Maranhão é caldeirão multicultural

O Brasil é conhecido como um País de lindas paisagens, espalhadas de Norte a Sul. É comum encontrar em tamanha vastidão territorial praias exuberantes, metrópoles supermodernas e cidades que preservam a história do período em que o Brasil ainda era colônia de Portugal. E neste País multifacetado, o Estado do Maranhão é privilegiado. Praias belíssimas, casario histórico e povo acolhedor fazem do destino um dos mais atraentes do País.O primeiro contato com este paraíso acontece em São Luís, a Capital Maranhense. Ali, o turista é recebido com o calor e alegria típicos da gente nordestina. Se o desembarque acontece no mês de junho, melhor ainda. A época é da tradicional festa junina de São Luís, quando o visitante se depara com uma cidade festiva e voltada inteiramente para o tradicional Bumba Meu Boi.Mas o Maranhão tem muito a oferecer ao viajante, além dos festejos juninos. Um dos passeios mais conhecidos e mais bonitos é Barreirinhas, porta de entrada para os Lençóis Maranhenses, região onde fica o Parque Nacional. Estima-se que a área tenha o mesmo tamanho da a Grande São Paulo, com aproximadamente 155 mil hectares, permeada por dunas e lagoas. A sede do Parque Nacional fica a apenas dois quilômetros de Barreirinhas. Para entrar no parque não é preciso pagar ingresso. Por se tratar de uma área sem a intervenção humana, a areia é transportada pelo vento e o caminho entre as dunas nunca é o mesmo, sendo assim, o passeio é feito sempre com um guia.Para chegar aos grandes lençóis é preciso contratar um transporte e os hotéis oferecem este serviço, o que facilita o acesso. Apesar da comodidade, o trajeto não é confortável e leva aproximadamente uma hora entre solavancos e derrapagens sobre água empossada que chega a engolir a frente do veículo. O percurso, claro, só é possível em um veículo 4X4.O desconforto é recompensado logo na primeira parada. A água azul cristalina da primeira lagoa convida o visitante a refrescar-se. O mergulho é revigorante, principalmente nos dias mais quentes, tão comuns no Nordeste. PasseiosApesar de receber milhares de turistas durante a alta temporada e ser nacionalmente conhecido pela paisagem exuberante, os Lençóis Maranhenses receberam este nome apenas em 1981, quando o governo do Estado criou uma campanha de turismo para a região. Até então, o local era conhecido entre os nativos como Morrarias, em referência às dunas de areia.Partindo de Barreirinhas, o turista pode visitar também os pequenos lençóis, na comunidade de Vassouras. Para chegar ao local, uma lancha percorre o rio Preguiças em um passeio de aproximadamente uma hora.No trajeto, o turista poderá ver de perto a vida das comunidades ribeirinhas e seus pescadores. A natureza também pode ser observada neste passeio pitoresco, em que é possível conhecer o Buriti, árvore característica da região, presente, inclusive, no hino da cidade. Dela, as comunidades tiram proveito de quase tudo. As folhas são transformadas em fibras para a confecção de redes, tapetes, chapéus, bolsas, brincos e outros produtos artesanais.Em Vassouras, o passeio começa pela Tenda dos Macacos, local que abriga um grupo de macacos-prego que ali se refugiaram em decorrência da desertificação da mata. Os primatas se acostumaram com a presença humana e são dóceis. O único problema é que tamanha proximidade transformou os bichos em engraçados larápios de comida. Se o turista não prestar atenção, pode ter seu lanche surrupiado.O passeio pelo rio Preguiças passa por outras comunidades, algumas de pescadores nômades. É comum encontrar à beira do rio, estruturas rústicas que serviram de moradias provisórias e que foram abandonadas pelos seus moradores.Farol PreguiçasOutra parada fica no Farol Preguiças, em Mandacaru. Controlado pela Marinha, o dispositivo é imprescindível na região, uma vez que, com a ação do vento, os bancos de areia mudam de lugar com frequência, colocando em risco a navegação. Um dos naufrágios que ocorreram na região matou o poeta Gonçalves Dias. O autor da famosa Canção do Exílio morreu no acidente com o navio Ville de Bolougne, que foi a pique após colidir com um banco de areia em 1864. Dias é lembrado até hoje em Mandacaru.Assim que o turista deixa a lancha e pisa em solo, um guia se apresenta e oferece acompanhamento até a entrada do farol recitando poemas e cantando canções do artista mais famoso do Maranhão. O farol possui 160 degraus. Para superar a escadaria é preciso certo preparo físico. No entanto, ao chegar ao topo, a vista do rio serpenteando entre a mata e as dunas é uma das mais bonitas de Barreirinhas.A melhor época do ano para visitar a região é entre os meses de maio e setembro. Com, estação das chuvas, a água toma as lagoas por completo. O jornalista viajou a São Luís e Barreirinhas a convite da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Maranhão (ABAV-MA).