Ilhas são oásis em meio ao agitado estilo de vida das cidades norte-americanas
Pôr do sol em Key West ( Divulgação)
Cores desconcertantes, paisagens paradisíacas e povo hospitaleiro. Estar em Keys é mais do que apreciar um mar azul-turquesa (por vezes verde-esmeralda) de tirar o fôlego ou se deslumbrar com o mais bonito pôr do sol norte-americano — palavras de alguns moradores da região e, sim, o espetáculo ao fim da tarde é realmente maravilhoso, eu recomendo. Estar em Keys é se encantar com um estilo de vida diferente do agitado american way of life, muito mais tranquilo, longe de grandes cidades, do consumismo desenfreado e do trânsito absurdo. O destino fica bem no finzinho do Estado da Flórida. A região é formada por ilhas e ilhotas espalhadas em uma extensão de aproximadamente 260 quilômetros ao Sul de Miami. As ilhas são interligadas por extensas pontes e é ai que começa o show. A estrada que liga Miami até a última cidade da região, Key West, chamada Highway 1, é simplesmente espetacular. A rodovia fica entre o Oceano Atlântico e o Golfo do México, sobre águas límpidas, um verdadeiro deleite aos olhos. As pontes que interligam o continente às ilhas passam por cima do oceano e já fazem parte do roteiro para os viajantes. Há voos internos para Key West, mas vale muito a pena pegar o carro e rodar pela estrada, aproveitando para parar em alguns mirantes e fazer belas fotografias com a imensidão azul como pano de fundo. Foto: Divulgação Key Largo O estreito é formado por cinco ilhas maiores: Key Largo, Islamorada, Marathon, Bia Pine Key e Key West. A porta de entrada para os Keys, como é popularmente chamada, é a cidade de Key Largo, que fica a apenas 80 quilômetros de Miami. A ilha tem uma beleza natural fantástica e muito procurada por viajantes que gostam de mergulhar. Há navios naufragados e estátuas submersas, como a do Cristo, que atraem mergulhadores do mundo todo, além de barreiras de corais impressionantes.Em Key Largo, é interessante passar um tempo ou ao menos meio dia no John Pennekamp Coral Reef State Park, um parque estadual completo com praia, vegetação típica — os intermináveis mangroves ou manguezais que se espalham por toda a Costa da região —, passeio de barco, museu, aluguel de caiaque, barcos e canoas e mergulho com snorkel e scuba. A casa onde fica a administração possui um pequeno aquário que mostra a vida marinha local e até uma sala de vídeo, além de banheiros e duchas à disposição dos viajantes. O Coral Reef State Park fica a cerca de uma hora e meia de Miami de carro e o que é mais legal é que é bem baratinho para entrar. O tíquete custa oito dólares para a família (por carro de dois a oito passageiros). Pedestres, ciclistas e passageiros extras pagam apenas dois dólares para entrar. Há estacionamento dentro do complexo. O local é estruturado com guias que informam o tempo todo sobre o ecossistema local, os tipos de peixes e corais. A informação é toda em inglês, mas na região a maioria das pessoas consegue arriscar ao menos o espanhol. Um dos passeios mais interessantes é com o barco com fundo de vidro, com duas horas e meia de duração. Nele, é possível apreciar peixes bem de pertinho, arraias, tubarões, águas vivas, entre outras espécies. Já o passeio de caiaque acontece tanto no mar aberto quanto em meio ao manguezal e pode ser feito também por crianças na companhia de um adulto. Apesar da praia não ser deslumbrante para o turista brasileiro, — a areia é cheia de pedrinhas um pouco desconfortáveis — é possível tomar um solzinho, fazer piquenique em mesinhas e até mesmo um churrasco. Em Key Largo, todos os anos, em janeiro, acontece também o festival de caranguejos e frutos do mar, com música ao vivo, brincadeiras para crianças e restaurantes que oferecem pratos típicos da região a preços acessíveis, tudo à beira do oceano. Linda IslamoradaGraciosa. Essa é a palavra que define a ilha de Islamorada. Serena, bela por natureza e apaixonante, o destino é uma típica ilha de pescadores. À beira da estrada, observamos casas e estabelecimentos