MOTOR

Conheça os apaixonados por motos

O aumento nas vendas dos veículos de duas rodas retrata não apenas a maior facilidade de compra, mas também uma preferência que é explicada pela sensação de liberdade que o carro não dá

Karina Fusco
22/08/2022 às 17:48.
Atualizado em 22/08/2022 às 17:58
Tingo já contabiliza cinco décadas de identificação com as motos: preferência pelos passeios de um dia e incentivo aos filhos (Kamá Ribeiro)

Tingo já contabiliza cinco décadas de identificação com as motos: preferência pelos passeios de um dia e incentivo aos filhos (Kamá Ribeiro)

Não há qualquer exagero ao dizer que brasileiro é apaixonado por motos. Da juventude à terceira idade, há quem não abra mão de ter um modelo de duas rodas na garagem, seja para o dia a dia ou para percorrer longas distâncias. Homens e mulheres, participantes de clubes de motociclismo ou não, são diversos os perfis daqueles que facilmente dão preferência às motos.

Os números não mentem. Em 2021, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), houve um aumento de 26,4%, na venda de motos no Brasil. Foi 1,16 milhão de unidades que passaram a circular nas ruas no País. Para 2022, a entidade prevê alta de 16,7% sobre o ano passado. Entre as justificativas para o crescimento das vendas estão a maior demanda por transporte individual, a expansão dos serviços de entrega, o preço elevado dos combustíveis e o valor mais acessível do que de um carro.

E mesmo quem não compra, aluga! Um levantamento da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA) mostrou que no ano passado foram adquiridas 19.393 motos por locadoras, a maior compra anual desse tipo de veículo da história do setor. Ao final de 2019, as locadoras tinham o total de 8.093 motocicletas na frota - número que deu um salto para 46.480 ao final de 2021.

Pessoas que procuram a experiência de pilotar motos de alta cilindrada, para lazer ou viagens também consideram a locação. Mas, quem pode ter uma na garagem, não abre mão.

CONTAGIANDO AS NOVAS GERAÇÕES 

O comerciante Mozart Nogueira Esteves Júnior, mais conhecido como Tingo, de 55 anos, é um desses apaixonados confessos. Sua história com o veículo motorizado de duas rodas começou na década de 1970, quando ele ganhou uma mobilete, aos 12 anos. Depois teve um modelo de 50 cilindradas, um de 125, um de 400 e hoje está com uma e alta potência. “Trocava anualmente de marca, de tamanho e de modelo. E agora que estou com cinquentão, achei melhor virar “harleyro”. Esta comprei há dois anos e ela está com 40 mil km rodados”, revela

Todo fim de semana, Tingo pega estrada. Sempre encontra motociclistas pelo caminho, bate-papo, mas prefere seguir sozinho, na sua velocidade, no seu tempo, curtindo a sensação de liberdade e apreciando as paisagens. Viagens rápidas predominam, como o bate e volta que fez até Santos. No entanto, está em seus planos viajar em grupo pela Serra da Serpente, saindo de Votorantim, a 91 km de Campinas, seguindo até Curitiba. “São 1.200 curvas, um caminho maravilhoso com muitas pousadas para motociclistas”, diz.

Na família do comerciante, gostar de moto não é uma exclusividade dele. Seus filhos foram presenteados com motos e já fizeram muitos passeios juntos, até trilhas. “Eles adoram e são responsáveis”, ressalta o pai. “Minha filha de 19 anos anda de Scooter, meu filho de 21 anos anda em uma de 350 cilindradas e eu sou old school”, diverte-se.

NEM ACIDENTES ABALAM A PAIXÃO 

Outro campineiro que ama ter moto é o jornalista e publicitário Roberto Mian, de 53 anos. Tudo começou com uma mobilete que ele ganhou da mãe na adolescência. “Foi uma paixão gigantesca. Desde então, fui trocando de modelo e marca, começando por uma de 50 cilindradas. Tinha uma turma que saia de moto a procura de festas todas as noites. Tempos áureos que não voltam mais”, diverte-se. 

Beto gosta tanto, que seu primeiro emprego, aos 18 anos, foi em uma loja de motos e nesse ramo trabalhou ao longo de 15 anos. Ele conta que em 2005 ganhou um prêmio por ter sido o segundo maior vendedor da marca no Brasil. “Por gostar e conhecer tudo, era mais fácil vender. Também conheço muita gente na cidade, então, ao pensarem em moto, as pessoas automaticamente já pensavam em mim”, afirma.

Ele viu o mercado crescer e as mulheres entrando nele, quebrando barreiras. Mesmo agora se dedicando ao marketing, ele acompanha tudo de perto e ressalta que os grandes fabricantes mundiais estão batendo recordes no Brasil. “Aqui se vende muitas unidades de 125 e 160 cilindradas, principalmente para quem trabalha com delivery, mas o mercado das grandes marcas também está em expansão”, diz. O clima favorável aos passeios pode explicar tudo isso.

Hoje, Beto tem duas motos: uma de 500 cilindradas para trabalhar e outra 750 para viajar. Carro ele só usa quando está chovendo. E admite que coleciona memórias como as viagens que fez para o Rio de Janeiro, inclusive a vez em que foi roubado na Cidade Maravilhosa e precisou voltar de ônibus. “Também já sofri alguns acidentes. Tenho pinos na perna e cicatrizes pelo corpo, mas nada disso me fez deixar de andar de moto”, afirma. Como diz a canção dos Paralamas do Sucesso: “a vida em duas rodas era tudo que ele sempre quis”.

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