EDUCAÇÃO

A difícil etapa de escolher uma profissão

Antes das inscrições para o vestibular, os jovens precisam tomar decisões que não são simples, mas os pais podem ajudar na medida certa, sem interferir

Karina Fusco
02/10/2023 às 12:21.
Atualizado em 02/10/2023 às 14:57
Conversas com os pais são bem-vindas, mas a decisão sobre o curso de graduação e o futuro profissional deve ser dos jovens, a partir do autoconhecimento

Conversas com os pais são bem-vindas, mas a decisão sobre o curso de graduação e o futuro profissional deve ser dos jovens, a partir do autoconhecimento

Como é gratificante ver os filhos crescendo e amadurecendo. Da época que os pais precisavam ficar ao lado dos pequenos para ajudar na lição de casa ficam apenas as boas recordações. Quando adolescentes, eles geralmente se viram sozinhos nos estudos, pedindo explicação vez ou outra quando surge uma dúvida não sanada na escola ou que apareceu no momento dos estudos em casa, afinal dar autonomia ao estudante é mesmo um dos propósitos da educação. Mas quando eles estão na reta final do Ensino Médio, é comum a ansiedade bater (em pais e filhos) em relação à escolha do curso de graduação e da profissão.

A psicóloga Cristina Corsini explica que a orientação profissional é pautada em três grandes pilares: autoconhecimento, que é o mais importante; levantamento das profissões e das áreas; e o conhecimento do mundo do trabalho, levando em consideração que uma profissão que está em alta hoje pode não estar daqui quatro ou cinco anos. 

Ela, que também é neuropsicóloga e especializada em orientação vocacional, comenta que “os adolescentes, na hora de fazer essa escolha, vão muito iludidos com a questão do retorno financeiro. Eles não têm a ideia de que uma coisa é escolher uma profissão e outra é construir a carreira. O retorno financeiro deve ser uma consequência e não o objetivo”.

E acrescenta: “É importante considerar interesses e habilidades, mas é preciso atrelar a escolha da profissão com o projeto de vida porque a sua profissão vai interferir diretamente na sua vida, é sua identidade profissional. O lugar onde você vai morar, as pessoas com quem vai se relacionar e o estilo de vida que vai levar... tudo isso é impactado pela profissão. Então, fazer o que gosta é conseguir colocar sua profissão dentro do seu projeto de vida”. 

Pensar e desenhar o futuro Quais são minhas metas daqui a seis meses? Um ano? Cinco e dez anos? São perguntas que os jovens devem se fazer, segundo Cristina. “É um mergulho para dentro de si para saber o que gosta, seus interesses, suas habilidades”, explica.

Nessa fase que antecede o vestibular, é comum que os adolescentes se sintam perdidos e ansiosos. E os pais e outros familiares ficarem perguntando a eles frequentemente se já fizeram a escolha, em nada ajuda. Pelo contrário, essa atitude acaba desencadeando angústia e mais ansiedade. Por isso, a psicóloga recomenda que o processo de orientação vocacional comece no meio do Ensino Médio, ou seja, no segundo semestre do segundo ano.  

Outro equívoco dos mais velhos é querer influenciar os filhos a seguir seus passos profissionais por uma questão de tradição da família (de advogados, médicos ou engenheiros, por exemplo). “É muito importante a parceria dos pais nesConversas com os pais são bem-vindas, mas a decisão sobre o curso de graduação e o futuro profisisonal deve ser dos jovens, a partir do autoconhecimento Diálogo, mas sem imposição Metrópole Campinas, 1º/10/23 17 se momento, abrir diálogo com os jovens, pois é difícil escolher uma profissão em uma fase em que o adolescente nem sabe direito quem ele é”, enfatiza. No entanto, ela aconselha a conversar, ouvir, compreender e orientar, pois há questões que também precisam ser levadas em conta, como a financeira, pois morar em outra cidade, por exemplo, traz custos e eles precisam caber no orçamento da família “Mas os pais devem se policiar para não realizar no filho o que eles queriam para si mesmos”, completa.

Radar no mercado de trabalho

Além de ficar de olho nas datas de inscrição no vestibular, os estudantes também gostam de acompanhar aquelas famosas listas divulgadas anualmente sobre as profissões em alta ou do futuro. Uma delas é a do Fórum Econômico Mundial, que divulga anualmente seu relatório The Future of Jobs (O Futuro dos Empregos, em tradução para o português), que certamente dá diretrizes para quem está no caminho de definir não só o curso, mas também as instituições onde gostaria de estudar, sejam elas públicas ou privadas, perto ou longe de casa.

O estudo divulgado em 1º de maio deste ano, por exemplo, aponta o dedo para a digitalização. “Espera-se que a inteligência artificial seja adotada por quase 75% das empresas pesquisadas e que leve a uma alta rotatividade, sendo que 50% das organizações esperam que ela gere crescimento de empregos e 25% esperam que ela gere perda de empregos”, conta o respeitado relatório.

Os dados indicam que 83 milhões de postos de trabalho devem ser eliminados no mundo em cinco anos, outros 69 milhões devem ser criados. No entanto, não é de hoje que se sabe que a tecnologia é protagonista nessa mudança. O futuro vai se desenhando e a força de trabalho do amanhã certamente precisará desses jovens de hoje felizes com as escolhas feitas. Se isso não ocorrer, tudo bem! Mudar de carreira já é possível, em nome de um propósito de vida.

Profissões emergentes

As 10 profissões do futuro, segundo o levantemento do Fórum Econômico Mundial:

✓ Especialistas em Inteligência Artificial (AI) e Machine Learning

✓ Especialistas em sustentabilidade

✓ Analistas de business intelligence (BI)

✓ Analistas de segurança da informação

✓ Engenheiro de fintech

✓ Analistas e cientistas de dados

✓ Engenheiros robóticos

✓ Especialistas em Big Data

✓ Operadores de equipamentos agrícolas

✓ Especialistas em transformação digital

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