COMPORTAMENTO

Casamentos intimistas deixam de ser uma tendência passageira

Os mini weddings ganharam força durante o período da pandemia

Aline Guevara
10/05/2022 às 15:12.
Atualizado em 10/05/2022 às 15:12
Gabriel e Juliana, com a filha Mariá, celebraram o casamento com apenas 60 convidados (Divulgação)

Gabriel e Juliana, com a filha Mariá, celebraram o casamento com apenas 60 convidados (Divulgação)

Foi-se o tempo em que casamentos eram sinônimo de festas enormes, com tantos convidados que, às vezes, os noivos nem conheciam alguns deles. A tendência da vez são os mini weddings, também chamados de pequenos casamentos ou intimistas. A cerimonialista campineira Else Pedrosanto, com mais de 30 anos de experiência no ramo, explica que para receber essa classificação, a festa precisa ter, no máximo, 100 convidados. Já os micro weddings são ainda mais reduzidos: até 40 pessoas. 

O casamento intimista não é uma solução recente. Com a maior personalização das festas, muitos noivos aderiram ao formato para usar os seus recursos em uma festa que tenha mais a “cara” do casal, refletindo seu estilo e preferência. E para chegar a esta “festa dos sonhos” dentro do orçamento que caiba no bolso, a celebração reduzida é uma opção mais viável. “Muitos realmente aderem por causa do custo e hoje o mercado de eventos está com valores bem elevados. Antigamente, os pais dos noivos costumavam pagar também as despesas das festas, por isso elas eram gigantes. Mas as coisas mudaram, as pessoas se casam mais velhas e querem um evento para elas curtirem, não para os amigos dos pais”, explica.

Fator pandemia

Apesar dos altos custos do evento ser o fator determinante para a escolha por mini ou micro weddings, de acordo com a cerimonialista, a pandemia de Covid-19, que por muitos meses impossibilitou festas de casamentos, também impulsionou a tendência. Else lembra que trabalhou em dois casamentos que precisaram ser mudados  e reduzidos: em ambos, os casais decidiram transformar as festas em eventos menores, para poucos convidados, de forma a conseguirem realizá-las no período. 

Poucos novos casamentos

Else comenta que o momento é de mudanças e incertezas. “Nós que trabalhamos com eventos estamos fazendo muitos casamentos ‘antigos’, que foram fechados há bastante tempo - até antes da pandemia - e são poucos novos contratos. Apenas cerca de 20% são novos”. A cerimonialista vê que a festa em si acaba sendo menos prioritária na vida dos casais, que privilegiam suas casas e outros objetivos, antes de focarem na celebração da união. “Eu, particularmente, acho que a tendência é que casamentos até 100 pessoas comecem a ser o mais comum daqui para frente. Quando os noivos tiverem muitos amigos, chegará a 150”, crava ela, ao analisar o perfil dos novos noivos. 

Festa ou viagem? Os dois!

O sonho da advogada Giovanna Santinon, de 24 anos, e do noivo, o analista de sistemas Wesley Manzatto, de 33 anos, era o chamado destination wedding - ou seja, casar em um lugar fora de onde se vive. Mais especificamente, queriam realizar a cerimônia no exterior, aproveitando também a viagem. “Nós queríamos fazer algo por nós, que durasse mais tempo, mas eu também tinha vontade de entrar de noiva e celebrar com as pessoas mais próximas”, conta ela. A solução não foi escolher um, mas decidir pelos dois: eles farão o casamento em junho para apenas 40 pessoas e depois seguem para o Chile, onde realizarão uma cerimônia íntima, só os dois e a equipe do evento, no deserto do Atacama. “Fazendo um casamento menor, a ideia foi converter parte dos recursos para o sonho da viagem”, explica Giovanna. Para o casal, faz sentido celebrar o casamento no Brasil com aqueles que realmente fazem parte do dia a dia e que acompanham a vida dos dois juntos de perto. Mas, apesar de ter bem definido o objetivo da festa, a advogada revela que a parte mais difícil é mesmo definir a lista de convidados. “A minha família é bem grande, então foi muito duro. Mas no dia estarão somente os pais, irmãos, avós e amigos bem próximos”. Justamente pela escolha da festa íntima, Giovanna e Wesley puderam eleger um restaurante que gostam, tanto da comida quanto do ambiente, e que realiza cerimônias pequenas, para sediar o evento. “Assim, a gente consegue receber bem essas pessoas que são importantes. Elas vão comer e beber coisas gostosas e aproveitar o dia”, compartilha a noiva.

Festa reduzida e amor multiplicado

A jornalista Juliana Gallinari, de 27 anos, e o supervisor de comércio exterior Gabriel Ribeiro, de 30 anos, tomaram a decisão de casar em dezembro de 2019 e a data, inicialmente, era setembro de 2020. Então veio a pandemia e com ela os adiamentos da festa, até que a data de 12 de dezembro de 2021 foi firmada e definida. A cerimônia, que já seria pequena para 80 pessoas, foi reduzida para 60. “O mini wedding foi para diminuir os custos também, mas nós não queríamos um casamento para ficar cumprindo protocolo por horas, ter que dar atenção para um monte de gente e na hora que desse para começar a curtir a festa ela iria acabar”, compartilha Gabriel. As ideias foram cumpridas à risca: o casal até abriu mão de ter padrinhos e somente os pais e a pequena Mariá, filha do casal, na época com menos de quatro meses, entraram pelo corredor do espaço da cerimônia. Juliana e Gabriel já haviam se casado no civil em janeiro de 2020 e estavam aguardando a festa quando foram morar juntos, já durante a pandemia. Da união surgiu a gravidez e a bebê trouxe uma outra camada para os preparativos da cerimônia - e também para as inseguranças do casal. “Mesmo vacinada eu não me sentia segura em ficar em um lugar com muita gente. Minha filha não estava imunizsada. Cogitamos cancelar, mas, no fim, decidimos reduzir ainda mais a lista, o local já era aberto, e assim tentamos criar um ambiente mais seguro para que pudéssemos aproveitar sem problemas e sem tantos receios”, descreve a jornalista. Gabriel complementa: “Ficamos presos em casa por muito tempo, o nosso psicológico estava bem afetado e estávamos com medo do nosso próprio casamento. Mas deu tudo certo e conseguimos aproveitar como sonhávamos”, celebra o supervisor. Juliana explica que só estavam presentes pessoas por quem ela e o marido têm muito carinho, mas também aqueles que se fizeram presentes na vida do casal e durante o período da pandemia. “Então, eles foram pensados especialmente para aquele momento. Foi muito gostoso, depois de tudo que passamos, dividir o nosso casamento com esses convidados”, finaliza. 

Vantagens do casamento intimista 

- Redução de custos 

- Prioridade com outros gastos (bufê gourmet, banda, viagem) 

- Uso mais aconchegante do espaço da festa (com passagens, decorações, lounges) 

- Personalização do evento - Mais tempo com seus convidados

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