Escassez de água para irrigação e calor excessivo prejudicam o desenvolvimento e a floração
A estiagem prolongada deste ano afeta fortemente a produção de flores e plantas ornamentais na região de Campinas. Parte dos agricultores de Holambra perdeu mais de 50% da produção nos últimos dois meses. A consequência vai recair sobre o bolso do consumidor. Com menos produto no mercado, os preços devem subir no varejo. Outro problema é a qualidade. Os produtos chegam às floriculturas e aos supermercados sem a exuberância habitual.O calor em excesso e também a escassez de água para irrigação prejudicam o desenvolvimento e a floração das plantas. Os problemas na lavoura terão reflexo nas vendas em datas importantes como o Dia da Mulher, comemorado no próximo dia 8 de março, e o Dia das Mães, celebrado no segundo domingo de maio. O cenário desanima os agricultores que esperam por chuvas nos próximos dias para reduzir as perdas.O clima será determinante para que os produtores decidam os próximos passos da produção de flores e plantas ornamentais. Mesmo as flores cultivadas em estufa estão sofrendo com a variação elevada da temperatura e a falta de chuvas. O agricultor, Sérgio Celegatti, afirmou que deixou de colocar no mercado, apenas em janeiro, 2 mil vasos de orquídeas. "As flores não estão abrindo. As temperaturas estão muito elevadas tanto durante o dia quanto à noite. As orquídeas precisam de temperaturas mais baixas pelo menos durante à noite" , comentou.Ele disse que no mês de janeiro 40% da produção não pode ser comercializada. "A produção mensal é de 5 mil vasos. O valor médio no atacado é de R$ 14,00 a R$ 16,00. Além de não conseguir comercializar as plantas que estão em produção, também parei de importar novas mudas. Não há como abrir espaço na estufa para novos vasos e também não temos água suficiente para iniciar nova produção" , disse. O agricultor deixou de importar 15 mil mudas entre dezembro e fevereiro. "A situação é muito preocupante" , ressaltou.Celegatti salientou que leva um ano e meio entre o replantio da muda, após a importação, e a venda do vaso de orquídea para o varejo. "O reflexo do problema que sofremos nesse início de ano vai se estender por muito tempo. A expectativa é que chova nos próximos meses para compensar a estiagem do começo de 2014" , comentou. O agricultor disse que é preciso uma mudança no clima para que as plantas voltem a florescer entre 40 e 45 dias. "As vendas do Dia da Mulher e das Mães serão influenciadas pelos estragos da estiagem. O mercado terá menos produtos para ofertar" , afirmou. Os produtos são comercializados como Flores Celegatti.O produtor disse que, além da quebra da produção, outra preocupação é com a falta de água. "A água é fundamental na produção agrícola. Sem chuva, os mananciais estão em nível crítico e a situação está preocupante. Na propriedade, a água vem de poço artesiano e também da coleta da chuva. Mas com a escassez estamos reduzindo o uso de água e a propriedade está com um estoque muito baixo de água coletada com as chuvas" , comentou. Ele frisou que o momento é importante para que todos se conscientizem sobre o uso racional da água.TristezaO produtor de rosas, Miguel Renato Esperança, afirmou que a situação é muito triste. "Houve uma antecipação das flores, mas a qualidade é muito inferior ao padrão normal. A estiagem diminuiu a produtividade das plantas e perdemos 15 mil hastes por dia. O volume significa metade da nossa produção diária" , disse. Ele comentou que, normalmente, cai 200 milímetros de chuva entre janeiro e fevereiro na região da propriedade, que fica em Holambra. "Neste ano, não caiu nem 40 milímetros", calculou.Esperança disse que a preocupação agora é com a produção para os próximos meses. "Tenho outra propriedade com cultura de rosas em Andradas, no estado de Minas Gerais. Lá a produção é em estufa e o clima é mais ameno do que na região de Campinas. Aqui em Holambra o plantio é em campo aberto. É preciso que volte a chover rápido. A nova poda para a próxima floração depende da chuva" , comentou. Os produtos chegam ao mercado como Rosas Esperança. Cada haste é comercializada por R$ 0,55 a R$ 0,60 no atacado.