SUSTENTABILIDADE

Cuidar da mente e preservar a vida

Para cuidar da saúde mental, tem as oficinas terapêuticas. Para cuidar da saúde do planeta, o que tinha o lixo como destino vira arte, alimento e sustento

Cibele Vieira
21/09/2022 às 13:20.
Atualizado em 21/09/2022 às 13:20
Agrícola, Costura, Culinária, Papel Artesanal, Mosaico, Marcenaria, Vitral, Serralheria, Gráfica, e Ladrilho Hidráulico são algumas das oficinas oferecidas (Fotos: Kamá Ribeiro e Augusto Tilio)

Agrícola, Costura, Culinária, Papel Artesanal, Mosaico, Marcenaria, Vitral, Serralheria, Gráfica, e Ladrilho Hidráulico são algumas das oficinas oferecidas (Fotos: Kamá Ribeiro e Augusto Tilio)

O ciclo é interessante, um lugar onde nada se perde, tudo é bem aproveitado. As sobras da cozinha vão para a compostagem, que aduba a horta, que fornece os alimentos para a cozinha, para começar tudo outra vez. Essa é uma parte do trabalho integrado entre áreas terapêuticas e profissionalizantes em funcionamento no Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, no distrito de Sousas, que atende gratuitamente pessoas com transtornos mentais ou dependência química.

Reaproveitamento, criatividade, equilíbrio. Exemplo em muitas iniciativas, a instituição se destaca também na prática da sustentabilidade. “Gostaríamos até de fazer mais, fechar melhor esse ciclo sustentável, mas não é fácil. Vamos evoluindo, agregando práticas e construindo essa consciência ambiental”, comenta Cleusa Ogera Cayres, coordenadora do Núcleo de Oficinas de Trabalho. São 12 em funcionamento e nelas atuam 250 ‘oficineiros’, designação das pessoas em tratamento que participam das oficinas terapêuticas profissionalizantes. 

Por ser um trabalho social, além de cuidar do equilíbrio mental, eles aprendem técnicas profissionalizantes que garantem algum sustento e reinserção produtiva no mercado. As oficinas funcionam como um sistema cooperado, gerido pelos próprios frequentadores, que cuidam do rateio mensal da produção e da venda do que é produzido. Todos os produtos são comercializados no Armazém das Oficinas, que tem loja presencial e online. 

Práticas sustentáveis 

A entidade tem duas cozinhas: uma para os assistidos e outra para o público externo. Tudo que sobra de material orgânico vai para a oficina agrícola, que faz compostagem para adubar a horta orgânica e os produtos (verduras, frutas e legumes) produzidos voltam para abastecer a cozinha, além de serem vendidos externamente. Pisos e azulejos doados de sobras de reformas e construções, que seriam descartados, seguem para a oficina de mosaico e ali viram quadros, objetos de decoração, e revestem bancos, como os da praça da instituição. Até o rolinho de papelão do papel higiênico vira colar, flor, renda. 

Restos de madeiras e cipós são utilizados na marcenaria para a construção de novas peças artesanais, como tábuas para churrasco, bandeja giratória para mesas, porta-copos e até porta-celular acústico. Os papéis usados (doados ou da própria instituição), as bitucas de cigarro e até o caule das bananeiras após a poda vão para a oficina de papel reciclado, onde são transformados em peças artesanais (como blocos, agendas e capas de caderno), formando inclusive uma linha de brindes corporativos. Nem retalhos de tecido e jeans escapam do aproveitamento na oficina de costura, onde viram bonecas, fuxico e flores. 

O Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira é aberto ao público com restaurante, loja e horta. Saiba mais pelo telefone 3758- 8600 ou pelo site https://candido.org.br/.

ARTE QUE SALVA

Sustentabilidade é isso, usar com responsabilidade tudo que a natureza nos dá. “Estar aqui me ajuda bastante, inclusive na parte financeira, porque consigo pagar um lugar para morar, ter um espaço na sociedade, posso mostrar o fruto do nosso trabalho na marcenaria”, diz James Recale, artesão em madeira. https://armazemo ficinas.com.br/

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por