Por onde anda você?

Bate-papo com Thais Cremasco

A advogada defende as causas do combate ao racismo e à violência contra a mulher

Karina Fusco
22/05/2023 às 10:58.
Atualizado em 22/05/2023 às 10:58
Em casa, a advogada está sempre envolvida com estudos e leitura de livros sobre os temas em que atua (Kamá Ribeiro)

Em casa, a advogada está sempre envolvida com estudos e leitura de livros sobre os temas em que atua (Kamá Ribeiro)

Campinas é o lugar da advogada Thais Cremasco. Ela que nasceu aqui, estudou na Escola Comunitária de Campinas e depois fez Direito na Facamp, tem uma carreira consolidada atuando, sobretudo, em causas trabalhistas e no combate à violência contra a mulher e ao racismo.

Thais se casou aos 22 anos, teve os filhos Antônio e Tayla bem nova e foi morar no norte da África e, depois, também na Europa e nos Emirados Árabes. A campineira, que ficou 10 anos fora do Brasil, quando voltou se dedicou à carreira profissional atuando nas áreas de direito do trabalho e das mulheres vítimas de violência. “Eu me defino hoje como uma mulher progressista, antirracista e feminista”, afirma.

Foi na infância que fez o primeiro trabalho social: de levar água potável para regiões atingidas pela seca no Nordeste. E não parou mais. Ela conta que foi se enveredando para a questão racial quando se casou com um homem preto, então começou a entender o quanto o racismo é uma realidade no Brasil. “Quando você é uma pessoa branca que tem privilégios, quase não percebe o quanto o Brasil é um país racista”, diz. A escolha da luta racial se intensificou com a chegada dos filhos, hoje adolescentes. Logo também abraçou a causa das mulheres. Em 2015 montou junto com outras profissionais o coletivo Mulheres pela Justiça, que hoje é composto por 111 mulheres, ao identificar que muitas eram vítimas de violência sexual, psicológica e financeira. Orgulha-se por ser a primeira advogada que fez um boletim de ocorrência sobre racismo na cidade e a primeira mãe que conseguiu a expulsão de oito alunos racistas de uma escola particular. “Não fiz sozinha. Foi um trabalho com a equipe do escritório”, frisa. E reforça que o primeiro processo que obriga um assediador de mulher a pagar indenização para a vítima é uma conquista do coletivo Mulheres pela Justiça.

Thais é firme ao dizer que seu sonho é ver um país com mais igualdade e menos violência contra a mulher. “Quero acreditar que seremos uma sociedade que não mata uma mulher a cada seis horas. Meus sonhos pessoais eu já conquistei (agora são cuidar da saúde e da alimentação). Meus sonhos hoje são coletivos”, completa.

Desde a infância Thais Cremasco atua em projetos sociais e sempre está nas periferias de Campinas (Arquivo pessoal)

Desde a infância Thais Cremasco atua em projetos sociais e sempre está nas periferias de Campinas (Arquivo pessoal)

Quando não está nesta batalha pelas mulheres ou no combate ao racismo, a advogada conta que o que mais gosta de fazer é estar nas periferias entregando absorventes. “Gosto de buscar os bairros que precisam e levar o item para as mulheres. O trabalho social é algo que realmente me traz muito prazer”, explica. Mas ela também adora sair para almoçar com as amigas e com a família. “A população brasileira é composta por 56% de pessoas pretas. Os lugares que eu frequento não têm pessoas pretas e quando olho para os meus filhos, penso na importância de ocupar esses espaços para que a gente seja uma cidade mais plural. Eu amo Campinas, quando eu morei fora eu queria voltar para cá porque aqui é o meu lugar, mas sinto falta dessa representação dos pretos. Através da pluralidade a gente cresce”, afirma. Ao receber a Metrópole em sua casa, ela contou um pouco por onde gosta de andar. Confira:

Um local para almoçar ou jantar: sou uma vegetariana que frequenta o NB Steak House. Também gosto muito do Maria Antonieta e do D´autore.

Um prato que sempre está na sua mesa: o risoto vegano do Maria Antonieta.

Um endereço para tomar café: na verdade eu amo chá, sobretudo o verde, que eu pego sempre no Starbucks.

Um bairro que gosta de frequentar: o Cambuí, que é perto do escritório e tem os restaurantes que eu mais gosto.

As melhores companhias para os almoços e chás: minhas grandes amigas de luta pelas mulheres, como a Michele Mendes e a Priscilla Bittar, filha do ex-prefeito Jacó Bittar. E também as advogadas Neuza Pires de Godoy e Iara Moura, que são amigas queridas que sempre estão comigo nos almoços.

Um local diferente para uma reunião de trabalho: fora do escritório é o Maria Antonieta.

Locais onde encontra os produtos saudáveis que você consome: no Quinoa Natural, no Cambuí, e o Oba do Galleria Shopping, um local que eu frequento bastante.

Endereços para momentos de lazer voltados à cultura: a Livraria Leitura, no Galleria, e também a Livraria da Vila, no Iguatemi, que sempre faz doações para o nosso coletivo de mulheres.

Lojas onde faz compras: 90% das minhas roupas são da Nati Vozza, e também gosto bastante da Four V, no Cambuí. Eu gosto de peças de qualidade, que vão durar, para que a gente não tenha um consumo desenfreado, que é prejudicial ao meio ambiente.

Locais ideais para malhar: em casa com o meu personal André Gomes, que é maravilhoso, ou na Smart Fit, pois é possível frequentá-la em diferentes endereços. Também faço boxe com o Robinho e adoro caminhar em volta da Lagoa do Taquaral.

Destinos convidativos para viajar: adoro as ilhas do Caribe e Londres, onde minha amiga Natalia Bojanic mora e trabalha. Com ela sempre faço uma viagem por ano. No Brasil, gosto muito do Nordeste, sobretudo Aquiraz, no Ceará. Sempre fico uns dias por lá. Ou então o Rio de Janeiro. Quem me ajuda muito com os roteiros é a Juliana, da MoMa Turismo.

Algo que gosta de fazer em casa: amo ler, inclusive tenho uma biblioteca gigantesca. “Mulheres, raça e classe”, da Angela Davis é a obra mais marcante da minha vida, e dos autores nacionais gosto de “Racismo Estrutural”, do Silvio Almeida. Tomar sol também me faz bem, me desestressa.

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