BAURU

Julgamento de ex-policiais continua nesta quarta

Trio é suspeito de matar Jorge Luiz Lourenço em perseguição policial em 2007

Carolina Bataier
14/05/2013 às 22:42.
Atualizado em 25/04/2022 às 16:04
No banco dos réus, ex policiais militares aguardam momento do interrogatório (Patrícia Lacerda)

No banco dos réus, ex policiais militares aguardam momento do interrogatório (Patrícia Lacerda)

No dia 4 de abril de 2007, o mecânico Jorge Luiz Lourenço, conhecido como Jorginho, foi morto com um tiro na cabeça, após uma perseguição policial pelo bairro Mary Dota, em Bauru.

A história ganhou duas versões. De um lado, estão os três ex-policiais militares acusados de atirar no rapaz, que na época tinha 22 anos. Eles alegam ter disparado as armas porque Jorge também estaria atirando. Naquela noite, os policiais trabalhavam sob alerta devido a uma fuga de presidiários ocorrida no IPA (Instituto Penal Agrícola). Os fugitivos estariam usando motocicletas. Jorginho, quando foi atingido, dirigia uma moto que tinha a placa entortada.

Do outro lado, está a família de Jorginho que afirma: o rapaz não carregava arma alguma. Um dos indícios em favor desta versão está anexada ao processo: o exame residuográfico (que identifica vestígios de pólvora) feito na mão de Jorginho horas depois do crime mostra que o jovem estaria segurando um revólver calibre 38 com a mão direita. Porém, fotos apresentadas pelo advogado da família provam que Jorge era canhoto.

Nesta terça-feira (14), aconteceu no Fórum de Bauru a primeira etapa do julgamento do caso. Oito testemunhas de defesa dos réus foram ouvidas.

Lincoln César Cares, Renato Valderramas de Favari e Ricardo Antonio do Amaral — os réus — também prestaram depoimento.

No início do caso, eles foram acusados de homicídio doloso (quando há intenção de matar) e também de fraude processual, pela suposta adulteração de cena do crime.

Em maio de 2010, o juiz da 1ª Vara Criminal de Bauru, Benedito Antônio Okuno, decidiu pela desclassificação do crime de homicídio doloso e não decretou por qual acusação o trio responderia. Já em setembro, o Ministério Público recomendou a absolvição dos ex-policiais, baseado na tese de que eles agiram no estrito cumprimento do dever legal.

Após a desclassificação do crime de homicídio doloso, os advogados que representam a família de Jorginho entraram com recurso e o Tribunal de Justiça (TJ) decidiu que o caso iria a júri popular. A decisão, tomada por colegiado composto por três desembargadores em São Paulo, foi unânime.

Na primeira fase do julgamento, a acusação arrolou seis testemunhas. Destas, cinco compareceram. Todas foram dispensadas.

"Foram dispensadas pois os depoimentos delas já constam nos autos", declarou o advogado de acusação Sérgio Luiz Ribeiro.

A primeira etapa do julgamento durou quase 12 horas. Na parte da manhã, a mãe de Jorginho, a dona de casa Edith Francisquini Lourenço, 49, se exaltou diante do depoimento de uma das testemunhas de defesa. Ela passou o resto do dia no hall do Fórum.

"Não quero ouvir mais nada", disse.

Nesta quarta-feira, à partir das 9h haverá o debate do caso e a anunciação da sentença.

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