MEIO AMBIENTE

Lixo cresce mais que população em Campinas

Com quase um quilo descartado por cada morador todos os dias, cidade dobra geração de resíduos

Maria Teresa Costa
01/06/2013 às 05:05.
Atualizado em 25/04/2022 às 16:25

A mudança nos hábitos de consumo da população e a elevação do poder de compra estão impactando a sustentabilidade de Campinas, com aumento na geração de lixo. Nos últimos 20 anos, a produção de resíduos domésticos cresceu três vezes mais que a população e a má notícia é que, quanto mais aumenta o poder de compra, mais lixo é produzido. Nessas duas décadas, a população cresceu 25,3% e o lixo, 74,3%, gerando um custo mensal de R$ 6,7 milhões para recolher e dar destino final a essa montanha de dejetos.

Há 20 anos, Campinas produzia 475,6 mil quilos por dia. Hoje, são mil toneladas. Por causa das mudanças no consumo, o descarte de garrafas PET, isopor, latas, copos descartáveis, sacolas plásticas e todo tipo de embalagem só cresceu. Os produtos descartáveis, disse o engenheiro sanitário Sérgio Ruiz, representam facilidades no cotidiano das pessoas, mas, se não forem administrados de forma correta, aumentam a produção de resíduos num volume gigantesco. “Com tamanha quantidade de descarte, não há poder público no mundo que consiga prover estrutura suficiente para absorver isso tudo”, afirmou.

A redução dessa produção — cada habitante de Campinas gera 0,91 quilo de lixo diário, enquanto há 20 anos produzia 0,522 — é tarefa de longo prazo e vai exigir educação ambiental e mudança de processos produtivos, segundo a a bióloga da Pró Ambiente Assessoria Ambiental Maria de Fátima Tonon.

Uma das atitudes que a população pode adotar, disse, é recusar as superembalagens. “Veja um exemplo: você vai comprar uma camisa para dar de presente. Ela vem com um monte de papelão para garantir a dobra impecável, é colocada dentro de um saco plástico, depois dentro de uma caixa, é embrulhada com papel de presente e ainda colocada dentro de uma sacola. No fundo, tem mais lixo que presente ali e todas essas embalagens serão descartadas, aumentando a geração de lixo.”

Comprar verduras, frutas e legumes em feiras orgânicas também ajuda a reduzir o volume de lixo, segundo a ambientalista Mirela Cardoso. “Além de ter produtos mais frescos, a gente se livra das bandejas e plásticos. Mesmo quando tem que ir ao supermercado, levar a própria sacola também ajuda a se livrar daquele monte de sacolinhas plásticas”, sugere. Na lista das atitudes, para quem pode, está a instalação de triturador nas pias das cozinhas. Os restos de alimentos são processados e vão para a rede de esgoto na forma líquida. “Armazenar o óleo de fritura e levar para reciclagem também ajuda a proteger o ambiente”, afirmou Mirela.

Será um processo longo e necessário de educação para que a população compre a ideia de reduzir o lixo doméstico. Além do aumento da renda, um fator que influenciou muito na geração de lixo, conforme o economista Geraldo Culher, foi a entrada da mulher no mercado de trabalho. “Não há tempo para cozinhar diariamente e, com isso, as pessoas passaram a consumir produtos mais elaborados, como comida congelada, sucos industrializados, molhos e sopas semiprontos, que têm uma grande quantidade de embalagens”, disse.

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