Jogo de damas, uma paixão

Os moradores de Campinas conhecem bem o Bonfim Recreativo e Social. O clube funciona hoje em uma sede imponente, com 27 mil metros quadrados de terreno, no Jardim Chapadão. Tem piscinas, quadras, salão de baile, academia e campo de futebol. A original funcionava na Governador Pedro de Toledo e, mesmo depois da mudança, a associação manteve a homenagem ao bairro. Ah, sim, a fama veio porque o Bonfim montou um time de futebol amador bastante forte, além de equipes de diversas outras modalidades. Uma delas, porém, é muito especial: a de jogo de damas. O setor nasceu há 57 anos e revelou atletas que conquistaram vários troféus para a cidade ao longo da história.   Foto: Reprodução/Carlos Souza Ramos/AAN Equipe do Departamento de Damas do Clube Bonfim: muitos troféus e talentos revelados Uma informação desconhecida por quase todo mundo é que nenhum clube no Brasil tem um departamento de damas tão antigo. Também não se sabe de outro com mais tempo de fundação em toda a América do Sul. E olhe que a informação partiu de Lélio Marcos Sarcedo, presidente da Confederação Brasileira da modalidade, sediada no Rio de Janeiro. A notícia deixou orgulhoso o coordenador do departamento, William Bucco de Carvalho, um senhor de 74 anos remanescente do grupo pioneiro que criou a estrutura. Ele teve o capricho de, pacientemente, escrever a história do setor e viu que, nesse ramo, o Bonfim é tão importante quanto clubes quase seculares da Rússia e da Holanda, que “descobriram” mestres internacionais. Carvalho relaciona outros pioneiros, como os primos Écio e Oswaldo Poggetti e associados que, em seguida, participaram do timaço de damistas: Conti, Gelásio, Ortega, Egídio, Beretta, Dario, Jair, Jurandir, Cabrino, Bertuzzo, Padial, Lenine, Zíngaro, Simão, Vicinâncio, Alvacir, Bezerra, Laércio, Urbano, Manuel Quintas, Costa, Serrazes, Pompílio, Pedroso, Romeu, Almeiro, Batrista Zé Maria, Expexcdito, Marcelo Cirso, Barbosa, Geraldo, Romney, Almeida, Vedolin e Valdecir.     Foto: Reprodução/Carlos Souza Ramos/AAN William Bucco de Carvalho, coordenador do Departamento de Jogo de Damas do Bonfim: “O setor de damas sempre foi movido pela paixão do grupo de amigos” Em 1966, oito anos depois da fundação do departamento, o Bonfim foi campeão paulista por equipes. Atualmente, o clube sedia três campeonatos anuais tradicionalíssimos: Caras e Coroas, Popular e Campineiro. Este último, aliás, é um torneio nacional, disputado por grandes damistas do Brasil. Ano passado, 66 feras estiveram frente à frente no tabuleiro. Este ano, o evento acontece em junho. Ah, sim. Carvalho conta que muitos damistas daquele grupo inesquecível já partiram desta vida. Hoje, restam dez velhos amigos que, volta e meia, se encontram para jogar. Existe um esforço para atrair a garotada, por meio de escolinhas do esporte. O presidente do Bonfim, o advogado Jairo Inácio do Nascimento, diz que a instituição mantém a estratégia de se inovar, apoiar modalidades tradicionais e manter a fidelidade do quadro associativo, composto por quatro mil titulares e dependentes. A memória das conquistas históricas são guardadas em um armário de época, com porta envidraçada. Ali estão taças belíssimas, todas identificadas, conquistadas ano após ano. Carvalho também guarda em casa o seu baú de histórias, com uma coleção raríssima de diplomas, livros de atas do departamento e carnês de contribuição – os membros da direção e damistas faziam vaquinhas por conta própria e juntavam dinheiro para as ocasionais viagens para competições; aquele era o dinheiro do hotel, da alimentação, do transporte. “É, o setor de damas sempre foi movido pela paixão do grupo de amigos”, fala.SAIBA MAIS   Interessados em ouvir histórias sobre o Departamento de Damas do Clube Bonfim podem entrar em contato com o coordenador pelo e-mail [email protected]. Quem pretende integrar o grupo de damistas ou inscrever crianças na modalidade pode ligar na secretaria do clube, no (19) 3243-2545. A sede do Bonfim, onde estão os troféus, fica na Rua Bento da Silva Leite, 330, a cem metros da Praça Tiro de Guerra, no Chapadão.