Por incrível que pareça, o Brasil chega à 3ª rodada do futebol masculino com a obrigação de vencer a Dinamarca para seguir em busca do ouro olímpico. É incrível porque na estreia o time de Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus só empatou por 0 a 0 contra a África do Sul de Khune e Matoho. Depois, voltou a empatar pelo mesmo placar com o Iraque de Abdul-Raheem e Kareem. Não há justificativa para um início de campanha tão ruim, diante de adversários de pouca qualidade técnica. Não é a primeira vez que o Iraque dá trabalho a seleções mais tradicionais em Olimpíadas. Em Atenas-2004, antes de chegar à semifinal e ficar em 4º lugar, venceu Portugal (com Cristiano Ronaldo) por 4 a 2. Na disputa da medalha de bronze, o Iraque perdeu para a Itália por apenas 1 a 0. Mas isso não serve de justificativa para atuações tão ruins. O simples fato de ter um trio ofensivo composto por uma estrela do Barcelona, um atacante do Palmeiras já vendido ao Manchester City e outro do Santos a caminho de algum time grande da Itália já impõe à Seleção a obrigação de vencer África do Sul e Iraque. A cobrança sobre a Seleção Brasileira é enorme, mas isso não é desculpa. Apesar de muito jovem, o time está acostumado à pressão do futebol profissional. Não tenho dúvida que algumas críticas são exageradas. Queiram ou não, Neymar é de longe o melhor jogador brasileiro na atualidade. Com apenas 24 anos, é o 5º maior artilheiro da história da Seleção Brasileira. Neymar é genial, mas não vai ganhar todos os títulos que disputar. Assim como Messi, mesmo cercado de vários jogadores de alto nível, nunca ganhou um torneio profissional pela Argentina. É importante que Neymar aprenda a lidar com esse cenário. Ele não está jogando bem, seu comportamento como capitão está longe do aceitável e lhe falta espírito de seleção. Ficar de cara amarrada e ofender jornalistas e torcedores nas redes sociais são coisas que não ajudam em nada. Apesar do péssimo início, o Brasil segue como favorito ao ouro no Rio. Para chegar lá, além da Dinamarca, terá que vencer suas vaidades e jogar para dar alegria — e não uma resposta — à torcida. Acredito que o primeiro gol vai aliviar a ansiedade e melhorar o rendimento do time. A Seleção não tem sido apática, não tem deixado de lutar. O problema é que está lutando do jeito errado, preocupada em calar os críticos. O Brasil precisa dar o seu melhor para ser campeão olímpico. Precisa entrar em campo com sede de vitória e não com rancor.
