TERRORISMO

Massacre no shopping deixou 39 mortos e 150 feridos

Ataque contra shopping center de Nairóbi foi reivindicado pela milícia islâmica somali 'Shebab', ligada à Al-Qaeda

France Press
22/09/2013 às 11:19.
Atualizado em 25/04/2022 às 03:21
Policial socorre vítima do massacre em shopping (France Press)

Policial socorre vítima do massacre em shopping (France Press)

39 pessoas morreram e 150 ficaram feridas, entre elas vários cidadãos americanos, em um ataque reivindicado este sábado pela milícia islâmica somali 'Shebab', ligada à Al-Qaeda, contra um shopping center de Nairóbi. Por volta do meio-dia (hora local), cerca de 10 homens da milícia invadiram armados e encapuzados o shopping Westgate Mall, um dos mais luxuosos da capital queniana, cuja clientela é formada principalmente por africanos abastados, indianos e ocidentais. Os criminosos dispararam e lançaram granadas contra clientes e funcionários do shopping. "Há 30 mortos e 60 feridos. Isso inclui as pessoas que morreram no local e as que faleceram no hospital", indicou um funcionário de alto escalão da polícia, segundo a qual os atacantes fizeram vários clientes reféns. O Departamento de Estado americano informou que cidadãos dos Estados Unidos ficaram feridos no que chamou de um "ato de violência desmedido". Segundo a fonte, a embaixada de Washington no Quênia foi acionada e está "em contato com as autoridades locais". "Condenamos este atentado desmedido no qual homens, mulheres e crianças inocentes foram mortos ou feridos". O departamento de Estado "segue de perto" a evolução da situação em Nairóbi. Horas depois da invasão, a milícia 'Shebab' assumiu a autoria do ataque através de uma mensagem publicada no Twitter. "Os mujahedines entraram ao meio-dia de hoje no Westgate (...). Eles mataram mais de 100 infiéis quenianos e a batalha prossegue", diz a mensagem postada por volta das 18H00 GMT (15H00 Brasília). Segundo os rebeldes, o ataque foi uma represália à intervenção das forças armadas do Quênia no sul da Somália contra o grupo islâmico, após o governo queniano "ignorar reiteradas advertências". "Esta é a justiça punitiva pelos crimes de seus soldados" envolvidos no conflito somali. "Por terra, ar e mar, as forças quenianas invadiram nossa pátria muçulmana, matando centenas de muçulmanos e provocando a fuga de milhares", prosseguiram. "Em numerosas ocasiões o governo queniano foi alertado de que a presença de suas forças na Somália teria consequências dramáticas (...). A mensagem que enviamos ao governo e à população queniana é e será sempre a mesma: retirem todas as suas forças do nosso país". O Exército do Quênia entrou na Somália em 2011, onde ocupa o sul do país, como parte da força africana multinacional que apoia o governo somali contra os rebeldes islâmicos. Terror no shopping Após a invasão, unidades de elite do exército queniano foram mobilizadas para reforçar as forças policiais no local e ajudar na retirada dos clientes e dos funcionários do shopping, que era sobrevoado por helicópteros. Segundo uma fonte de segurança, policiais e soldados quenianos conseguiram encurralar os sobreviventes do grupo armado dentro do centro comercial. "Os criminosos foram isolados e estão encurralados em uma área em um dos andares. O resto do shopping parece estar seguro", afirmou a fonte à AFP no local. Testemunhas revelaram que os invasores falavam em árabe ou somali. Muito movimentado nos fins de semana, o Westgate Mall era citado regularmente como possível alvo de grupos relacionados à Al-Qaeda, como os insurgentes 'Shebab'. Este tipo de ataque é algo que jamais havia ocorrido na capital queniana e pode ser o atentado mais sangrento desde a ação suicida da Al-Qaeda de 1998, que teve como alvo em agosto daquele ano a embaixada americana em Nairóbi, resultando em mais de 200 mortos. "Atrás do shopping há 13 cadáveres, em diferentes lugares. Meus colegas que estavam nos andares superiores dizem que há mais cadáveres, mas eu vi 13", declarou à AFP um policial. Uma jornalista da AFP-TV viu três corpos em frente ao shopping e dois em seu interior. Feridos e ensanguentados, pais com seus filhos nos braços, assustados e nervosos, saíam em desespero do edifício de quatro andares. As forças de segurança avançavam loja por loja para retirar as pessoas escondidas e buscar os homens armados, mascarados e vestidos de preto, que tinham em seu poder sete reféns. "São sete reféns, está confirmado", declarou à AFP um policial no local. Mas o número de reféns pode ser maior, devido à quantidade de pessoas que estavam no local durante o ataque e pelo tamanho do shopping. O Westgate Mall é um labirinto de lojas de todo o tipo, onde é muito fácil se esconder. Segundo uma testemunha, os criminosos executaram clientes. Este centro comercial, aberto em 2007 e próximo à sede local das Nações Unidas, tem restaurantes, cafés, bancos, um grande supermercado e várias salas de cinema que atraem milhares de pessoas todos os dias.

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