Profissional atua na construção e manutenção de embarcações e de estruturas hidroviárias
A indústria naval nunca viveu momento tão próspero no Brasil. Após um período crítico na década de 90, em que os poucos estaleiros brasileiros definharam com a falta de investimentos do governo federal e com a forte concorrência de outros países, o setor ressurgiu no início dos anos 2000 como um dos mais promissores da economia. A expectativa de exploração de petróleo e gás em águas profundas do Litoral brasileiro já demanda milhares de profissionais da área. Um dos mais escassos é o tecnólogo em construção naval, que atua na construção e manutenção de embarcações e estruturas hidroviárias.A falta de tecnólogos pode ser explicada pela pequena quantidade de cursos no País. São quatro no total e apenas um na região Sudeste, na Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec), na cidade paulista de Jaú. O curso existe desde 1992, mas nos últimos anos a procura tem sido muito maior, segundo a direção. Os profissionais são rapidamente absorvidos pelas empresas e chegam a receber salário inicial de R$ 10 mil, dependendo do porte da companhia.A principal diferença entre o engenheiro e o tecnólogo em construção naval é o foco da formação, segundo o coordenador do curso da Fatec de Jaú, Antonio Eduardo Assis Amorim. Enquanto o primeiro é geral, com pelo menos dois anos de matérias comuns em qualquer engenharia, o outro tem formação mais rápida e específica, voltada para o produto com que ele vai trabalhar. É o tecnólogo que escolhe materiais a serem empregados, analisa os custos operacionais, testa a velocidade e a segurança de barcos, monta e organiza estaleiros. Quem opta pela área de operação de sistemas também controla o frete, o armazenamento e a distribuição de cargas. Cenário promissorAté meados dos anos 2000, os alunos que entravam para o curso tinham como objetivo trabalhar em empresas que operavam na Hidrovia Tietê-Paraná, por isso, o curso era voltado principalmente para a navegação em rios, segundo Amorim. Com a mudança de cenário da construção naval, as matérias agora abordam mais instalações marítimas. “A Petrobras e suas terceirizadas são hoje as empresas que mais absorvem os alunos egressos do curso. A maior parte acaba produzindo embarcações para a Transpetro. Outra opção é fazer o curso de oficial da Marinha Mercante”, disse o coordenador.O curso da Marinha dura em média dois anos e forma oficiais e subalternos que exercem atividades a bordo de embarcações mercantes, ocupando posições de extrema responsabilidade. A escola é vista como um diferencial por empresas marítimas e pode significar um “plus” no salário do tecnólogo: um profissional com o diploma de oficial mercante ganha em torno de R$ 12 mil. “Além disso, muitos ex-alunos que trabalham embarcados em plataformas em alto-mar chegam a receber até R$ 30 mil, com os adicionais. Salário maior que de muito engenheiro”, acrescentou Amorim.Muitas empresas vão todos os anos à Fatec de Jaú fazer o processo seletivo. Uma das exigências para ocupar um bom cargo é falar inglês fluentemente, uma vez que toda a comunicação entre navios e plataformas internacionais é feita no idioma. Além disso, grande parte dos fornecedores de equipamentos é do Exterior e todos os manuais e instruções são em inglês.