comerciais simples, até meio rústicos, contrastando com hotéis e resorts sofisticados e de luxo. Com pouquíssimos habitantes, a ilha a princípio foi batizada de Island Home, mas seus primeiros colonizadores mudaram e traduziram o nome para o espanhol, acreditando ser Islamorada uma definição mais romântica para a charmosa região. É uma área ecologicamente correta que se importa com a preservação do verde, com o bem-estar de seus moradores e diminuição da emissão de poluentes. A fofa Islamorada é cheia de resorts e restaurantes, dos mais simples aos mais requintados. Entre os hotéis destaca-se o Guy Harvey Outpost, um resort que mistura a simplicidade típica da região com o luxo da rede hoteleira. Piscinas, jacuzzi, tudo na faixa de areia e com um pezinho já na água salgada. Há ainda festas à beira-mar, restaurantes, barcos à vela e toda uma programação para as crianças. Mas o mais impressionante mesmo é o nascer do sol com uma paisagem belíssima, uma sensação de calmaria sem fim. Foto: Divulgação As pontes Seven Mile Em Islamorada, todo mês de janeiro é realizado o Festival de Comidas e Vinhos, à beira do deck, em frente ao mar. O evento bastante tradicional na região atrai turistas de todo o país que petiscam iguarias feitas por chefs locais, especialmente frutos do mar, com vinhos produzidos nos Estados Unidos. A ilha também é conhecida tradicionalmente pela pesca esportiva de alto nível e pela prática de esportes aquáticos, tais como mergulho, snorkeling, entre outros. Um passeio superbacana para quem visita Islamorada é o Museu do Mergulho ou History of Diving Museum. Mesmo que não seja amante da modalidade, vale muito a pena conhecer o espaço que fica (assim como tudo por ali) à beira da estrada. Olhando por fora, é possível que o visitante se decepcione e pense: “Por que estou perdendo meu tempo aqui?” Mas o espaço guarda uma preciosidade e variedade incrível de itens sobre mergulho. O museu tem guia, sala de vídeo e objetos interativos. Cada sala do museu foi devidamente pensada pelos curadores e a quantidade de objetos impressiona qualquer turista, especialmente os escafandros — trajes de mergulho utilizados ao longo do tempo —, quadros e imagens históricas. Por ser caminho para Key West, a atração, que também é bem acessível, pode e deve ser incluída no roteiro de viagem.Café da manhã à beira marQue tal tomar café da manhã em uma mesa debaixo da árvore, de frente para o mar e de quebra ainda alimentar peixes gigantes, os chamados tarpons? Ainda em Islamorada, visitar o Robbie’s Marina é quase obrigatório, sem exagero. Como o próprio nome diz, o espaço tem uma marina, além de restaurante, lojinhas e vendedores de peixes. Se o visitante quiser fugir da mesmice dos cafés da manhã dentro de padarias ou hotéis, pode aproveitar para desfrutar do oferecido no restaurante Hungry Tarpon, que fica anexo à marina, e com uma vista deslumbrante. O ambiente é simples, mas muito aconchegante e agradável (com exceção dos pernilongos). Entre os pratos mais pedidos no breakfast estão as famosas panquecas americanas, os ovos com bacon, sucos e lanches. Tudo típico americano, mas com um toque acolhedor, já que toda a região lembra um pequeno vilarejo. No mesmo local, após a refeição, a dica é aproveitar o passeio de caiaque, com possibilidade de ir com o guia, entre o manguezal fechado, passando por baixo de árvores, e observar a vegetação típica, as casas de moradores locais na beira dos canais e seguir até o mar aberto, azul e límpido. A experiência é única e bem tranquila até mesmo para quem não costuma praticar exercícios com regularidade. Ali o turista também consegue alugar jet-ski e barcos. É importante lembrar que é preciso levar roupas de banho para a prática das atividades aquáticas. Por fim, com cinco dólares, o visitante compra um balde com peixinhos para alimentar os famintos tarpons (se os pelicanos que vivem ali deixarem). O peixão selvagem é encontrado aos montes. Acostumados com a fartura de comida, os danados rondam o píer à procura de alimento. Há quem se atreva