SEGURANÇA

Mercado do sexo avança no Centro e irrita vizinhança

Vizinhos de áreas onde profissionais do sexo fazem ponto reclamam de "migração" e excessos que prejudicam convívio

Inaê Miranda
22/02/2015 às 14:16.
Atualizado em 24/04/2022 às 00:22
Travesti fazendo ponto próximo ao Largo São Benedito, no Centro de Campinas: moradores reclamam do aumento de profissionais na região ( Leandro Ferreira/ AAN)

Travesti fazendo ponto próximo ao Largo São Benedito, no Centro de Campinas: moradores reclamam do aumento de profissionais na região ( Leandro Ferreira/ AAN)

Música alta, buzinas tocando a madrugada inteira, brigas e pessoas nuas em vias públicas têm tornado cada vez mais difícil o convívio de moradores com travestis que se prostituem e fazem ponto no entorno dos Largos de São Benedito e do Pará, no Centro de Campinas. O conflito existe há anos, mas os moradores, entretanto, afirmam que o número de trabalhadores do sexo no espaço vem se multiplicando e que está havendo migração de travestis para espaços não frequentados por eles anteriormente, como as esquinas da Barão de Jaguara com a Duque de Caxias e ruas Riachuelo e Cônego Cipião. Um abaixo-assinado pedindo providências a autoridades competentes começou a ser feito. Foto: Leandro Ferreira/ AAN Vizinhos de áreas como o Largo do Pará se queixam que travestis ocupam lugares onde antes não ficavam A movimentação nas ruas do Largo de São Benedito começa ainda cedo. Por volta das 19h, os primeiros travestis começam a chegar. A efervescência, no entanto, ocorre depois das 22h, segundo relataram moradores, trabalhadores e comerciantes da região. “Depois desse horário, aumenta a bagunça. Gritam, brigam por causa de ponto, colocam o rádio no último volume. Ficam pelados. Não somos de acordo e ninguém é obrigado a conviver com isso”, disse um morador da Boaventura do Amaral. Segundo ele, o ambiente fica prejudicado e os moradores impedidos de sair à noite. As ruas mal iluminadas são um atrativo para os profissionais. “Alguns prédios chegaram a providenciar holofotes, mas não duram por muito tempo. Eles (os travestis) ficam revoltados e quebram as lâmpadas dos postes para rua ficar mais escura”, afirmou um aposentado. “A gente gostaria que eles tivessem mais respeito aos direitos dos outros. Estamos muito angustiados com essa situação. E é muito difícil o trato com esse pessoal, porque são de pouca formação moral e religiosa, temos que ter muito cuidado. São meio revoltados principalmente quando estão embriagados ou drogados”, acrescentou. A maior frequência de travestis na região do Largo do Pará, como nas esquinas da Barão de Jaguara com Duque de Caxias, por exemplo, ou em regiões frequentadas principalmente por prostitutas, também foi relatada pelos moradores. “Eles normalmente ficavam mais no Largo de São Benedito, mas agora passaram a descer para cá”, afirmou. Outro morador, que também preferiu não se identificar, diz que chegou a contar 18 travestis em uma noite nessa mesma região. Ele também relata “bagunça e consumo de maconha até a madrugada.” Foto: Leandro Ferreira/ AAN Na região central, travestis também fazem ponto à luz do dia: eles admitem que concorrência ficou maior Abaixo-assinadoNa Rua Riachuelo, local onde pouco se viam travestis, mas que também se tornou ponto, moradores relatam até depredações. “Estão sendo até meio agressivos. Várias noites fazem arruaça ali e as pessoas não estão conseguindo dormir”, disse um síndico. “Estão migrando. Antes era só na parte de cima, mas agora estão espalhados”, afirmou um comerciante. Moradores relataram que já viram carros e até vans pararem na região para desembarcar travestis. Incomodados, os moradores fizeram um abaixo-assinado e já colheram centenas de assinaturas que serão encaminhadas às autoridades públicas. “A gente pede para as autoridades públicas de maneira geral: delegado, prefeito, Guarda Municipal, Polícia Militar, para estudar um jeito de coibir esses abusos. Certa noite eu não consegui dormir. Saiu briga e até morte. Nós precisamos conviver com esse pessoal, mas não estão respeitando os nossos direitos, infelizmente”, acrescentou um morador.   Polícia Civil diz que população deve fazer BOs   O delegado do 1º Distrito Policial, que abrange a região Central, José Carlos Fernandes da Silva, afirmou que não há registros de ocorrências envolvendo travestis naquela região. “Atuamos quando eventualmente uma vítima nos procura ou quando temos alguma denúncia. Recentemente, não temos formalizada nenhuma queixa de morador ou de vítima.   O fato de estarem se prostituindo não é crime.” O delegado afirmou que em casos de delitos de atos obscenos, importunação ofensiva ao pudor, lesão corporal ou qualquer outro crime, é necessário que seja registrado um Boletim de Ocorrência para que a polícia tome ciência e possa atuar. Procurada, a Guarda Municipal informou que faz parte da Operação Centro Seguro a intensificação do patrulhamento na região da Praça São Benedito e Largo do Pará. A Polícia Militar também foi procurada, mas não respondeu até o fechamento da edição. 

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