Redes de postos e comércios de Campinas preferem retirar terminais a serem alvo de ataques
José Geraldo da Silva esconde local de caixa eletrônica com propaganda (Érica Dezonne/AAN)
Redes de postos de gasolina e pequenos shopping centers na região central de Campinas estão desativando caixas eletrônicos, com medo de ataques com explosivos. O que antes era sinônimo de praticidade e comodidade para os consumidores, hoje se tornou problema de segurança pública.
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) já soma 18 ataques a terminais em 2013. O último caso na cidade ocorreu na madrugada desta sexta-feira (15), quando uma quadrilha detonou um caixa do Banco do Brasil, na Avenida das Amoreiras, no São Bernardo.
A Polícia Militar informou que apoia a retirada dos terminais em pontos mais vulneráveis a ações dos bandidos. O medo e a reincidência de casos levou a rede de supermercados Mialich, de Ribeirão Preto, por exemplo, a iniciar nesta sexta a desativação dos caixas em nove unidades.
A medida preventiva dos comerciantes, no entanto, não é unânime. Frequentadores campineiros de lojas de conveniência e malls ouvidos pela reportagem acreditam que acabar com os caixas é um retrocesso — para eles, a resposta mais apropriada seria reforçar o policiamento e desmantelar as quadrilhas.
Pelo menos cinco postos de gasolina no Cambuí (um dos bairros nobres de Campinas) que antes ofereciam caixas, hoje não têm mais os terminais. A decisão não é fácil para os comerciantes, pois os aparelhos são um atrativo para os consumidores e o movimento, geralmente, cai depois da desativação.
Na lanchonete do Auto Posto 2002, na Avenida Princesa d’Oeste, eles saíram de cena há um ano. De acordo com o gerente do local, José Eraldo da Silva, o espaço nunca sofreu ataques: a medida é preventiva. “Mesmo com queda de movimento, compensa retirar. Se nós sofrêssemos um assalto, o prejuízo seria muito maior.”
O mesmo ocorreu na loja de conveniência de um posto da bandeira Petrobras, na Rua Maria Monteiro, também no Cambuí. “O medo venceu o nosso direito a ter esse tipo de facilidade”, disse o caixa da loja, Sebastião Gomes. Em outro posto de gasolina do bairro, muitos clientes ainda entram na lanchonete atrás dos caixas. “Eles chegam perguntando onde está o caixa eletrônico. E reclamam quando a gente diz que não tem mais. É uma pena, mas eu me sinto mais segura assim”, afirmou a atendente do local, Natalina Pimentel.
Reações
Para o economista Leandro Tadeu de Miranda, a decisão de acabar com os caixas significa que a criminalidade está ganhando a guerra contra a polícia. “Eles deveriam aumentar o efetivo da PM e dar condições de trabalho melhores para os policiais.”
O advogado Osvaldo Aparecido Vancini partilha da mesma opinião. “Daqui a pouco não vamos poder ter carros, sair às ruas à noite. Não teremos mais lazer nenhum. É uma lógica equivocada acabar com os caixas.”
A Associação Paulista de Supermercados informou que não fornece instrução aos supermercados quanto à manutenção de caixas, que são de inteira responsabilidade de cada estabelecimento.