lembranças

Mais que Carnaval

Quatro casais revelam suas histórias de amor carnavalesco nascidas do acaso e de coincidências comuns em filmes românticos

Adriana Menezes e Kátia Camargo
26/02/2020 às 15:00.
Atualizado em 29/03/2022 às 20:37

Enquanto Diana dançava no grupo Saia Rodada, em frente ao City Bar, em Campinas, Bura olhava fixamente para ela. “Comecei a dançar mais feliz, me fazendo notar”, revela Diana, que já tinha se sentido atraída por ele na concentração em Barão Geraldo, antes de sair para as ruas. “Vi aquele homem lindo, achei desbundante.” Depois de jogar seu charme, ela seguiu o cortejo do Saia Rodada, do City para o Centro, e os dois se perderam de vista. Naquela mesma noite de pré-Carnaval de 1997, voltaram a se encontrar, conversaram, em seguida namoraram, separaram, voltaram e se casaram, no curto espaço de um ano e meio. Após muitos carnavais, permanecem juntos e hoje têm um casal de filhos, de 15 e de 13 anos. Contrariando quem pensa que no meio da folia não pode rolar um clima romântico, Diana Zwi Buratini e Ricardo Buratini vivem juntos há mais de 21 anos. “Não pensei em nenhum momento que era paixão de Carnaval. Foi intenso e completo”, reafirma a professora de inglês Diana. A história do casal traz mais esperança para os foliões românticos que vão brincar o Carnaval deste ano, que são maioria. Segundo pesquisa realizada no Brasil pelo app holandês de relacionamento The Inner Circle, sete em cada dez solteiros acreditam que é possível encontrar um amor verdadeiro no Carnaval, mais precisamente 69,1% dos entrevistados. Romance sério A pesquisa entrevistou 3.475 pessoas, 46% mulheres e 53,7% homens, quase metade deles de São Paulo (46,2%). A maioria dos entrevistados pretende pular o Carnaval nos blocos de rua este ano (60,9%) e a quase totalidade (97,7%) está disposta a conhecer novas pessoas. Nesta mesma amostragem, 37,4% já se apaixonaram no Carnaval e para 42% o flerte carnavalesco se tornou um romance sério, como aconteceu com Diana e Ricardo. Diana lembra que dançava Baralho, uma dança do Maranhão que aprendera com o mestre Tião Carvalho. “Ela é sedutora e envolvente.” Os dois namoraram apenas um mês, apaixonadamente, mas se separaram, porque ele estava finalizando sua dissertação de mestrado e disse que não conseguia conciliar. Ela lembra que sofreu profundamente. Nove meses depois, quando estava prestes a se casar com outra pessoa, Diana reencontrou Ricardo. Namoraram dois meses, porque ela estava indo para os Estados Unidos. “Foi uma novela.” Quando Diana retornou, Ricardo foi buscá-la no aeroporto e declarou: “Eu nunca mais quero me separar de você.” Casaram-se em 1998 e até hoje brincam juntos o Carnaval. Sem destino Grandes histórias de amor podem portanto nascer e sobreviver a muitos carnavais, garantem Diana e Ricardo. Marcela Teodoreli Müller e Paulo Edson Stussi Müller também se conheceram no Carnaval, em 2001, na cidade mineira de Brasópolis. “Eu estava perdida nesse Carnaval, sem saber o que fazer, então fui com uma amiga para a casa da avó dela”, conta Marcela. Paulo era amigo de sua amiga, que falou brincando pra ele quando foi buscar Marcela na rodoviária: “Estou indo buscar sua noiva”. Quando Marcela chegou, ele também brincou: “Essa que é minha futura noiva?”