comer fora

Mesa farta e variada

Campinas sempre teve vocação gastronômica, desde quando os endereços mais visitados ficavam no Centro

Ana Maria Gomes Fantini
01/04/2019 às 16:19.
Atualizado em 04/04/2022 às 10:16

Comer fora é, e sempre foi, um luxo! Não vai longe o tempo em que as mesas domésticas eram o palco das boas celebrações familiares, nos prolongados almoços de domingo. Mas deixar a casa, e sair para comer, torna qualquer dia muito especial. Sentar à mesa, escolher o que lhe aprouver em bons cardápios, ser servido. Com conforto, sem o menor trabalho, desfrutando, simplesmente, das boas companhias, enquanto a comida não chega.“Em casa os almoços são mais demorados, mas no restaurante são mais intensos”, costuma descrever uma frequentadora confessa. Afinal, poder conversar e olhar para quem está do lado, trocar ideias ou jogar conversa fora, não se compara a estar atento ao cozimento da carne ou ao ponto do risoto, antes de se sentar à mesa. Enquanto as preferências aumentam, as ofertas se avolumam. E além dos restaurantes, temáticos ou variados, gourmets ou funcionais, intimistas ou familiares, pizzarias para todos os gostos, há os bares, botecos, cervejarias, doçarias diversas, padocas...uma variedade gastronômica que cresce a cada dia, impensável num passado pouco distante. E que, completa, propõe uma verdadeira viagem por nações de diferentes partes do planeta, se considerado que pouca coisa representa mais a cultura de um povo de que sua culinária. Os hábitos alimentares refletem, além dos gostos, a capacidade de produção, costumes e crenças. Para todos os apetites e bolsos A culinária pode ser contemporânea, quando a proposta é juntar um pouco do melhor e mais apreciado nas diferentes cozinhas. Mas pode ser mediterrânea, pelas referências dos países envolvidos nessa área geográfica (Itália, Espanha, Turquia, Grécia). Ou simplesmente italiana, espanhola, árabe, francesa...E alemã, trazendo também um pouco do sabor escandinavo. Então, não há limites para a criatividade de chefs cada vez mais qualificados e experientes, capazes de surpreender a cada garfada. As carnes da Argentina e os sabores do México, são sucessos da América, para além do hambúrguer e do hot dog. A culinária peruana, com suas nuances da chinesa, trouxe o amado ceviche e outras delícias muito atuais. E quando o assunto é culinária oriental? Muita gente não resiste à leveza dos sushis, temakis e afins, o que explica o aumento da oferta dessas casas. Outras, tão exóticas quanto, como a tailandesa, são fontes de inspiração constantes, pela riqueza de aromas e sabores. Mas, nesses tempos de apreço às dietas, há sim espaço para quem prefere comer de maneira saudável, nas muitas opções vegetarianas, veganas - embora quase todos os cardápio, invariavelmente, tenham lá algumas ofertas para atender essa demanda. Há, enfim, espaço para todos os gostos, e, evidentemente, para todos os bolsos. "Nos diferentes estilos e perfis, para atender o apetite da população da RMC, são 6 mil as empresas do setor, que geram 46 mil empregos diretos e movimentam um total de R$ 100 milhões todos os meses" Enquanto o apetite aumenta e o universo se expande, os números assumem proporções nunca vistas.A partir da década de 80é que o cenário começou a mudar. Daí em diante Campinas se consolida como uma metrópole com elevado índice de exigência, comparável a poucas cidades do país. E com vocação gastronômica de fazer inveja a muitas capitais. Nos diferentes estilos e perfis, para atender o apetite da população da Região Metropolitana de Campinas(RMC), são 6 mil as empresas do setor, que geram 46 mil empregos diretos e movimentam um total de R$ 100 milhões todos os meses, de acordo com os dados divulgados recentemente pelo presidente da Abravel RMC (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Matheus Mazon. E não é para menos. Cidades como Indaiatuba, Americana, Nova Odessa, Jaguariuna, Valinhos e Vinhedo, além dos distritos de Sousas, Joaquim Egídio e Barão Geraldo, vêm sendo pródigas em ofertas atraentes, e arrastam cada vez mais apreciadores a cardápios inovadores, elaborados por chefs criativos. No sentido inverso, Campinas atrai cada vez mais a população regional para suas mesas. Um guia gastronômico local informa que a cada ano mais frequentadores,até de cidades como Mogi Mirim, Piracicaba, Jundiaí, Itatiba, além das que integram a RMC, procuram pelas opções campineiras. Afinal, não faltam promoções para incentivar esse fenômeno, seja em ofertas sazonais ou cupons com vantagens. Começo na área central Quando o mais usual era fazer as refeições em casa com a família, algumas décadas atrás, Campinas já oferecia boas opções para adeptos da culinária fora do lar. Entre bares e lanchonetes memoráveis, como Sandy´s, Sucão, Torre diPìzza, casas como o Rosário - completando agora70 anos -o Eden Bar,Giovanetti, os extintos Churrascaria Gaúcha, Quintalão, Cantina Alemã (funciona até hoje), já tinham clientela cativa dentro e fora de uma Campinas metade menor, com menos de um milhão de habitantes. "Até final da década de 70, antes do surgimento dos shoppings centers, o Centro concentrava o melhor do comércio, da moda e da gastronomia" Quase todas as boas casas ficavam na área central. Sim, porque até final da década de 70, antes do surgimento dos shoppings centers, o centro concentrava o melhor do comércio, da moda e da gastronomia (termo nem usado à época). Fora do centro, eram poucos os endereços da culinária atraente: Cantina Bonelli, no Guanabara, Macarronada Italiana em Valinhos, Restaurante Edelweiss no Castelo, Churrascaria Sulina, em Sousas. O Cambuí era reduto residencial absoluto da classe média alta campineira, com as confortáveis casas de pomar no quintal e jardins. Mas aos poucos essas casas vão se transformando, na década de 80, e dão lugar a opções culinárias bastante inovadoras. Surgem, por exemplo os italianos TratoriaTevere (extinta) e Fellini, o Cenário e os primeiros franceses, Le Troquet e logo depois L´Espiegle e mais tarde, o L´Alouette, contemporâneos do D´Elisa. A Confeitaria Romana muda uma área central do Cambuí, com um conceito totalmente novo, a primeira no gênero. Casas que chegam para alterar de vez o cenário gastronômico da cidade, com chefs como Theo Medeiros, Henri Guroyen, Maria Elisa Focesi, Marco Baracat e tantos outros, que ainda fazem o orgulho da gastronomia local.

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