ALERTA

Doação de sangue: estoques de Campinas estão em níveis críticos

Mesmo com a reta final da campanha Junho Vermelho, de conscientização para a doação de sangue, continua o alerta para que mais doadores procurem o Hemocentro

Karina Fusco
27/06/2022 às 13:12.
Atualizado em 27/06/2022 às 13:12
Em Campinas, as doações de sangue podem ser feitas no Hemocentro da Unicamp, no posto de coleta do Hospital Mário Gatti e nas coletas externas móveis (Freepik)

Em Campinas, as doações de sangue podem ser feitas no Hemocentro da Unicamp, no posto de coleta do Hospital Mário Gatti e nas coletas externas móveis (Freepik)

Doar sangue é um ato de solidariedade. Essa frase comumente proferida mostra a importância da iniciativa que é tema de diversas campanhas como a do Junho Vermelho. No entanto, é muito mais do que isso! Doar sangue salva vidas, permite com que inúmeras pessoas tenham a chance de viver mais junto com suas famílias. E todos, de crianças a idosos de todas as classes sociais e lugares, estão sujeitos a precisar de sangue em algum momento da vida. 

Porém, é preciso aumentar a consciência sobre a importância desse ato. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), apenas 1,6% dos brasileiros são doadores de sangue.

Em Campinas, os níveis do banco de sangue são um retrato da necessidade de que mais pessoas se tornem doadores e estejam dispostas a este ato de amor com regularidade. E é justamente nesse período que a situação é mais crítica.

Como explica o médico hematologista e hemoterapeuta Bruno Deltreggia Benites, coordenador do Banco de Sangue da Unicamp, há uma queda esperada no número de doadores nessa época do ano tanto devido ao frio, quanto às férias. “Justamente por esse período de férias pode haver aumento da demanda devido a acidentes. Como já estamos com estoques insatisfatórios, o temor é que essa situação piore”, diz. 

Um exemplo de como a situação é crítica é o Banco de Sangue da Unicamp, que abastece tanto os hospitais públicos quanto alguns privados da Região Metropolitana de Campinas. “Os estoques estão mantidos nos últimos meses em níveis de alerta, equivalente a aproximadamente 40% do ideal de estoque de atendimento seguro”, afirma.

Como ainda existem dúvidas sobre a doação de sangue, ele esclarece alguns questionamentos que costumam surgir. Veja: 

Quais são os critérios para a doação de sangue?

Estar presente com documento oficial com foto, pesar pelo menos 50 quilos, ter entre 18 e 70 anos (com 16 e 17 anos é possível doar com anuência do responsável), não estar em jejum nem ter realizado refeições ricas em gordura nas últimas três horas. 

Quais são os fatores que impedem uma pessoa de doar sangue?

Existem situações que podem impedir a doação, tanto para segurança do paciente receptor quanto do próprio doador. Por isso, antes de toda doação é realizada uma entrevista individual e sigilosa para verificação desses possíveis fatores. Os principais deles são a presença de anemia, uso de alguns medicamentos e histórico de doenças e cirurgias. Mas é importante frisar que nem todos os remédios, assim como nem todos os problemas crônicos de saúde, necessariamente levam a impedimento de doar.

Por que quem faz endoscopia não pode doar sangue por seis meses?

Existe um risco, apesar de muito baixo, de ocorrência de transmissão de hepatites por esse exame. Além disso, a própria indicação da endoscopia pode ser um fator de impedimento - como por exemplo, um câncer de estômago. Esse período permite o diagnóstico adequado da situação que levou à necessidade de endoscopia, assim como elimina a janela imunológica para detecção de vírus nos exames.  

Quais são os principais mitos em relação à doação de sangue?

A doação não faz ganhar ou perder peso e não afina o sangue. Nenhum produto é injetado na agulha da doação.

Pessoas que tiveram Covid podem doar sangue normalmente ou há alguma recomendação de tempo de espera após a cura?

Após 10 dias da resolução completa dos sintomas, sem sequelas, já é possível doar. Quanto às vacinas, a recomendação é de que a doação seja 48h após a última dose de Coronavac e sete dias após os demais imunizantes.

O que  é feito com o sangue assim que é coletado?

A bolsa de sangue é fracionada em seus diversos componentes específicos (hemácias, plaquetas e plasma), e os tubos coletados do doador são submetidos à tipagem sanguínea e à pesquisa de infecções transmissíveis por transfusão. O sangue só é liberado para uso após finalização de todos esses testes. 

Como as bolsas são distribuídas aos hospitais?

Após finalização dos testes e liberação das bolsas para uso, os diversos hospitais retiram estoques de bolsas no próprio Hemocentro. O cálculo desse estoque para cada hospital é baseado no histórico de uso, mas podem ocorrer liberações excepcionais para urgências e casos complexos, conforme avaliação médica. 

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