Sessão de Cinema

Jurrasic World

Logo no início de Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, EUA, 2015), de Colin Trevorrow, a personagem Claire (Bryce Dallas How...

João Nunes
12/06/2015 às 11:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:58
Jurassic World - O mundo dos dinossauros (  Divulgação)

Jurassic World - O mundo dos dinossauros ( Divulgação)

Logo no início de Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, EUA, 2015), de Colin Trevorrow, a personagem Claire (Bryce Dallas Howard) tenta vender um novo projeto da entidade para investidores, mas reconhece que hoje em dia não se dá tanta importância a esses mitológicos bichos, como ocorria 20 anos atrás – o parque está perdendo público. Tiro certeiro: a frase define o filme.  

Steven Spielberg provocou espanto quando materializou na tela a figura desses notáveis animais em Parque dos Dinossauros (1993), a partir do original de Michael Crichton. A primeira imagem de uma manada de herbívoros pastando solenemente no tal parque é inesquecível e (ainda hoje) de um realismo e de uma beleza impressionantes.  

Mas, sim, não se dá mesmo tanta importância mais no cinema a esses monstros que viveram há 65 milhões e disso decorre o modo gelado com o qual o qual provavelmente o espectador receberá o novo filme – em que pese a dosagem alta de ação.  

Aliás, também no começo, a mãe dos dois meninos protagonistas que embarcam para a ilha diz brincando ao se despedir deles: “Se acontecer alguma coisa, corram”. Pois está dada a pista do que veremos: uma correria sem fim.  

Por gelado, leia-se algo já visto e que, portanto, não provoca o mesmo impacto, não nos deixa extasiados. Nem levando em conta que os efeitos especiais evoluíram e tornaram as imagens da nova produção ainda mais realistas e convincentes.  

Entretanto, Jurassic World está longe de ser aborrecido em que pese a previsibilidade da história e dos personagens. E a razão está justamente no bom roteiro (escrito a oito mãos, incluindo o diretor) capaz de manter o ritmo e o interesse e na caracterização dos personagens e, por tabela, no elenco.  

Até antes de assumir o papel politicamente correto de tia prestativa e responsável, Bryce Dallas Howard está ótima. Com um delicioso humor involuntário, ela parece um robô dando ordens e exigindo o máximo de todo mundo, inclusive do pesquisador de velociraptors, o rústico e belo Owen (Chris Pratt transformado em galã instantâneo depois de um rígido regime) e por quem se sente atraída.  

Chris Pratt faz o que tem de ser feito. Encarna o herói na dose e no tamanho certos: não força a barra a fim de parecer infalível e tem boas (e bem-humoradas) falas a seu favor. Os meninos Ty Simpkins (Gray) e Nick Robinson (Zach) também seguram a onda direitinho – apesar da lição de moral que Zach terá de encarar ao longo da viagem.  

E Colin Trevorrow aprendeu bem a lições de Steven Spielberg (que aqui virou produtor executivo), pois filma com desenvoltura e segurança e consegue criar uma atmosfera familiar descontraída e simpática no início (lembra Tubarão, do mesmo Spielberg, 1974), antes de transformar a vida de 20 mil pessoas num inferno.  

Ele sabe esconder bem a fera. Desde o princípio somos informados que o laboratório do parque criou o primeiro dinossauro geneticamente modificado: a D-Rex, predadora, animal híbrido e inteligente, capaz de enganar os humanos e se camuflar, entre outras coisas. Mas ela demora a aparecer; e a expectativa é sempre muito mais interessante. Por que depois, tudo o que veremos é correria – como preconizou a mãe dos meninos.  

O resultado é mais divertido que impressionante. Sabemos desde o início como tudo vai se desenvolver e acabar, de modo que não há muito suspense – daí que o público pode se divertir sem tantos sustos. Vale mesmo pelo realismo que os modernos efeitos especiais se encarregam de dar porque, afinal, não se fazem mais dinossauros como antigamente.  

* Publicado no Correio Popular de Campinas  

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