INDAIATUBA

Justiça Federal apreende 45 carros de luxo

Veículos de luxo teriam sido comprados com dinheiro de possível esquema de pirâmide

Felipe Tonon
05/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:11
Fachada da empresa, com sede em Indaiatuba: grupo trabalha com venda de rastreadores de veículos e cobra taxa de adesão e mensalidade (Rodrigo Zanotto/Especial para a AAN)

Fachada da empresa, com sede em Indaiatuba: grupo trabalha com venda de rastreadores de veículos e cobra taxa de adesão e mensalidade (Rodrigo Zanotto/Especial para a AAN)

A Justiça Federal determinou a apreensão de 45 carros de luxo da empresa Embrasystem Tecnologia em Sistemas, Importação e Exportação Ltda (BBom) e de outros quatro automóveis registrados em nome de um dos sócios, João Francisco de Paulo.Os bens da companhia, com sede em Indaiatuba, foram bloqueados em julho e sua operação está suspensa desde então. A BBom trabalha com a venda de rastreadores de veículos.As investigações são conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Estado de Goiás, que suspeitam da existência de um esquema de pirâmide financeira no negócio.De acordo com a Promotoria federal, os veículos luxuosos foram supostamente adquiridos por meios criminosos e o objetivo das apreensões é garantir eventual ressarcimento a investidores e aos cofres públicos.A movimentação financeira da Embrasystem também é expressiva, aponta o MPF. “Além da impressionante quantidade de carros de luxo em nome da empresa, João Francisco recebeu em suas contas pessoais mais de R$ 11 milhões e chegou a investir, apenas em maio e junho de 2013, R$ 4 milhões em fundos de previdência privada”, informa nota enviada à imprensa.Entre os alvos do sequestro de bens realizado pela Polícia Federal, estão 18 Mercedes Benz, quatro Lamborghinis, três Ferraris, uma Maserati e um Rolls Royce Ghost.Segundo os promotores, há indícios de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.Todas as contas bancárias em nome da Embrasystem e dos sócios João Francisco de Paulo, Jefferson Bernardo de Lima e José Fernando Klinke também foram bloqueadas.Sediada em Indaiatuba, a Embrasystem, cujos nomes fantasia são Unepxmil e BBom, atuaria no mercado oferecendo a possibilidade de consumidores aderirem ao Sistema BBom, mediante pagamento de taxa de associação e mensalidades, a partir de R$ 79,90, pelo prazo de 36 meses pelo uso do rastreador.Durante esse período, teriam que arrebanhar novos associados, que, por sua vez, deveriam se comprometer a pagar as mencionadas taxas e a trazer outros compradores.“A atratividade do esquema estaria no pagamento das bonificações, o que lhe daria características de autêntica pirâmide, pois quem entra depois no esquema não consegue recuperar seu investimento”, afirmou o MPF, que identificou ligações com a Telexfree, que também é acusada de promover pirâmide financeira.“O esquema BBom seria o sucessor do Telexfree, conforme demonstram transações financeiras realizadas entre as duas empresas e entre pessoas em comum. A comercialização de rastreadores veiculares, apontada como a principal atividade da BBom, seria apenas um pretexto para disfarçar a pirâmide financeira”, informa o Ministério Público.Outro ladoA empresa informou por meio de assessoria de imprensa que aguarda decisão da Justiça Federal para retomar a adesão de novos associados.“As ações movidas pelo Ministério Público de Goiás e de São Paulo referem-se apenas à BBom, empresa que trabalha com o marketing multinível na comercialização dos rastreadores. Todas as solicitações feitas pela Justiça Federal de São Paulo quanto à apreensão dos carros já foram atendidas, inclusive com a entrega total deles. A empresa está colaborando com todas as informações solicitadas e mostrando o trabalho sério que realiza em todo o País”, informou.Apesar de estar impedida de comercializar novos produtos, a Embrasystem informou que a Unepxmil, que mantém o Centro de Monitoramento e a fábrica de rastreadores, em São José do Rio Preto, continua com as operações comerciais normalmente, uma vez que as ações jurídicas não afetam a comercialização dessas empresas.

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