Esforço repetitivo no trabalho se transformou na principal causa de afastamentos de profissionais
As lesões por esforços repetitivos (LER) são uma epidemia no Brasil. Dor, parestesia (frio, calor, formigamento ou pressão), sensação de peso e fadiga, principalmente nos ombros, são sintomas de um tipo de problema que afasta cerca de 100 mil trabalhadores por ano, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Embora ainda não estejam bem definidas as causas da LER, pois duas pessoas que realizam a mesma função, com a mesma intensidade, uma pode e a outra não desenvolver o quadro, já é bem claro que sua ocorrência está relacionada a mecanismos de agressão”, explica o especialista em ortopedia Sérgio Rosa.
Esses mecanismos de agressão, segundo o especialista, vão desde esforços repetidos continuadamente ou que exigem muita força na execução, com a pessoa não preparada fisicamente para realizar determinada função e com o ambiente sem ou com pouca ergonometria (conjunto de estudos que visam a organização metódica do trabalho em função do fim proposto e das relações entre o homem e a máquina). E o pior, o problema costuma se manifestar no auge da carreira profissional, entre 30 e 40 anos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Rosa, que atua na Ortoclínica Campinas, Nova Ortopedia Valinhos e Santa Casa de Valinhos, explica que os sintomas da LER são diferentes de pessoa para pessoa e variam tanto de intensidade como localização, mas normalmente despontam com dores nos membros superiores ou inferiores e nos dedos, edema (inchaço) nas articulações, formigamento, fadiga muscular, alteração da temperatura e da sensibilidade, redução na amplitude do movimento, inflamação, tendinite, tenossinovite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, dedo em gatilho, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome do pronador redondo e mialgias (afetam músculos, nervos e tendões dos membros superiores principalmente e sobrecarrega o sistema musculo esquelético).
Não existe um exame específico para diagnóstico de LER. “O diagnóstico é clínico, sendo necessário correlacionar os sintomas com a atividade do paciente, no que é fundamental a avaliação de um médico do trabalho”, explica o especialista. Rosa acrescenta que o tratamento e a cura dependem do estágio de evolução do quadro, sendo indispensável o tratamento interdisciplinar, de acordo com as necessidades do paciente, como acompanhamento médico, fisioterapêutico, psicológico, terapia ocupacional e acupuntura. “O acompanhamento psicológico é feito nos casos em que há traços de depressão”, orienta. “Os remédios antiinflamatórios também são prescritos durante o tratamento.”
Em muitos casos, de acordo com Rosa, o paciente necessita mudar de função no trabalho para não apresentar mais os sintomas. “O número de pessoas acometidas por LER é impossível de ser quantificada, pois varia de acordo com a característica física de cada um, mas este número vem aumentando em virtude da especificação profissional de hoje, em que o trabalhador acaba ficando em uma função só, não rodiziando em outras áreas, além da informatização ter aumentado o trabalho basicamente em um teclado ou mouse.”