. Ela achou estranho, mas os dois terminaram juntos naquele dia. O primeiro beijo foi no Bar da Vera, ela lembra. O namoro foi difícil, porque Marcela morava em São José dos Campos. Ambos estudavam engenharia e trabalhavam como técnicos em eletrônica. Ficaram três anos juntos, separaram um ano e meio e voltaram. Há dez anos estão casados e sempre curtiram juntos o Carnaval. “Minha família e a dele gostam de Carnaval. Fomos muitas vezes brincar em Brasópolis, praticamente todos os anos. Paramos de ir em 2015, mas este ano nós vamos pular lá, com nossa filha de 5 anos”, diz Marcela, que gosta de recordar a sua história todos os anos. Almas gêmeas A bancária Bárbara Tavares conheceu Silas Souza uma semana antes do Carnaval, em 2012. Ela tinha saído de um relacionamento de 17 anos e disse a uma amiga que queria viver outra vida. “Fui dançar. Dancei a noite inteira com ele, mas nem perguntei o nome. Marquei no celular Menino do Moinho. Achei que seriam uns beijos e nada mais. Voltei a encontrá-lo no mesmo lugar. Mas foi no Carnaval que realmente nos conhecemos. Eu nunca tinha viajado de carro dirigindo. Chamei ele para dar uma volta. Uma loucura. Eu disse que queria pegar a estrada sem saber onde ia dar. Chegamos em Serra Negra, numa tarde de domingo de Carnaval. A ideia era voltar no mesmo dia, mas só voltamos na quarta-feira de cinzas.” Segundo Bárbara, foi no Carnaval que descobriram que eram almas gêmeas, “e estamos juntos há oito anos”. “Foi uma sintonia tão grande, tão mágico e espontâneo”, descreve. Na época, Bárbara tinha 32 e Silas, 24. “Eu nem sabia que tinha Carnaval em Serra Negra. Depois daquele dia, voltamos muitos outros carnavais na cidade. Prefiro pular lá. Só não vou este ano porque minha filha vai comemorar seus 15 anos”, resigna-se a foliã. Encontros e desencontros Sabe aqueles filmes de romance marcados por diversas coincidências? A história da advogada Larissa Figueiredo Coelho, 30 anos, de Governador Valadares (MG), e do economista Brunno Henrique Sibin, 29 anos, que morava em São João da Boa Vista (SP), daria um bom enredo. Os dois se mudaram para Campinas em 2009 para estudar, moravam perto, frequentavam os mesmo lugares, mas nunca haviam se visto. A convite de diferentes amigos, em 2015, eles decidem passar o Carnaval em Belo Horizonte (MG). No ônibus, eles se encontraram pela primeira vez e trocam algumas palavras sobre trânsito, atraso. “O Bruno iria de avião, mas resolveu ir de ônibus para encontrar os amigos. E no meu caso, minha irmã comprou uma passagem que eu nunca compraria, que era para um ônibus que demoraria mais para chegar. Mas ao chegar em Belo Horizonte não nos falamos mais”, lembra Larissa Mas, o destino fez os dois se encontrarem novamente, em meio a uma multidão, durante uma festa fechada. Foi então que cruzaram o olhar novamente e começaram a conversar. Viram que, em Campinas, sempre estiverem muito perto um do outro. “Eu dei meu telefone para o Bruno, mas faltou um número daí não conseguimos nos falar, mas ele me achou nas redes sociais. Mesmo sem sabermos pegamos o mesmo ônibus que nos levaria de volta para Campinas. E daí pedimos para trocar de lugar para sentarmos juntos e não nos desgrudamos mais. Nos casamos faz um ano e meio e nossos Carnavais agora são sempre juntinhos”, diz Larissa. QUEM SÃO E O QUE QUEREM OS SOLTEIROS NO CARNAVAL (amostragem de 3.475 entrevistados) GÊNERO Mulheres – 46% Homens – 53,7% Outros – 0,3% IDADE 31 a 40 – 43,9% 21 a 30 – 29,4% 41 a 50 – 21,4% LOCALIDADE São Paulo capital- 46,2% Rio de Janeiro capital - 17,1% São Paulo estado – 15% Outras localidades – 21,7% (???) ONDE VÃO NO CARNAVAL? Blocos de rua – 60,9% Festas - 40,7% Bares – 40,5% Praia – 30,5% O QUE PENSAM Acreditam que é possível achar um amor verdadeiro na folia - 69,1% Dispostos a conhecer novas pessoas na festa – 97,7% Já se apaixonaram no Carnaval - 37,4% O “lance” carnavalesco se tornou um romance sério - 42% Fonte: The Inner Circle

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