Segunda audiência volta a reunir 22 réus no processo do escândalo de propinas da Prefeitura
Ex-presidente da Sanasa Luiz Augusto Castrillon de Aquino já foi ouvido (Cedoc/RAC)
Os 22 réus do Caso Sanasa se encontram hoje na segunda audiência de julgamento comandada pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Campinas, Nelson Augusto Bernardes. Os primeiros a serem interrogados serão os empresários Augusto e Alfredo Antunes, donos da empresa Global Serviços. Os dois disseram ao Ministério Público (MP) que pagaram propina para o prefeito cassado Demétrio Vilagra (PT), quando o petista estava em campanha e era candidato a vice do também prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT). Esta é a segunda sessão da Justiça destinada ao interrogatório dos réus.
Por enquanto, apenas o delator do esquema de fraudes em licitação e corrupção, o ex-presidente da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa) Luiz Augusto Castrillon de Aquino foi ouvido por Bernardes. Esta é a última fase judicial antes de o juiz decidir ou não pela condenação dos acusados. A audiência será na Cidade Judiciária e está marcada para as 13h30.
No primeiro interrogatório do caso, Aquino confirmou ao juiz o esquema de fraudes nos contratos e também o desvio dos recursos públicos coordenados pela então primeira-dama, Rosely Nassim Jorge Santos.
Os empresários da Global Serviços, pai e filho, Alfredo e Augusto Antunes, foram presos na megaoperação do MP que apura fraudes em contratos, corrupção e formação de quadrilha em Campinas. Os dois revelaram à Promotoria, em depoimento durante o período em que estiveram presos, que pagavam propina diretamente ao presidente da Sanasa para manter o contrato de manutenção predial e áreas verdes.
Alfredo e Augusto Antunes também teriam pago valores para o vice-prefeito Demétrio, que seria destinado ao pagamento de dívidas de campanha.
A afirmação faz parte dos depoimentos formais dados ao Gaeco pelos donos da Global pouco antes do escândalo vir à tona na cidade, em 2011. Eles afirmaram terem dado R$ 20 mil em dinheiro ao vice-prefeito, valor não-declarado oficialmente. “Em certa ocasião, encontrei-me com o Demétrio num churrasco que estava sendo realizado no barracão da minha empresa e ele me pediu um dinheiro para pagamento de dívidas. Segundo o Demétrio, eram dívidas de campanha”, afirmou Alfredo, em sua declaração aos promotores.
O caso
O Caso Sanasa veio à tona em maio de 2011, quando o MP desbaratou um esquema de fraudes em licitações na empresa pública. Na época, uma megaoperação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, levou para a cadeia empresários e dirigentes públicos. No esquema identificado pelo MP, a ex-primeira-dama cobraria de empresários entre 5% e 10% do valor do contrato em propina para direcionar as licitações. Como resultado da operação, o prefeito Hélio foi cassado pela Câmara e, em seguida, Demétrio também perdeu seu mandato.
Na Justiça, já foram ouvidas todas as testemunhas de defesa e de acusação dos réus. A última fase é a do interrogatório. Porém, os acusados podem se manter em silêncio durante as audiências.