham Maczka, um viúvo de 74 anos que tem a cidadania americana. “Fui pega de surpresa com a empatia que surgiu na hora e a partir desse momento começamos a nos ver, conversar com frequência e agora decidimos que queremos ficar juntos. Em breve vou me mudar para ficar com ele”, conta a campineira que tem três filhas e dois netos. Divorciada ainda nova, revela que tem consciência do quanto a vida é efêmera, por isso quer aproveitar o momento. “Creio que esta será a melhor década da minha vida”, diz. Oito meses após encontrar o novo amor, ela está entusiasmada com a mudança, que será na mesma cidade de San Diego - quase na divisa com o México - onde mora uma das filhas e um neto. “A esta altura da vida a gente fica desesperançosa de encontrar alguém, e eu encontrei um homem raro, que sabe como tratar uma mulher. O amor maduro tem uma sintonia muito forte, não tem que representar nada, não tem cobranças, a gente capta quem o outro é, parece que lê por dentro, é muito bom”, afirma. Entre as afinidades descobertas pelo casal estão a dança, as viagens, o vinho e muita conversa. E, claro, o prazer de namorar, acrescenta Cris. Para afinarem o relacionamento, o namorado já veio ao Brasil conhecer a família e os amigos dela. E ela já voltou aos Estados Unidos, quando ficaram um mês juntos, dividindo a rotina. “Depois disso decidimos que não queremos mais ficar separados, pois quando estamos longe conversamos diariamente por telefone ou vídeo”, comenta Cris. Sobre a reação das outras pessoas, ela garante que “todas se alegram e algumas ficam esperançosas para também encontrar o amor, o que é difícil na terceira idade”, brinca. “Algumas pessoas me chamam de corajosa, mas não tenho mais idade de ficar pensando muito, a vida passa rápido”, pondera, enquanto já faz suas despedidas no Brasil. Está apenas aguardando os trâmites para legalizar sua situação em solo americano e, embora não fale inglês, entende bem o espanhol praticado em San Diego e o namorado já se esforça para aprender o português. “Comunicação não é problema”, garante. 

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