CAMPINAS

Manifestação contra o governo reúne 50 mil

Manifestantes saem às 9h30, no Largo do Rosário, e às 13h, na Catedral Metropolitana; mande sua imagem, frase ou vídeo para o twitter @correiopontocom ou para o email [email protected]

Moara Semeghini
15/03/2015 às 12:37.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:52
Cerca de 2,5 mil protestam contra o governo em Campinas (Camila Moreira/ AAN)

Cerca de 2,5 mil protestam contra o governo em Campinas (Camila Moreira/ AAN)

Érica AraiumSheila VieiraEm Campinas, cerca de 50 mil pessoas saíram às ruas neste domingo (15) para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e pelo combate à corrupção. Das 9h às 16h30, o “basta”, expressão repetida ao longo de todo o dia, reuniu famílias, profissionais liberais, estudantes e cidadãos comuns, de todas as idades.     Gente que votou a favor e contra o atual governo e que, de forma pacífica, expôs sua insatisfação. A estimativa de adesão aos atos supera o da marcha histórica do dia 20 de junho de 2013, com 35 mil pessoas, manchada por cenas de batalha campal e depredação.   Desta vez, a paz reinou. Contingentes da Polícia Militar, da Guarda Municipal e agentes da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) acompanharam os dois movimentos, ambos organizados por meio das redes sociais.   Vias foram sinalizadas e o trânsito desviado nas principais ruas do Centro. Segundo a GM, não houve registro de dano ao patrimônio público, nem casos de vandalismo ou violência.   Os comerciantes se surpreenderam com a ordem das passeatas e alguns mantiveram as portas abertas em pleno domingo.   O primeiro ato, denominado Vem pra Rua, iniciado por volta das 10h, teve como ponto de partida o Largo do Rosário, local do desfecho da segunda manifestação, que reuniu os participantes na Avenida Francisco Glicério, em frente à Catedral Metropolitana, desde às 12h. Pela manhã, cerca de 9 mil pessoas, segundo estimativa da PM, ocuparam o Largo do Rosário e seguiram em passeata até o Centro de Convivência. A aglomeração tomou o largo às 10h.   Bem humorados, os participantes carregavam cartazes com frases criativas, como “Volta Barbosa” e a “A culpa é das estrelas”, em referência ao best-seller de John Green e ao símbolo do PT. Manifestantes pró-ditadura militar também marcaram presença na Glicério. Um deles discursou, mas foi vaiado pela multidão.   Embora caracterizado como apartidário, o ato da manhã foi encerrado com discursos de vereadores e do vice-prefeito Henrique Magalhães Teixeira (PSDB), que agradeceram a presença da população. Presente nos dois atos, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB) disse estar feliz com o envolvimento de Campinas nesse movimento cívico de indignação contra um governo que classificou como “corrupto e mentiroso”.   Veja galeria de fotos dos protestos   “A cada dia ela (Dilma) se aproxima mais do impeachment. A cada dia se distancia mais da população”, disse o deputado, que é líder dos tucanos na Câmara Federal. Para o arquiteto Ronald Tanimoto, um dos organizadores do Vem pra Rua, o impeachment não era a única pauta do protesto.   “É uma manifestação popular que pede uma mudança estrutural e a libertação do País da corrupção que está impregnada até nas instituições mais valorosas, como Superior Tribunal Federal e o Congresso”, ponderou. À tarde, a manifestação ganhou mais corpo e ampliou o caráter apartidário. Em meio ao mar verde e amarelo, em cartazes, camisetas e na voz, frases como “fora Dilma”, “fora PT” e “faxina no governo e no Congresso Nacional”, os participantes deixavam claro que a representação, ali, era cívica.   Contudo, como ocorreu no ato da manhã, era possível ver algumas faixas pedindo a intervenção militar. Do alto do trio elétrico, os organizadores da Manifestação por um Brasil Melhor pediam para que o ato seguisse pacífico por todo o trajeto.   A concentração começou em frente à Catedral Metropolitana, por volta das 12h. Às 13h30, cerca de 8 mil pessoas seguiram em passeata, depois de entoarem o hino nacional, pelas avenidas Francisco Glicério, Moraes Salles e Júlio de Mesquita, com parada, novamente, no Centro de Convivência. Lá, os manifestantes voltaram a entoar o hino nacional e outras vozes tomaram os microfones para protestar contra a corrupção. Gritos empolgados de “Dilma vai para Cuba” e “Fora Dilma” foram cantados em coro.   Naquele momento, alguns guardas municipais se postaram sobre a marquise do teatro Luis Otávio Burnier para observar o ato. PMs que seguiram o cortejo ao lado dos participantes nas calçadas registraram o movimento em fotos. O cenário era de paz. Até aquele ponto, a estimativa da Guarda Municipal era de que cerca de 20 mil pessoas já haviam engrossado a caminhada, mas havia manifestantes em outros pontos do Centro, como Largo do Rosário e extensão da Avenida Francisco Glicério.   De acordo com estimativa aérea feita pela Polícia Militar, ao longo da tarde, cerca de 40 mil pessoas foram às ruas, número também apontado pela organização. “Nosso clamor maior é pelo combate à corrupção e por transparência sobre a investigação do Lava Jato. Não temos sequer um balanço da Petrobras de 2014, mas sabemos que o PIB brasileiro já é negativo. Que medidas o governo tomará daqui por diante?”, disse Lucas Trevizan, um dos organizadores. Paulo Gaspar, outro organizador, considerou o ato histórico.   “Nós não somos golpistas, somos a sociedade, organizada aqui num movimento cívico. Pedir o impeachment da presidente não é golpe, mas protesto, exercício da democracia. Dilma saindo e Temer assumindo, que de acordo com os escândalos que estão estourando também vai dançar, vamos ter novas eleições presidenciais. Vamos voltar às ruas tantas vezes quantas forem necessárias”, adiantou. A passeata seguiu de forma tranquila até o Largo do Rosário, onde um grupo de cerca de 150 motociclistas aderiu ao movimento, roncando motores e buzinando. A dispersão ocorreu por volta das 16h, quando começou a chover no Centro.   Comércios tradicionais, como o Giovannetti em frente ao Largo do Rosário, mantiveram as portas abertas. “Não vamos deixar sujeira nas ruas, recolham seus lixos, exerçam a cidadania”, pediram os organizadores. Quem estava ali entendeu o recado.

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