O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), profetizou ontem que a Casa voltará do recesso “mais dura”. Mas em que sentido? A torcida do peemedebista não é para que o País volte a crescer ou que a economia melhore. A expectativa dele é que o aumento do desemprego faça surgir uma pressão da base eleitoral e desestabilize ainda mais o governo da presidente Dilma. Mas ele arremata: “A instabilidade não é boa para ninguém. Não desejo o insucesso de nenhum governo”. ParlamentarismoCunha é defensor do Parlamentarismo e tem feito esforços para mudar o sistema político brasileiro. Enquanto isso, grupos reclamam que na Casa o figurão do PMDB só demonstra autoritarismo. O peemedebista fará amanhã um balanço dos seus primeiros seis meses de “governo” num pronunciamento na TV e grupos já se organizam para bater panela. Na Câmara, 18 parlamentares lançaram um documento para contrapor suas falas. A frase"Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las." - Do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PSDB-RJ), sobre o delator que acusa o peemedebista de ter cobrado R$ 5 milhões em propinaUm retrocessoO documento dos parlamentares foi intitulado de “Um semestre de retrocesso” e conta com críticas às atitudes de Cunha, de limitar a participação popular nas decisões da Casa — com a entrega de senhas para que o público possa entrar no prédio — e também em estabelecer uma pauta conservadora que favorece o presidente em seus redutos eleitorais. É, Cunha tem feito escola! PropinaApesar da boa fase que diz viver e de endurecer o discurso contra o governo federal, Cunha agora precisa administrar o envolvimento direto do seu nome na Operação Lava Jato. Delator nas investigações da Lava Jato, o consultor Júlio Camargo afirmou à Justiça Federal que foi pressionado pelo presidente da Câmara a pagar US$ 5 milhões em propinas referentes a um contrato de US$ 1,2 bilhão de navios-sonda pela Petrobras entre 2006 e 2007. Segundo o delator, Cunha teria dito no encontro com empresários que era “merecedor” de R$ 5 milhões. Bomba para todos os lados. LiberouO vereador de Campinas Gustavo Petta (PCdoB) conseguiu na Justiça liberar suas emendas parlamentares aprovadas no ano passado, no período em que ele desempenhou o papel de deputado federal. Os valores foram represados pelo governo federal desde o agravamento da crise econômica e limitados para os deputados que atualmente exercem seus mandatos. A decisão de conceder a liminar para que as emendas de Petta sejam pagas foi do ministro do Superior Tribunal e Justiça, Napoleão Nunes. ValoresNo ano passado, Petta conseguiu aprovar a destinação de R$ 16,3 milhões em emendas para várias cidades de São Paulo, sendo mais de R$ 5 milhões para Campinas. Uma portaria do governo, porém, limitou a pouco mais de R$ 8 milhões o valor das emendas para cada deputado. “Neste caso, deixaríamos de enviar metade do que aprovamos para as cidades”, disse o vereador, que anda numa boa fase.ReformaA Câmara de Campinas listou uma série de problemas estruturais do prédio para justificar a reforma de R$ 3 milhões que prepara há meses e que agora, ao que tudo indica, sairá do papel. Do total de recursos que serão investidos, R$ 2 milhões serão para a troca da fiação elétrica e para resolver problemas como o de goteiras e infiltrações. O outro R$ 1 milhão será aplicado na modernização da rede de internet do Legislativo. A concorrência para contratar as empresas será aberta este mês. A previsão é que a obra comece em setembro. COLABOROU ERIC ROCHA/AAN