Torcedores estão detidos desde o dia 21 de fevereiro na cidade de Oruro
Em julgamento realizado nesta terça-feira (12), a Justiça boliviana rejeitou o pedido de liberdade provisória aos 12 torcedores corintianos que estão presos em Oruro desde o dia 21 de fevereiro, acusados pela morte de Kevin Beltrán Espada, de 14 anos. As investigações prosseguem e, de acordo com as leis da Bolívia, a prisão preventiva pode durar até seis meses.
Em São Paulo, aproximadamente 150 pessoas participaram nesta terça-feira, no início da tarde, de um protesto na frente do Consulado da Bolívia, na Avenida Paulista, com o objetivo de pressionar a Justiça boliviana a não só conceder a liberdade provisória dos 12 corintianos presos, mas a arquivar o processo contra eles.
Além da calçada, os protestantes ocuparam por 1 hora uma das faixas da avenida no sentido do Paraíso. Carregando bandeiras e faixas, os torcedores cantaram o hino do Corinthians. E também gritaram "Queremos liberdade", assim como o nome de cada um dos 12 presos - nove deles são associados da Gaviões da Fiel e três da Pavilhão Nove.
O presidente da Gaviões da Fiel, Antônio Alan Souza Silva, mais conhecido como Donizete, tentou uma audiência com o cônsul-geral boliviano, Jaime Valdivia Almanza, mas, como não foi atendido, entregou uma carta a funcionários da representação do país na qual critica o Judiciário da Bolívia. "É inconcebível que uma nação que zela pelos direitos humanos conduza dessa maneira o caso, já que o autor do incidente se apresentou", diz trecho do documento.
O consulado comprometeu-se a levar a carta à Embaixada em Brasília e solicitar que seja encaminhada às autoridades competentes na Bolívia no máximo até segunda-feira.
O presidente da Gaviões da Fiel também atacou o governo brasileiro por, segundo ele, ser omisso. "Este não é um movimento só da torcida do Corinthians, mas, sim, do povo brasileiro porque 12 brasileiros foram presos aleatoriamente", diz.
No dia 2 de março, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, em visita a Cochabamba se encontrou com o presidente da Bolívia, Evo Morales, e pediu a "garantia do direito de defesa dos brasileiros".
Se os 12 corintianos não voltarem para o Brasil nos próximos, dias os líderes das torcidas prometem organizar uma caravana para protestar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
SILÊNCIO
Dizendo estar orientado pelo advogado da organizada, o presidente da Gaviões da Fiel não quis comentar a participação de um outro torcedor no disparo do sinalizador que matou Kevin Beltrán Espada. Reportagem exibida no domingo pelo Fantástico, da Rede Globo, mostrou que uma pessoa ajudou o menor autor do disparo a retirar o artefato de uma mochila.
Em entrevista à emissora, o advogado da Gaviões, Ricardo Cabral, identificou esse segundo torcedor como sendo Cristiano Rocha de Miranda, conhecido como Magrão.