Coluna publicada na edição de 12/3/19 do Correio Popular
Na tarde de 25 de agosto de 2018, data do Dérbi 192, o técnico João Brigatti mandou a Ponte Preta a campo com Ivan; Igor Vinícius, Renan Fonseca, Reginaldo e Nícolas; Nathan, Lucas Mineiro e Danilo Barcelos; André Luís, Júnior Santos e Hyuri. Já Umberto Louzer escalou o Guarani com Agenor; Kevin, Philipe Maia, Fabrício e Pará; Willian Oliveira e Ricardinho; Matheus Oliveira, Rafael Longuine e Jefferson Nem; Bruno Mendes. Essa partida ocorreu há apenas 199 dias. Notem que, além dos dois treinadores, vários jogadores não estão mais no Majestoso e no Brinco de Ouro. E essa altíssima rotatividade é um dos problemas que os dois clubes precisam combater se quiserem, no futuro, atingir uma competitividade maior. Nem falo do tempo em que os ídolos permaneciam em Campinas por anos e anos, o que acirrava a rivalidade e valorizava o clássico. Hoje até mesmo alguns grandes não conseguem manter suas melhores peças por muito tempo. Não faz o menor sentido exigir, por exemplo, que a Ponte dispute o Paulistão 2019 com destaques do seu vice-campeonato de 2017, como Reynaldo (São Paulo), Lucca (Al-Rayyan) e William Pottker (Inter). Seria muito bom, mas no momento é impossível. Mas isso não significa que ambos não devam trabalhar para ao menos amenizar esse problema. Trocar técnico e elenco a cada seis meses impede que os times adquiram força de conjunto. Outro fator importante é ter jogadores que possuam identidade com o clube. Isso faz muita diferença, principalmente em jogos como o Dérbi. Um atleta que respeita e admira a camisa que veste não apenas se doa mais em campo, como também transmite aos companheiros a importância de um confronto como o de sábado, no Moisés Lucarelli. Para sair desse ciclo curto de intensa troca de jogadores é necessário mudar o estilo de gestão. Em algumas situações, é muito bom receber um atleta com a qualidade de Diego Cardoso. Vice-artilheiro do Paulistão, ele fez metade dos gols do Guarani. Sem espaço na Vila Belmiro, veio sem custos para o Brinco e tem parte do salário pago pelo Peixe. É um negócio excelente, mas o risco de que o Santos o negocie com outro clube após o Paulistão é enorme. Se isso ocorrer, o Bugre iniciará a Série B sem seu artilheiro e terá que ir ao mercado para achar alguém capaz de marcar 50% de seus gols. Nesse momento, o que foi excelente durante um campeonato de três meses se transforma em um grande problema para uma competição que dura oito.