INFLUENCIADORES

De Campinas para o mundo (além) das redes sociais

Os influenciadores Levi Kaique e TINN usam as plataformas digitais para projetar conteúdos sobre pautas raciais e música autoral

Aline Guevara
12/03/2024 às 11:17.
Atualizado em 12/03/2024 às 11:17
Dois campineiros conquistaram milhares de seguidores nas redes sociais, como Instagram, YouTube, Twitter e Tik Tok (Arquivo pessoal)

Dois campineiros conquistaram milhares de seguidores nas redes sociais, como Instagram, YouTube, Twitter e Tik Tok (Arquivo pessoal)

Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram mais do que apenas plataformas de entretenimento ou conexão social, elas têm se transformado em espaços de expressão e educação. Dois campineiros perceberam a oportunidade e hoje se destacam com seus conteúdos dentro de uma comunidade bastante engajada. O engenheiro Levi Kaique, de 29 anos, nunca teve a pretensão de investir nas redes sociais. Mas graças ao interesse por debates de questões sociais e raciais, despertado pelo professor de história Sidney Aguilar (reconhecido pela investigação que resultou no documentário “Menino 23”), ele passou a escrever sobre os temas. “Eu não compartilhava esses textos em lugar nenhum.” Com a pandemia, o isolamento e a venda do escritório de engenharia, de repente, as redes eram uma válvula de escape.

Ele começou a usar as redes para postar os textos guardados. Para surpresa de Levi, mesmo no seu perfil com poucos seguidores, o conteúdo começou a alcançar muita gente. “As pessoas compartilhavam e questionavam, perguntavam mesmo, queriam saber mais sobre. Foi bem na época em que o Babu Santana estava no Big Brother Brasil e essas pautas raciais estavam sendo debatidas”, lembra. Hoje contabiliza 143 mil seguidores no Twitter e 125 mil no Instagram.

Levi analisa esse momento de viralização nas redes como uma conjunção de fatores que o favoreceram. “Na época, muitos queriam conhecer mais sobre as pautas raciais e viam o meu perfil como uma página educacional. Quem entrava no meu perfil via ali muito conteúdo didático, fácil de entender, que respondiam perguntas que as pessoas tinham sobre questões raciais.” Alguns famosos, como o próprio Babu e Bruno Gagliasso, passaram a compartilhar publicações do campineiro. Ele também estudou as plataformas para melhorar o seu alcance e impacto. O influenciador entende que seu público é aquele que quer aprender. “É um recorte de público. Não tem como atingir todo mundo.”

Voando longe

Aos poucos, o perfil de Levi migrou de engenheiro para palestrante. Primeiro como voluntário em colégios públicos de Campinas, sempre no tema da negritude, mas com o crescimento das suas redes sociais também passou a se apresentar em empresas. Os convites, porém, passaram a vir de mais longe. Ele participou de uma reunião de influenciadores no Palácio do Planalto sobre comunicação e combate a fake news e ainda viajou para Nova York para participar do evento Pacto Global na sede da Organização das Nações Unidas. Lá, teve a oportunidade de assistir a conferências sobre a importância de um futuro sustentável. “Foi surreal, mal dá para acreditar, mas é isso que temos buscado, a ocupação desses espaços e está acontecendo.” Ele vê na educação o caminho. “Eu não sou o canalizador do conhecimento racial, estou transmitindo coisas que outras pessoas estão produzindo e estudando”, conclui.

Cantando e encantando

O cantor Tiago Penteado Nogueira, mais conhecido como TINN, de 22 anos, se sente bem à vontade compartilhando a vida nas redes, de forma natural. Foram elas, afinal, que permitiram que ingressasse na música e visse nela um futuro. De bastante personalidade, com madeixas pintadas de verde e vermelho (“meio verde, meio maduro”, explica), o campineiro também começou a alcançar seu público na pandemia.

Desde pequeno, estudou música e canto, mas em vez de seguir um caminho tradicional, teve uma ideia inusitada: fazer uma versão brasileira da canção “Save Your Tears”, do cantor The Weeknd, para o Tik Tok, em 2021. Não era uma simples tradução. “Eu transformava a música em quase minha, trabalhando a letra, as rimas. E continuei fazendo isso com outras canções conhecidas.” O Tik Tok, pondera o cantor que já havia feito gravações mais rebuscadas para o YouTube, permitiu o conteúdo mais casual. “Eu não tinha muitos recursos, mas na plataforma o vídeo mais simples agradou os usuários. É uma comunidade que engaja muito.”

No Tik Tok, ele alcança atualmente 1,6 milhão de usuários, além de 218 mil no Instagram e 324 mil no YouTube. Empolgado, ele continuou o conteúdo despojado adaptando músicas pop americanas e também brincando com canções populares, como “Acorda, Pedrinho”. “Eu faço vídeos-resposta. Nessa canção, eu imaginava ser o Pedrinho. E se ele não quisesse acordar porque tenho outros problemas, relacionados com o que eu vivia?”, explica TINN. O sucesso despertou o interesse de uma gravadora e o jovem artista viu a oportunidade de cantar não mais canções de outros, mas composições próprias.

“Minha primeira música, lançada em junho de 2022, foi muito acolhida e isso foi bem positivo para a minha carreira. Uma coisa é fazer sucesso com versões de canções já famosas, outra coisa é uma composição autoral, totalmente em português.”

Depois da boa recepção de “Meu Romance”, o primeiro single, outras faixas foram produzidas, todas no estilo pop e inspiradas no próprio TINN, nos dramas e desafios da sua adolescência e início da vida adulta. O primeiro álbum vem agora, em 10 março de 2024, em São Paulo, com singles já lançados e outras canções inéditas, totalizando 10. “

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