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Guia da reforma: seis questões que você precisa saber antes de começar a obra

Planejamento financeiro e entender o que o processo exige são algumas das dicas dos profissionais da área

Aline Guevara
10/10/2022 às 14:49.
Atualizado em 10/10/2022 às 14:49

Mexer em um imóvel pronto pode sair mais caro do que construir, no entanto, organização e planejamento financeiro são essenciais (Gustavo Tílio)

Quando a campineira Livia Doblas, de 42 anos, decidiu reformar por completo seu apartamento, ela sabia bem como queria que o espaço ficasse e tinha uma boa noção do que a obra demandaria por ter feito outras reformas. Como marchand, responsável pela compra e venda de obras de arte, ela entendia que precisava de espaços específicos que atendessem suas necessidades no dia a dia do trabalho, como mapotecas, espécies de gaveteiros grandes para armazenamento. Ela uniu a imposição profissional com a vontade de ter um imóvel do jeito que sonhava. “Eu sabia que queria algo clean, chique e funcional, mas não sabia se era possível, quais eram os detalhes técnicos e estruturais. Fui atrás de uma arquiteta para me ajudar a tirar as ideias do papel”, lembra. 

Após quase um ano, desde o projeto até a finalização da obra, seu imóvel de 125 metros quadrados ficou como ela gostaria. E mais. Os espaços que ela idealizou, ficaram como precisava, mas outras sugestões vindas da arquiteta superaram as expectativas. “A iluminação me surpreendeu. Eu consigo deixar o apartamento mais iluminado, ou com luz baixa, dependendo do ambiente que eu quero no momento. Isso me ajuda a fazer fotos para o meu trabalho, por exemplo. Outro detalhe que eu adorei, que ela me sugeriu, foi a parede de seixo no banheiro, fragmentos de rocha. Ficou muito legal”, conta a marchand.

Como no caso de Livia, a reforma de um imóvel é o sonho de muita gente. Afinal, pode ser a solução para transformar a casa ou apartamento já adquirido no lugar dos sonhos, sem precisar construir do zero. Mas antes de iniciar os trabalhos, é fundamental entender alguns aspectos importantes desse processo.

Livia Doblas encarou mais uma reforma para deixar sua casa como sonhava e ainda contar com espaços otimizados para trabalhar (Gustavo Tílio)

Reformar é caro

A arquiteta Adriana Consulin é categórica: “Reforma sai mais cara do que obra nova. Você pagou o imóvel pronto, vai pagar para quebrar, para tirar o entulho e depois pagar para refazer. Além disso, hoje o mercado de construção está bastante caro”, diz. A profissional indica a presença de alguém da área até na hora da compra do imóvel para reformar para dar uma estimativa de custos. Afinal, um apartamento novo de R$ 3 milhões, por exemplo, pode sair mais barato do que outro que custa um terço do valor, mas que precisará de uma ampla reforma.

Orçamento é fundamental

Sabendo que reformar é caro, é preciso ter um planejamento financeiro bem definido. É ele que vai guiar todo o projeto, os materiais, a mão de obra. Adriana também recomenda manter uma reserva a mais, pois gastos imprevistos fazem parte do processo. Livia conta que durante sua obra, por mais que o planejamento tenha sido cuidadoso, surgiram necessidades que ela não imaginava. “Antes da Adriana, eu consultei outra profissional que me deu uma previsão totalmente equivocada: me garantiu que com R$ 100 mil eu faria a reforma. Gastei quatro vezes mais”, revelou a marchand.

Organização do projeto

Um dos papéis do arquiteto é impedir que o projeto vire uma “colcha de retalhos”, como explica Adriana Consulin. “Às vezes o cliente traz várias referências do que ele quer e estas podem entrar em conflito no projeto, como juntar elementos clássicos com contemporâneos. Não é que não sejam bonitas, mas tudo junto pode causar desarmonia com o espaço. Quando um elemento briga com o outro, a gente tem que definir o que exatamente o cliente gosta e quer e uma das opções vai cancelar a outra”, esclarece.

Arquiteto ou designer de interiores?

Qual profissional contratar para a sua reforma? De acordo com Helder Ferrari, professor de Design de Interiores do Senac Campinas, ambos trabalham de forma similar ou concomitante. Mas o arquiteto e urbanista tem competência técnica para fazer alterações estruturais e dar início ao projeto “do zero”, ou seja, lidar com um lote vazio e projetar toda parte da infraestrutura até chegar na escolha dos móveis. Já o designer decorador, tem um campo de atuação mais restrito, uma vez que ele não possui a mesma habilitação técnica. “O profissional da arquitetura é habilitado e recebe fiscalização do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Vale ressaltar que os cursos técnicos de Design de Interiores são regulamentados pelo Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT), já os cursos de ensino superior (tecnólogo ou bacharel) podem se vincular ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP)”. Ou seja, se a reforma demanda alterações estruturais, o arquiteto é o profissional que você precisa. Caso não, o designer pode atuar sozinho.

Obra com a cara do dono

Um projeto de reforma costuma ser definido a pelo menos quatro mãos, sendo uma via de mão dupla entre o dono do imóvel e o arquiteto ou decorador. “Pode ocorrer do cliente já trazer um briefing mais completo, com imagens de referências, anotações, decisões de projeto, como também há perfis de cliente que depositam no profissional procurado toda confiança e autonomia para criar e pensar o projeto que melhor atenderá a demanda. Entretanto, o profissional precisa compreender o perfil do cliente para ter parâmetros norteadores durante a criação”, analisa Helder.

Imprevistos sempre acontecem

“Eu digo que a minha profissão é resolver BOs (boletins de ocorrênca)”, brinca Adriana. Para ela, não existe obra sem imprevistos e o proprietário do imóvel precisa estar ciente e preparado mentalmente e financeiramente para os obstáculos, pois eles afetam o orçamento. “Uma viga pode ser afetada quando o gesso for desmontado. Aparecem infiltrações. Os pisos podem vir quebrados. Muita coisa pode acontecer e em toda reforma eu vejo uma situação nova que nunca tinha enfrentado. A gente tenta reduzir o cansaço com a obra, mas é estressante”, completa. 

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