JULIANNE CERASOLI

Massa e seus pneus

Julianne Cerasoli
19/04/2013 às 22:41.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:28

Ora é aquecimento, ora desgaste. Isso, sem falar no graining. Nos últimos três anos, Felipe Massa usou todas as justificativas possíveis para explicar o rendimento abaixo do esperado. E, quase sempre, a culpa recai sobre os pneus. Mas será que é tudo desculpa?

Primeiro, temos de entender que a geração de carros atual começou a ser desenvolvida em 2009. Naquele ano, houve uma grande revolução nas regras e, ainda que tenha havido mudanças ao longo do caminho, as diretrizes são as mesmas. Desde então, a Ferrari começou a sofrer em classificação. Isso é resultado de vários fatores, entre eles o fato do carro não colocar muita energia no pneu.

Isso tem suas vantagens, claro: por um lado, faz com que seja mais difícil aquecer o pneu em uma volta rápida; por outro, provoca um desgaste menor da borracha a longo prazo. Logo, tem bom ritmo de corrida.

Portanto, essa explicação serve para justificar os problemas em classificação, junto de algumas questões específicas do pneu Pirelli que, especialmente no ano passado, fazia pilotos com o estilo de Massa sofrerem: era um pneu que não permitia que o piloto deslizasse o carro nas curvas, algo próprio de quem prefere deixar a traseira mais solta do que a dianteira. O próprio Michael Schumacher é outro bom exemplo desse tipo de piloto que saiu perdendo pelo mesmo motivo.

Mas, e nas corridas? Aí, mesmo que Massa por muitas vezes culpe os pneus, talvez eles sejam o resultado, e não a causa. O brasileiro por muitas vezes começa bem a corrida — com os pneus mais macios, de aquecimento mais fácil — e depois vai caindo.

As explicações para isso esbarram em uma diferença básica entre os anos “de ouro” de Massa e as corridas atuais: primeiro com o fim do reabastecimento, em 2010, e depois com a tendência à maior degradação dos pneus, tornou-se mais importante a gestão da corrida por parte do piloto.

E vimos Felipe por várias vezes administrar isso de forma errada, não escolhendo com precisão os momentos de poupar e de atacar, falha que ele mesmo admitiu no último GP, na China.

Na verdade, o problema de Massa não são os pneus em si, mas sua dificuldade em adaptar-se a essa nova realidade de disputa — pacote que inclui a borracha. Novamente, não é um desafio apenas dele, até Lewis Hamilton andou reconhecendo que tem muita dificuldade em lidar com isso. E, como a tendência é que os compostos sigam mudando ano após ano para alimentar o show, o brasileiro sabe que tem de trabalhar e virar o jogo. Ou o discurso dos pneus sempre vai soar como desculpa.

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