Justiça afasta presidente da Câmara de Paulínia

A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público (MP) em ação civil contra o ex-prefeito de Paulínia Edson Moura Junior (PMDB), o presidente da Câmara Municipal, Sandro Caprino (PRB), o ex-secretário de Finanças e a ex-diretora financeira por suposto desvio de R$ 17.385.550,83 de recursos públicos, considerados despesas de serviços essenciais e utilizados, pelos acusados, para outros fins.   O juiz Carlos Eduardo Mendes, da 1ª Vara do Foro Distrital de Paulínia, afastou o vereador Sandro Caprino do cargo por considerá-lo como ordenador das despesas no período em que esteve como prefeito interino, entre os dias 5 e 6 de fevereiro. Em seu despacho, Eduardo Mendes relata que, nas 48 horas em que permaneceu à frente do Executivo Sandro Caprino ordenou pagamentos que totalizaram a quantia de R$ 17.385.550,83, solicitando a transferência de valores de contas bancárias específicas, para o movimento geral da Prefeitura, na ordem de R$ 12.720.000,00.   O MP considerou que os pagamentos foram direcionados, sem obediência de ordem cronológica, em detrimento de serviços essenciais, como os relacionados à saúde e habitação.   Nesta segunda-feira (30), horas antes do despacho do juiz, Caprino convocou a imprensa para informar que estava oferecendo à Justiça a quebra do próprio sigilo bancário, fiscal e telefônico.   "Não sou ordenador de despesas nos dias 2 e 4 (fevereiro), minha responsabilidade é dia 5 e 6. Quero que provem se tenho assinatura para tirar da secretarias e ir para a conta bancária", rebateu Caprino. Quando ocupou o cargo de prefeito interino Caprino disse que apenas fez pagamentos de ordens já assinadas pelo então prefeito Moura Junior.   Segundo ele, foram pagos FGTS do funcionário público ao valor de R$ 174 mil; R$ 2,4 milhões para o fundo de previdência Pauliprev; uma parcela do Estúdio Cinematográfico de Paulínia no valor de R$ 2,9 milhões; uma parcela referente a reforma do hospital municipal de R$ 2,6 milhões; notas da Secretaria de Saúde que somaram R$ 30 mil e três cartas convite do Natal das Luzes de R$ 154 mil no total. "Se o cheque foi compensado no dia 5 e 6 da conta do Prefeito isso precisa ser verificado no banco, pois não é responsabilidade minha", disse. O juiz Eduardo Mendes frisou no documento que a ordem de empossamento do segundo colocado, José Pavan Júnior (PSB) já era conhecida por todos, no dia 4 de fevereiro, "sendo ululante a pressa dos envolvidos em realizar pagamentos a fornecedores não urgentes, como a empresa de cinematografia de Paulínia".   Por tal razão, e considerando que Sandro Caprino "ainda atua como ordenador de despesas, por ocupar o cargo de Presidente da Câmara", o juiz determinou o afastamento de Caprino, como "medida de cautela e preservação da correta destinação das verbas públicas".   A suplente Maria das Mercês Rosa Fraga (PTB), que recebeu 557 votos nas eleições de 2012, deve assumir o posto de Caprino. Todos os quatro denunciados tem prazo de quinze dias para que se manifestem preliminarmente.Tem lado   Sandro Caprino criticou o fato de não ter sido ouvido em nenhum momento pela Justiça. "A Justiça em Paulínia tem lado e partido". Caprino informou no começo desta noite que recorrerá da decisão, mas somente após o feriado prolongado.   O vereador reafirmou sua transparência e disse que suas contas estão abertas para provar o contrário. "Sou um simples trabalhador e não tenho medo da verdade".   A assessoria de imprensa de Edson Moura Junior informou que ele não cometaria sobre a decisão da Justiça.