Maduro ordena ocupação de rede de eletrodomésticos

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou nesta sexta-feira a "ocupação" da rede de lojas de eletrodomésticos Daka, acusada de elevar os preços de seus artigos, que a partir de agora serão vendidos "a preços justos". "Ordenei a ocupação desta rede de lojas para vender os produtos ao povo a um preço justo. Que não fique nada nas prateleiras, que não reste nada nos depósitos", disse Maduro durante um ato público no estado de Anzoátegui. O presidente revelou que os gerentes das lojas "já estão presos" e que os proprietários "terão que pagar por roubar o povo". A ocupação das lojas da rede Daka ocorre com base nas medidas adotadas na quarta-feira passada por Maduro para combater a chamada "guerra econômica" promovida por setores da oposição com o apoio de grupos de extrema direita de Colômbia e Estados Unidos, segundo o presidente. Nesta sexta-feira, inspetores do Instituto para a Defesa das Pessoas e o Acesso a Bens e Serviços (Indepabis) foram às lojas da rede e constataram que os eletrodomésticos importados superavam os preços autorizados. Segundo o governo, a rede Daka tem acesso a dólares no câmbio oficial (6,30 bolívares) para importar seus produtos, que são revendidos a preços muito superiores após a conversão para a moeda nacional. Na Venezuela, o dólar no câmbio negro vale cerca de 50 bolívares. "O percentual de superfaturamento (...), de roubo, chega a 1.000% nos preços dos produtos". Daka é uma rede que vende todo tipo de eletrodomésticos, com duas lojas em Caracas e três no interior do país. Na quarta-feira, Maduro anunciou um pacote de medidas para combater a especulação e a inflação, regular as importações e controlar a compra de dólares no câmbio oficial. Entre as medidas, o presidente informou a criação do Centro Nacional de Comércio Exterior, que "passará a dirigir e otimizar" todas as políticas de compra e venda de divisas, importações e de estímulo às exportações. Outra medida anunciada foi uma "operação cívico militar" para inspecionar empresas e lojas visando combater "a especulação" com os preços. "Vamos bater duro neste capital especulativo e anti-pátria (...). Vamos bater sem pena, com o peso da lei e da Constituição". Maduro acusa a oposição pelo desabastecimento crônico de gêneros de primeira necessidade que atinge a Venezuela. A crise econômica se aprofundou no país em 2013, com contínuas altas nos preços dos alimentos e escassez de diversos produtos, e a inflação nos últimos 12 meses na Venezuela somou 54,3% em outubro. O país enfrenta uma falta cíclica de alimentos como açúcar, café, óleo e leite, ou produtos básicos como papel higiênico.