Parece deja vu, mas Felipe Massa começa a temporada da Fórmula 1, no próximo final de semana, pressionado. Com o contrato renovado por apenas um ano, o brasileiro precisa se mostrar serviço mais efetivo na luta da Ferrari pelo Mundial de Construtores para manter-se no time italiano – e, de forma realista, na categoria.
Mas só existe a Ferrari na F-1? Não seria melhor ele buscar outra equipe para sair da sombra de Fernando Alonso, cada vez mais poderoso em Maranello por suas atuações – políticas e esportivas – dentro e fora da pista? Claro que há essa possibilidade, usando uma boa atuação neste ano para despertar o interesse em outro lugar e mudar de ares após oito anos, mas isso seria real?
O próprio fim do acordo de outro brasileiro, Luiz Razia, antes mesmo do baiano fazer sua estreia na categoria pela Marussia devido à falta de pagamento de seus patrocinadores pessoais, dá a dica: desconsiderando quatro ou cinco equipes com mais orçamento, pilotos “assalariados”, como Massa, que não trazem grandes patrocinadores, estão fora de moda na Fórmula 1.
Isso tem a ver com a saída das grandes montadoras da categoria, o que diminuiu o fluxo de caixa de todos. Mesmo com várias medidas sendo tomadas para frear os gastos, apenas os times de ponta conseguiram assimilar esse golpe, pois sua maior exposição na TV ajuda a angariar patrocínio. Do meio para o final do pelotão, é preciso ter a ajuda dos pilotos para completar o orçamento. Essa situação ficou ainda mais clara nesta temporada, em que vários “assalariados”, como Kobayashi, Kovalainen e Glock, ficaram a pé.
Isso faz com que não apenas Massa, mas outros pilotos “das antigas”, que chegaram à F-1 sem grandes apoiadores, como Webber e – em menor escala por possuírem contratos longos – Button e Rosberg, se vejam em situação delicada: se não permanecerem em times grandes, muito provavelmente vão precisar de patrocinadores para se manter no grid.
O próprio Massa já garantiu que não volta para o meio do pelotão. Mesmo que seja blefe, visto o descaso das empresas brasileiras com o qualquer esporte que não seja o futebol, parece difícil que ele tenha apoio para fazer isso. Já que lutar pelo título em uma equipe politicamente dominada pelo melhor piloto do grid é virtualmente impossível, voltar às vitórias e ser decisivo para uma conquista que a Scuderia não tem desde 2008 representaria mais do que uma volta por cima para o brasileiro. O que pode parecer pouco para quem não compreende bem sua situação seria, para ele, um renascimento.