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Imunização: uma preocupação que deve ser de todos

A redução nos índices de vacinação e o reaparecimento de doenças como o sarampo fazem aumentar a preocupação com uma atitude que era enraizada entre os brasileiros e agora virou motivo de alerta

Karina Fusco
13/06/2022 às 17:03.
Atualizado em 13/06/2022 às 17:03
Vacinação é coisa séria na família de Kalinka Perches, onde todos estão com as vacinas em dia (Gustavo Tílio)

Vacinação é coisa séria na família de Kalinka Perches, onde todos estão com as vacinas em dia (Gustavo Tílio)

Brasil, conhecido como referência por oferecer gratuitamente ampla diversidade de vacinas, vem acumulando números negativos quando se trata de imunização. A queda na cobertura vacinal de imunizantes oferecidos pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) – ao todo são 45 disponibilizados gratuitamente - já vinha sendo registrada desde 2015, mas, foi com a chegada da pandemia de Covid-19 que a procura por vacinas despencou. 

Uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde mostrou que o índice médio de vacinação no Brasil é de 67%, bem abaixo do ideal, que é entre 90% e 95%. 

Na última quinta-feira, Dia Nacional da Imunização, o tema veio à tona como alerta, sobretudo com foco na vacinação infantil. Um exemplo de queda é da vacina tríplice viral, que previne contra sarampo, rubéola e caxumba. Segundo o UNICEF,  a cobertura desta vacina no Brasil caiu de 93,1%, em 2019, para 71,49%, em 2021.

Como explica a médica Eliane de Oliveira Moraes, coordenadora do Centro de Referência em Imunização da Unicamp, o problema não é específico do Brasil. “Muitas doenças deixaram de ser registradas, como o sarampo, mas voltoaram porque não havia cobertura suficiente no Brasil e no mundo. Outro fator é a atuação dos grupos antivacinas que, na Europa e nos Estados Unidos, têm força maior do que aqui. O Brasil é um país que sempre teve cobertura vacinal classificada ‘de razoável para boa’. Com a pandemia, as pessoas esqueceram das outras doenças e ficaram preocupadas só com a Covid e essa queda na vacinação de rotina ficou ainda mais exacerbada”, afirma.

Agora, segundo a especialista, o objetivo é retomar o calendário de imunização. “As sociedades médicas estão pedindo para que as pessoas voltem a prestar atenção nas vacinas e coloquem em dia a carteirinha para diminuir riscos que não há necessidade de termos, em relação às doenças imunopreviníveis”, completa.

Preocupação também de adultos

Embora a absoluta maioria das vacinas seja aplicada na infância, a médica da Unicamp alerta que na fase adulta também há imunizações indicadas e que é necessário ter atenção para manter sempre a carteirinha de vacinação em dia. “Assim como a mãe leva a carterinha do filho nas consultas com o pediatra, o adulto deve conversar com seu médico de confiança nas consultas anuais e ver quais vacinas poderia fazer como prevenção”, diz. Além do calendário base, há vacinas a mais indicadas em casos específicos, como a pneumocócica para os idosos. 

Existem diversas tipos de vacinas com ações diferentes, mas, de forma geral, elas levam a uma resposta imune que vai diminuir o risco de cada pessoa vir a ter uma doença ou de tê-la de forma mais leve. “As vacinas promovem proteção através de nosso sistema imune para determinadas doenças, umas com duração longa, outras menor, por isso é necessário o reforço. Um exemplo é a de tétano, que devemos fazer a cada 10 anos”, explica a médica.

Exemplo a ser seguido

Na casa da arquiteta Kalinka Dana Perches, de 39 anos, de Paulínia, imunização é assunto sério e não é de hoje. “Meus pais sempre foram muito corretos, existia uma preocupação com a prevenção de doenças e cresci escutando que as vacinas ajudavam a não contrair ou contrair doenças de forma mais fraca”, conta.

Ao longo da vida, ela sempre tomou as vacinas necessárias. Se lembra até que na faculdade aconteceram campanhas de vacinação e reforços e ela sempre aderiu. Após o casamento, na fase de planejamento para ter o primeiro filho, uma das preocupações que ela teve foi de checar se estava com as vacinas em dia e atualizar as que eram necessários os reforços, como hepatite B e tétano. O marido fez o mesmo. Hoje Kalinka se orgulha em poder exibir sua carteirinha cheia de anexos, que ela tem desde a infância e está sob seus cuidados desde a juventude. 

Quando os filhos vieram, a atenção com o assunto foi a mesma ou até maior. As carteirinhas dos meninos estão cheias e também com anexos. E o casal teve o cuidado de procurar as vacinas que não eram oferecidas nos postos de saúde na época, como a contra a meningite. Na vez de tomar a vacina contra a Covid, a família também fez bonito. Todas as doses oferecidas estão em dia! “Meu filho mais velho pegou catapora aos quatro anos, quando houve um surto na creche. A doença foi bem fraquinha e a gente viu o efeito positivo da vacina na prática”, completa.

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