NA MANIFESTAÇÃO

Mesmo grupo repete atos de vandalismo em Campinas

Polícia Militar vê radicais em ação novamente nesta sexta-feira; imagens tentarão identificá-los

Luciana Félix
luciana.felix@rac.com.br
22/06/2013 às 05:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 11:14

Manifestantes voltaram a confrontar a Polícia Militar (PM) e a Guarda Municipal (GM) em frente à Prefeitura de Campinas nesta sexta-feira (21). A polícia suspeita que os vândalos são os mesmos que provocaram destruição e saques em estabelecimentos comerciais e agência bancárias na noite da última quinta-feira (20), primeiro dia de protesto na cidade. A afirmação é do coronel-comandante da PM, Carlos de Carvalho Júnior, que acompanhava a ação nesta sexta.

Durante toda a passeata e concentração em frente à Prefeitura, alguns jovens — minoria entre os manifestantes — permaneciam com o rosto coberto com máscaras e camisetas enroladas na cabeça. A suspeita da PM se refere ao fato de que esses indivíduos mantiveram o mesmo comportamento agressivo do primeiro dia de manifestação. O tumulto começou por volta das 20h, em frente ao Paço, e até o final da manifestação houve momentos de tensão. Assim que o primeiro clima de tensão aconteceu, o batalhão de choque da PM foi acionado. Os vândalos fecharam as avenidas Benjamin Constant e Anchieta.

Apesar do confronto ter sido menor do que o de quinta, o número de pessoas presas foi maior, ao todo 14, entre eles seis menores de idade. Eles foram levados ao 1º Distrito Policial (1ºDP). A polícia também apreendeu armas brancas entre elas duas facas e bombas caseiras. Uma viatura da PM teve o vidro quebrado. E duas pessoas ficaram feridas. De acordo com o major Euclides Vieria, os vândalos estavam mais a favor de entrar em conflito com a PM do que no dia anterior. Até o fechamento desta edição não houve registro de lojas saqueadas.

Como foi

Os manifestantes, em menor número do que na quinta-feira — segundo a PM eram 3 mil —, conseguiram desta vez organizar com mais liderança o movimento. O grupo, denominado Coletivo Juntos, realizou uma passeata de mais de três horas entre as avenidas Francisco Glicério, Aquidabã e Norte-Sul. Fizeram cordão à frente da passeata para evitar dispersão e mantiveram diálogo constante com os policiais que acompanhavam o ato. Em diversas vezes, sentaram na rua para acalmar os mais exaltados.

Durante a passeata, um bando encapuzado chegou a confrontar com a polícia por alguns minutos, atirando pedras. Eles também atacaram um carrinho de lanche e um automóvel na Avenida José de Sousa Campos (Norte-Sul), mas a polícia dispersou rapidamente os manifestantes montados em motocicletas. Os vândalos também chegaram a partir para cima de um carro da TV Record, mas não houve agressão. No final, por volta das 21h, apesar do confronto que acontecia na Prefeitura, o grupo de se juntou aos demais manifestantes que pediam paz e tentavam evitar vandalismo.

Confronto

No início da noite na Prefeitura, aos poucos, a minoria mal intencionada foi se infiltrando no meio dos manifestantes até tomar o lugar daqueles que tentaram formar uma barreira na escadaria do Paço para evitar confrontos. Durante mais de uma hora, o clima variava entre tenso e pacífico. O grupo de baderneiros tomou um ponto de ônibus na Avenida Anchieta e provocava os outros manifestantes, os chamando para a briga. Eles foram totalmente ignorados. Até que, por volta das 20h, o bando ocupou o lugar dos manifestantes e armou a confusão.

Os vândalos lançaram uma bomba entre os manifestantes que ocupavam a Avenida Anchieta e a partir daí o confronto aumentou. Bombas e pedras foram atiradas contra a Polícia Militar e guardas municipais que revidavam disparando bombas de gás lacrimogêneo. O corre-corre mais uma vez tomou conta do local, cada um se protegia como podia e por alguns momentos os manifestantes dispersaram.

Mas os mais de 1.500 que estavam ali realmente com objetivos claros e ideologias decidiram voltar. Mesmo em meio à fumaça que agredia os olhos e a garganta, eles sentaram na escadaria da Prefeitura em um gesto de paz. Enquanto isso, parte do grupo mais exaltado correu para a Avenida Francisco Glicério e outra parte fez barricadas de fogo para interromper o tráfego entre as avenidas Benjamim Constant e Anchieta. Até que o grupo que voltava da passeata pela cidade chegou ao local e apagou os focos de incêndio, sendo aplaudido pelo grupo que estava sentado.

A todo momento o grupo que sentava em frente as escadarias da Prefeitura gritava "sem violência, sem vandalismo" . Mesmo assim, alguns vândalos voltam na avenida e chutavam a porta de comércios do local. Os manifestantes tentaram resistir, porém por volta das 23h a PM tentou liberar a avenida para os veículos, os manifestantes tentaram impedir e jogaram uma bomba na direção dos veículos. O Choque voltou a entrar em ação e dispersou os manifestantes com bombas de efeito moral.

Em paz

Antes do confronto, a manifestação, que reunia cerca de 1,5 mil pessoas diante do Paço Municipal, foi pacífica. Juntos, eles cantavam e gritavam por paz e pelo fim da corrupção. Ao longo de todo o ato, sempre que o clima ficava tenso, esse grupo sentava na escadaria em gesto de paz e gritava “Sem, violência”.

A engenheira química Maria Eunice Rocha, de 34 anos, carregava um cartaz com o dizer “Pelo fim da corrupção, diga não ao foro privilegiado. Brasil: um País onde não somos iguais aos olhos da Justiça" . A engenheira estava ali para protestar contra a corrupção. "O Brasil tem que ser mais justo, tem que acabar com o foro privilegiado. Os políticos têm que responder como cidadãos comuns”, disse.

O analista de sistemas Philipe Sung Won, de 25 anos, foi à manifestação pelo segundo dia consecutivo para apoiar o grupo que é contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que retira o poder de investigação do Ministério Público. "Faz 5 anos que estou em Campinas e nunca tinha visto um protesto assim na cidade. Estou achando as manifestações fantásticas. Por isso, vim para apoiar o grupo que é contra a PEC-37 e a Copa do Mundo no Brasil."

Apesar do medo por causa dos confrontos de anteontem, a técnica em enfermagem Amanda Caliari, de 24, decidiu participar da manifestação para lutar pelos seus direitos e apoiar os outros. "Vim porque estou disposta a lutar por um Brasil melhor. Infelizmente, o vandalismo acontece porque se a manifestação é pacífica, acaba não chamando tanta atenção. O povo pede mudança. Essa é a hora de reivindicarmos por melhorias em todas as áreas, desde educação até saúde."

Para o músico Eduardo Santana, de 27 anos, as redes sociais têm ganhado força e permitem atitudes como essa. "Notamos que não há uma liderança, mas que está organizado. Cada um que está aqui tem seus próprios objetivos ou abraço a causa do outro. O importante é que o Brasil finalmente despertou e está em busca de um futuro melhor.”

Ajuda

Nesta sexta-feira (21), o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, pediu ao governador o reforço da PM na cidade. Já a Polícia Civil vai usar imagens da CimCamp, que conta com 50 câmeras espalhadas pela região central, para tentar identificar os vândalos.

Quem tiver fotos e vídeos que ajudem na identificação dos baderneiros que mancharam o movimento, podem mandar o material para corregedoria.gmc@campinas.sp.gov.br.

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