CONQUISTADO

Marcelo Chamusca celebra acesso e redenção

Em seis meses, transformou em vencedor um grupo que teve que montar praticamente do zero. A campanha fala por si só. Em 20 jogos, 12 vitórias

Carlos Rodrigues
09/10/2016 às 21:24.
Atualizado em 22/04/2022 às 22:01
Em foto divulgada nas redes sociais, elenco bugrino celebra no vestiário do Brinco a vitória que garantiu o acesso: grupo unido por um ideal (Divulgação)

Em foto divulgada nas redes sociais, elenco bugrino celebra no vestiário do Brinco a vitória que garantiu o acesso: grupo unido por um ideal (Divulgação)

“Contrataram o irmão errado”. “No mata-mata, vai fracassar de novo”. Do dia em que chegou ao Guarani até anteontem, momentos antes do jogo contra o ASA, Marcelo Chamusca teve que lidar com a desconfiança de quem não acreditava em seu trabalho. Mas a resposta para todos os questionamentos não poderia ter sido melhor. Comandante do acesso do Bugre para a Série B do Brasileiro, o treinador admitiu o peso que tirou das costas e revelou: “Vim com a convicção de que estava no lugar certo”. A conquista foi um prêmio para esse baiano, que completou 50 anos na última sexta-feira. Em seis meses, transformou em vencedor um grupo que teve que montar praticamente do zero. A campanha fala por si só. Em 20 jogos, 12 vitórias. No Brinco, aproveitamento de 87%. “Cheguei sob desconfiança e tivemos muitas dificuldades, até pelo quadro pessimista após a eliminação no Paulista. Montamos um elenco do zero e fomos crescendo durante o campeonato. A construção do acesso é muito gratificante, porque a gente passou por todas as etapas”, disse, após o jogo.Valeu também pela conquista pessoal. Após bater na trave duas vezes pelo Fortaleza, o temor de um novo insucesso incomodou. Por isso, o sentimento após a vitória por 3 a 0 foi de alívio. “Eu vinha de duas situações muito parecidas, de liderar e talvez não conseguir êxito”, comentou. “Tirei um peso. Precisava da consolidação e da conquista do objetivo. É motivo de muita felicidade, chegar a um clube com a grandeza do Guarani e fazer o trabalho que fizemos. De proporcionar ao torcedor o sabor do acesso. O destino quis que eu conseguisse no Guarani”. Não jogar a toalha fez toda a diferença. Chamusca não esmoreceu depois da derrota por 3 a 1 no jogo de ida. Pelo contrário, só ganhou mais força. “Em nenhum momento temi não classificar. Não pensei no passado ou criei fato negativo que pudesse interferir no meu comportamento perante os jogadores. O primeiro a se levantar tem que ser o comandante, e foi isso que eu fiz. Tinha certeza que a gente poderia reverter”. Chamusca já está na história do Guarani. Prova disso é ter ido para os braços dos torcedores após a entrevista que concedeu depois do jogo. Mas para esse cara estudioso, persistente e muito, muito trabalhador, o campeonato não acabou. O foco é o ABC, nas semifinais. “A gana nunca vai acabar. Nós vamos brigar, sim, para chegar à final e dar ao torcedor esse presente. Queremos o título”, concluiu o treinador bugrino. Festa da torcida bugrina se espalha por toda a cidade O orgulho bugrino ressurgiu entre os torcedores, que vibraram no início da noite de aonteontem com a vitória do Guarani. A empolgação da torcida verde e branca, já notada na tarde deste domingo (9) em pontos da cidade, com carros com bandeiras buzinando em várias avenidas, blocos de bugrinos uniformizados a caminho Estádio Brinco da Princesa e bandeiras em várias casas, anunciava a fé dos torcedores no time. A cada gol, gritos ecoavam de bares, padarias e restaurantes que mantiveram as tevês na partida. No início da noite, mesmo quem não é ligado em futebol percebeu a vitória do Guarani, anunciada por fogos, carreatas com bandeiras e muitas buzinas. A euforia perdurou na manhã de domingo, com torcedores exibindo, orgulhosos, a camisa-verde-bugre pelas ruas, praças e nos shoppings da cidade. “Foi uma partida nervosa. A sensação de vitória só veio aos 25 do segundo tempo, depois do terceiro gol”, conta Thiago Falivene, 43 anos. Para Falivene, que passeava pela Lagoa do Taquaral com a camiseta do Bugre, e disse ter visto, pelo menos, umas 20 pessoas com a camisa do Bugre, a vitória surtiu a sensação de dever cumprido. Agora é batalhar para ser campeão da Série C. “Passei a semana ansioso mas, no fim, achei que o time dominou bem a partida”, comentou. Na manhã de ontem, o porteiro de um prédio no Jardim das Andorinhas, interfonou no apartamento de um bugrino para que o torcedor retirasse a bandeira do time da sacada. “Saiu a zica. Dei o recado que a angústia da derrota do dia 1º acabou”, disse o torcedor, Erick Rodrigo Conceição, 37 anos. Com a camisa do Guarani, o torcedor almoçava com a família em um shopping da cidade, onde outros torcedores uniformizados circulavam pelo local. Agora o objetivo da família, que inclui o apoio da esposa, Claudia Cristina Diogo da Conceição, 38 anos, que é corintiana mas aprendeu a gostar do Guarani com o marido, é garantir um ingresso para a partida contra o ABC de Natal. Conceição promete ficar os 90 minutos da partida em pé, como fez no último sábado, e com o coração aos pinotes. “Estou rouco até agora”, comemora. Ex-volante Na avaliação de um ex-volante do time na década de 1980, o Guarani entrou como se fosse uma partida da Libertadores. “A vitória foi uma consequência da melhora na estrutura do time”, avalia Charles Bagagir, 45 anos. Para ele, que foi do time em 1986 quando tinha 15 anos e depois em 1989, o segundo gol foi melhor porque representou o baque, e o terceiro veio como consequência. “A camisa pesou”, resume.

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