ig-carlo-carcani (AAn)
O Guarani foi a Belo Horizonte com desfalques em todos os setores do time e até no banco de reservas. Assim, o fato de ter voltado para Campinas com um ponto deve ser valorizado, já que seu adversário "renasceu" com a chegada de Felipão e reforços como o atacante William Pottker. É hoje um dos times mais fortes da Série B. Alguns torcedores, porém, ainda lamentam o resultado, já que o Bugre por três vezes esteve à frente no placar e sempre permitiu que o Cruzeiro chegasse à igualdade, inclusive quando tinha um homem a mais em campo. Independentemente do sabor que o empate por 3 a 3 teve para esse ou aquele torcedor, o bugrino deve atentar para o fato de que o Guarani trouxe de Minas Gerais mais do que um ponto. Para quem largou muito mal no campeonato e frequentou a zona de rebaixamento por algumas rodadas, conquistar 11 pontos em seis jogos é excelente. No mesmo período, apenas Chapecoense (14), América (13) e Cruzeiro (12) somaram mais do que isso. Tão importante quanto subir na tabela é alcançar essa pontuação praticando bom futebol. Felipe Conceição tem pouco tempo de trabalho no Brinco de Ouro, mas já conseguiu mudar a cara do time. Mesmo sem seus dois artilheiros e sem peças da defesa e do meio-campo, o Bugre foi a Belo Horizonte para jogar de igual para igual com o adversário. Não se intimidou diante do favoritismo azul, propôs o jogo e marcou três belos gols no Mineirão. Essa foi a segunda vez na história que o Bugre fez 3 gols no Cruzeiro como visitante. Não acontecia desde a vitória por 3 a 1 no Brasileirão de 1999, sob o comando de Carlos Alberto Silva. Não se discute que o resultado poderia ter sido melhor, mas mais importante do que isso para o Guarani é ter um técnico que monta sua equipe para jogar futebol em qualquer estádio e contra qualquer adversário da divisão. Se não foi cauteloso (uma palavra bonita para substituir 'retrancado') em Minas diante do Cruzeiro, então não será contra qualquer adversário que o Bugre deixará de ter a vitória como objetivo principal. Jogar para vencer, evidentemente, não se trata apenas de desejo e sim de capacidade. O Guarani teve postura de time que briga pelas primeiras posições. Essa nova mentalidade está diretamente ligada à recuperação no campeonato. Se for capaz de evoluir ou ao menos manter esse nível de atuação, o Guarani vai se livrar do fantasma do rebaixamento antes do Natal. Não é por acaso que o Cuibá (candidato ao acesso) e o Coritiba, que luta para se manter na Série A, tentaram tirar Felipe Conceição do Brinco de Ouro. Depois da decepção com Catalá, a diretoria foi muito feliz na escolha de seu novo treinador. Carlo Carcani é coordenador de esportes do Grupo RAC E-mail: [email protected]