TECNOLOGIA

Artistas de Campinas estão desbravando o mercado NFT

Campineiros já chegaram a expor suas obras em Nova York

Aline Guevara
06/09/2022 às 11:11.
Atualizado em 06/09/2022 às 11:11
Os campineiros Rogério Pedro e Luciane Moreira, artistas já consolidados, começaram a produzir peças para o mercado NFT (Divulgação)

Os campineiros Rogério Pedro e Luciane Moreira, artistas já consolidados, começaram a produzir peças para o mercado NFT (Divulgação)

Quando Rogério Pedro e Luciane Moreira, artistas visuais de Campinas, ouviram falar inicialmente de arte em NFT, o casal torceu o nariz. “Nós não entendíamos, tínhamos um certo receio e até um preconceito”, lembra ele, pontuando que até três anos atrás não se falava neste assunto. Mas veio a curiosidade e ambos começaram a estudar a fundo essa nova maneira de produzir arte. “Ainda é muito novo no Brasil, mas fora do país a arte NFT já tem bastante força. Aqui, nós mal começamos”, reforça o artista.

Como é a arte em NFT

A NFT, sigla de non-fungible tokens, ou tokens não-fungíveis, em português, funciona como um selo de autenticidade digital. Ele pode validar a propriedade de qualquer arquivo digital, por exemplo, um documento, um vídeo e até mesmo uma obra de arte. No caminho da arte em NFTs, Rogério e Luciane conheceram um projeto encabeçado por artistas brasileiros que está desenvolvendo ferramentas para uso no metaverso e foram convidados a participar. Na iniciativa, os dois são os responsáveis pelo desenvolvimento da arte dos avatares que poderão ser utilizados dentro do ambiente virtual. 

A temática por trás das obras é bem adequada ao objetivo final. Os avatares são chamados de ferrymen, ou os barqueiros. “O conceito desses personagens criado por um parceiro é de ajudar as pessoas a entrarem no metaverso, eles fazem a travessia de mundos. O estilo que trabalhamos neles é o futurismo, o imaginário, o sci-fi e cyberpunk, relacionando ao tema do projeto”. Presentes na NFT.NYC 2022 em junho, o maior evento do setor que acontece em Nova York, os artistas criaram uma coleção de seis quadros físicos, em uma galeria exclusiva em Manhattan, apresentando algumas das artes dos ferrymen. Seguindo a linha tecnológica do projeto, além das telas, a mostra contou também com uma imersão virtual artística pelas obras através de uma projeção em 360º.

Arte Generativa

De acordo com Rogério, a arte em NFT pode ser comercializada “one of one”, uma de um, aquela peça que tem uma única unidade, mas também existem as “editions”, edições, quando o artista disponibiliza um determinado número de cópias da mesma arte, e ainda há a arte generativa. Esta permite a criação de milhares de peças com um design único - mas para isso ser possível, depende da união da expressão do artista, da computação gráfica e de uma programação. “O computador, a partir de um algoritmo, vai pegar pedaços da arte que eu produzi, para gerar outra, única. Como eu estou trabalhando com a produção de avatares digitais, eu crio traços, como expressões, roupas, cabelos e barbas, tudo à mão, em um número suficiente para que depois possam ser gerados 10 mil modelos diferentes”, explica. 

A arte generativa permite a criação de peças que não só carregam a identidade do artista, mas também podem ser acrescidas de informações trazidas pelo computador. Por exemplo, uma ilustração poderia ser personalizada com dados do seu comprador. As possibilidades são enormes e ainda estão só começando a ser exploradas dentro deste mercado.

Arte tradicional x NFT

Para além do projeto, Rogério e Luciane continuam se desenvolvendo como artistas de NFT. “Estamos dentro deste universo há um ano e todos os dias aprendemos coisas novas. O mercado muda toda hora”, explica ele. Se antes a ferramenta de trabalho e divulgação era o Instagram, dentro da arte em NFT é o Twitter. Hoje, o casal tive que aprender a usar criptomoedas e ferramentas de marketplace próprias para as transações comerciais, além de estudar novas maneiras de divulgar suas obras. “Os públicos da arte tradicional e da arte em NFT têm características diferentes. Ainda vendemos ilustrações físicas e muitos destes clientes que as adquirem estão conhecendo as NFTs. Aqueles que focam nas NFTs vêm, primordialmente, de outros países”, diz Rogério. O casal continua atuando nos dois mundos artísticos, mas de acordo com Rogério, a arte em NFT é um futuro e um caminho sem volta.   

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