a esticar a mão com o peixinho, mas, particularmente, fiquei com receio de levar uma mordida do tarpon, que ali são numerosos e muito grandes. Tio Sam com tempero caribenho Recentemente aberto, o Aquário Encounters, que fica em Marathon, garante uma experiência incrível para quem curte mergulhar. O local, embora pequeno, é ideal para ir com turmas e com crianças. Ele oferece a possibilidade de mergulhar em tanques gigantes e alimentar tubarões (há um vidro que separa o nadador dos tubarões, apenas com um buraco onde a pessoa coloca o peixe e espera a abocanhada), nadar ao lado de peixes, lagostas e arraias. Além das atividades, no parque há tanques com animais marinhos que podem ser tocados e apreciados. As arraias são bastante dóceis e, assim como qualquer outro animal quase que domesticado, são atraídas pela comida que os visitantes lhes dão. Para grupos maiores é interessante fazer a reserva antecipada. O local tem estrutura com banheiro, vestiário, chuveiros E lojinha de suvenires.Parada obrigatóriaNo meio do caminho tinha uma ponte, tinha uma ponte no meio do caminho. Só que a ponte, neste caso, tem um buraco no meio, uma fenda ou ruptura que impede qualquer um de atravessá-la. A imagem é real e fica na ilha de Big Pine, famosa principalmente pelo estarrecedor Bahia Honda State Park, um parque estadual no qual o turista paga menos de 10 dólares por carro para entrar. A vista é maravilhosa, uma das mais bonitas de toda a viagem aos Keys. O parque fica ao lado da antiga estrada que levaria até Key West, cuja ponte jamais foi terminada e que se transformou em cartão-postal. Foto: Divulgação passeio de trenzinho em Key West O destino é apaixonante e conhecido por ter uma das praias mais bonitas dos Estados Unidos, com águas calmas da mesma cor do Caribe. O parque é bem grande e frequentado por pessoas que gostam de caminhar, correr, passear de caiaque, fazer snorkel e se banhar. Além disso, há espaço para acampamento, ciclismo, piqueniques e observação da flora e da fauna, já que muitas espécies encontradas por lá são raras, incluindo originárias do Caribe. Existem algumas trilhas e caminhos que levam o visitante a ter uma vista panorâmica da ilha, com a ponte ao fundo e o oceano impactante. Assim como toda a região de Keys, o parque possui um espaço simpático para a celebração de casamentos, com vista para o mar e um ar totalmente romântico.Key WestNo finzinho da Flórida está a intimidante e apaixonante Key West, a maior e mais populosa cidade do arquipélago. Chegar em Key West é ter certeza de que irá presenciar o pôr do sol mais bonito dos Estados Unidos. O fenômeno em Mallory Square é atração obrigatória para quem visita a cidade. Mas é preciso chegar cedo à praça onde as pessoas se espremem, à beira do mar, para ver o pôr do sol. O local oferece, além da beleza natural, vários restaurantes, bares e artistas de rua, como ilusionistas, engolidores de fogo, equilibristas, sem contar as barracas de suvenires e comidas. Apesar de ser a última cidade da região para quem chega de Miami ou Orlando, Key West é a primeira para quem chega pelo Caribe. O porto é rota de cruzeiros que partem dos Estados Unidos e passam por pequenos países na América Central. Para se ter uma ideia de sua localização, a cidade fica a menos de 150 quilômetros de Cuba e alguns moradores dizem que é possível, à noite, ver as luzes de Havana, mas tudo não passa de um boato. A beleza da cidade começa por sua arquitetura. Casas de madeira em tons pasteis, originárias do século 19, têm uma preservação impecável. Muitas delas funcionam como pousadas e é uma opção para quem quer se hospedar em um hotel mais aconchegante. Um detalhe curioso são os abacaxis presentes na decoração local, seja como luminárias, quadros ou esculturas. Fato é que os abacaxis estão por todo lado e são muito simpáticos — acredite se quiser: as frutas decorativas mudam o status de brega para descolado. Key West também é considerado um dos principais destinos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) dos EUA. Há bares, clubes