As pimentas são elementos importantes na gastronomia, mas, como qualquer ingrediente, precisam ser usadas com técnica e equilíbrio (freepick)
Tudo na vida é passageiro, até as lideranças consideradas sólidas. E não é que a famosa e temida Carolina Reaper perdeu o trono de pimenta mais ardida do mundo? O título agora é ostentado pela Pepper X, que apresenta uma média de 2.693.000 unidades de calor Scoville (SHU, na sigla em inglês), padrão que mede o grau de ardência das “malvadas”. A sua antecessora apresentava 1.640.000 SHU. O detalhe curioso é que ambas foram criadas pelo mesmo homem, Ed Currie, fundador da Puckerbutt Pepper Company, empresa sediada nos Estados Unidos.
A título de comparação, uma “trivial” pimenta jalapeño tem entre 3.000 e 8.000 SHU. A pontuação da Pepper X foi calculada pela Winthrop University, na Carolina do Sul, que conduziu testes usando amostras dos últimos quatro anos. Currie apresentou a nova ardidona durante uma edição especial do programa no YouTube “Hot Ones”, conhecido por seu quadro em que o apresentador, Sean Evans, entrevista celebridades enquanto elas comem asas de frango com pimentas de diferentes níveis de ardência.
Cá entre nós, embora eu seja um grande apreciador de pimentas, considero essas “variedades extremas” mais voltadas ao marketing do que à gastronomia ou à mesa. Uma das exigências para a preparação de um bom prato é o cuidado com o equilíbrio de ingredientes e sabores. Ou seja, massa vai muito bem com queijo, mas se você colocar 300 gramas de parmesão na sua porção de espaguete, a experiência não vai ser das melhores.
No caso das pimentas, elas cumprem algumas funções importantes na alimentação. Ajudam a levantar o sabor de muitas preparações, têm propriedades termogênicas (aceleraram o metabolismo e aumentam a queima de calorias do organismo) e ainda oferecem substâncias importantes como vitaminas A, B6 e C, além de ferro, magnésio e potássio. Por tudo isso, considero as pimentas indispensáveis na maioria das refeições.
De minha parte, vou continuar utilizando a dedo-demoça, a cumari, a do reino, a malagueta e a de cheiro, que são mais “amigáveis”. Empregadas com propriedade, elas não entorpecem a boca, o que permite que percebamos todas as nuances da comida. Quanto à Pepper X, deixarei para a apreciação daqueles que detêm, digamos, paladares mais destemidos que o meu.
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