MANUEL CARLOS CARDOSO

Maracujás da política

24/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 02:38
Manuel Carlos - correior
 (Cedoc)

Manuel Carlos - correior (Cedoc)

Estou me preparando para as eleições do ano que vem e já fui comprar uma boa porção de naftalinas. Vou andar com essas bolinhas no bolso e boa parte delas tem destino certo. São as velhas raposas da política, que jamais largam do osso e estão sempre querendo continuar estragando o País. Faz mais de 40 anos que esses políticos embolorados metem suas caras, agora bem enrugadas, na telinha, querendo nos convencer que o Brasil precisa deles. Não precisa e bom seria que não tivessem nascido, mas o pior de tudo é que parecem maracujás. Vão enrugando, enrugando, mas não morrem. Maluf, com aquela sua voz de taquara rachada, é um dos exemplos marcantes do que estou dizendo. Não existe ninguém com a ficha mais limpa do que eu, diz ele cinicamente. Apenas no Brasil, onde a impunidade de gente dessa espécie corre solta, é que ele pode viver em liberdade. Se botar os pés fora daqui será preso. O pior é que sua condenação internacional é em razão de desvios de dinheiro público aqui no Brasil. Tempos atrás, afirmou que se encontrassem algum dinheiro dele depositado nos paraísos fiscais, poderiam ficar com ele. Estava coberto de razão, o dinheiro lá depositado era o nosso. Aquele mesmo, que temos de trabalhar seis meses do ano para ganhar e pagamos em impostos para financiar essa grande farra. Como ele existe centenas de políticos espalhados pelo País. Em minha cidade natal tivemos um prefeito que foi preso e continuou administrando a cidade da cadeia local. Seu chefe de gabinete era o carcereiro. Egresso, foi reeleito para o cargo! Vendo tudo isso, talvez fique mais fácil compreender porque os três poderes da República são independentes, mas harmônicos, como o STF demonstrou na semana passada. Tenho dúvida se as naftalinas que comprei serão suficientes. Talvez eu gaste todas elas só com candidatos a deputados. A produção brasileira de naftalinas não será suficiente para abastecer o mercado, se mais brasileiros tiverem a mesma ideia. Nossas escolhas não serão fáceis e o processo eleitoral, que apesar das promessas continua sendo o mesmo, favorece esses embolorados e enrugados candidatos. Os partidos políticos perderam qualquer identidade com seus programas ou sua ideologia, nos obrigando a excluir de nossos critérios de escolha o partido. Em minha vida, por exemplo, já votei em candidatos do PSB, PSDB, PTB e até mesmo em um candidato do PC do B. Jamais poderia imaginar que votaria em um comunista. Jamais imaginaria também, que depois da morte de João Amazonas, ainda restasse um comunista no mundo, exceto o secretário Benassi, é claro. Não querendo votar em maracujás embolorados, vou usar como critério de escolha o passado do candidato, o berço e sua prova inconteste de competência.

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