e até pousadas para esse público. Foto: Divulgação Praia na baía Honda A péUma boa maneira de conhecer o Centro de Key West é a pé, pelas ruas que lembram um "faroeste praiano". Outra opção é fazer o passeio de bondinho. O receptivo motorista faz o trajeto por toda a cidade dando detalhes das construções, dos museus e dos prédios históricos. O passeio dura cerca de uma hora e tem 12 paradas, inclusive em alguns hotéis. O bacana é que o turista pode subir e descer em qualquer parada, portanto, se o passageiro quiser ir para a região das praias sem andar poderá pegar uma “carona” no bonde por um preço bem acessível. Entre as construções que mais se destacam está a casa do escritor norte-americano Ernest Hemingway, que passou boa parte de sua vida morando em Key West e em Cuba. A mansão, hoje museu, tem guias com praticamente todas as línguas, exceto o português, o que deve ser providenciado este ano, tamanho o número de turistas brasileiros que desembarcam em toda a Flórida. A casa foi construída em 1851 e é muito bem-cuidada. É um dos pontos mais visitados da cidade, fica sempre cheia com grupos de turistas e é parada para sessão de fotos. Curiosamente, o imóvel possui a primeira piscina construída em Key West e um belo jardim cheio de gatos. Os felinos são amados na casa: todos possuem nome de famosos e, em um cantinho, há até cemitério para que descansem em paz. A cidade está cheia de centros de arte, como o Museu de Arte e História, um belo prédio de quatro andares que conta a história da ilha e novamente ponto de parada para fotos. Outra opção é o Southernmost Point, o ponto mais ao Sul dos EUA (ou o mais próximo de Cuba), onde visitantes fazem fotos — marca registrada de quem visita Key West. Apesar de ser uma cidade perfeita para atividades à luz do dia, Key West também tem uma vida noturna agitada, com bares, casas noturnas, música ao vivo, casas de show e restaurantes. Foto: Divulgação Nado com golfinhos em Marathon Um dos bares mais populares é o Willie T’s, onde cada visitante deixa um dólar que reveste as paredes, o teto, as portas e as colunas, enfim, simplesmente o ambiente inteiro do boteco. Reza a lenda que o dono soma, em seu imóvel, mais de $ 1 milhão de dólares. Atrações bizarras e pouco usuais também fazem parte da vida noturna de Key West. Quem viaja com crianças ou adolescentes pode contratar o Caçador de Fantasmas — coisas que só vemos nos Estados Unidos. Como a cidade carrega um ar misterioso, o “caçador” reúne o grupo e, de modo bastante teatral e interativo, faz um tour a pé pelas ruelas, indicando casas onde é possível encontrar fantasmas. A parte-chave da atração é quando o grupo entra em um prédio abandonado, escuro, apenas com as luzes das lanternas. Diferente, mas nada tão assustador para quem tem mais de 15 anos.Dry-TortugasPara quem tem um dia a mais na viagem, uma dica é aproveitar o passeio no Dry Tortugas National Park. Basicamente, trata-se de uma pequena ilha onde um forte foi construído entre 1846 e 1875. O local, que fica a 113 quilômetros de Key West, virou parque e área de preservação no começo dos anos 1990. Para se chegar lá, é preciso pegar um hidroavião por um preço nada amigável: cerca de R$ 500 por pessoa. Entretanto, quem vai não se decepciona: o mar é absolutamente azul, o local é deserto e a paisagem é incrível. Há duas opções de passeio: passar algumas horas ou o dia todo.Key Lime PieEm qualquer restaurante que o visitante vá em Florida Keys, irá encontrar a tradicional torta de lima, típica da região. Boa? Sim, mas nada mais do que uma torta de limão como a que conhecemos no Brasil, com um toque um pouco mais ácido. Vale a pena experimentar a sobremesa, até mesmo porque os moradores são superorgulhosos de sua mais famosa iguaria da culinária. Voando A Azul voa para a Flórida com frequências diárias para Fort Lauderdale/Miami e Orlando. A American também tem um voo diário para Miami. A GOL voa para Miami 3 vezes por semana. A jornalista viajou a convite do Visit Florida, órhão oficial de turismo do Estado da Flórida