BIOGRAFIA

Joaquim Cruz revela o que está por trás do campeão

O ex-corredor conquistou a medalha de ouro nos 800 metros na Olimpíada de Los Angeles (EUA), em 1984

Renata Rondini
16/03/2015 às 22:31.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:45

Há 30 anos, Joaquim Cruz conquistou a medalha de ouro nos 800 metros na Olimpíada de Los Angeles (EUA), em 1984, e ainda continua sendo o único brasileiro campeão olímpico em prova de pista no atletismo. A construção dessa história e de muitas outras conquistas estão relatadas na biografia Matador de Dragões, escrita pelo jornalista Rafael De Marco, ex-editor de esportes do Correio Popular, que será lançada, quarta-feira (18), na Livraria Cultura (Shopping Iguatemi Campinas), a partir das 19h.   Desmistificar o mito e mostrar o homem por trás do grande campeão foi o objetivo de Joaquim Cruz com o livro. “O brasileiro conhece os resultados do Joaquim Cruz, mas não conhece o processo que me levou a tudo isso”, observa. “Os meus pensamentos, escolhas, o meu dia a dia é o que mostra o livro. Foram 22 anos de carreira e os brasileiros viram minhas conquistas, mas não viram o ser humano por trás delas. Eu tive medo, alegrias, momentos pessoais importantes, fui também muito maltratado psicologicamente até chegar no ouro. Queria contar esta parte da história”, comentou o ex-atleta, que aos 17 anos foi para os Estados Unidos, onde construiu sua carreira. De origem humilde, o garoto nascido em Taguatinga, cidade satélite de Brasília, correu atrás literalmente dos seus sonhos.   Joaquim Cruz, que estará presente no evento desta quarta em Campinas, faz parte de um seleto grupo de medalhistas de ouro do Brasil em Olimpíadas. Além dele, os únicos do atletismo a subirem no alto do pódio foram Adhemar Ferreira da Silva (salto triplo), em Helsinque 1952 e em Melbourne 1956, e Maurren Maggi (salto em distância), em Pequim 2008.   E para o campeão, mesmo com os Jogos Olímpicos acontecendo no Brasil no próximo ano, sua exclusividade deve perdurar. “Muita coisa evoluiu no esporte no Brasil desde a minha época. O material humano sempre vamos ter por conta da mistura de raças e a verba aumentou, porém, falta administrá-la melhor e de forma cuidadosa. Além disso, a expectativa do atleta precisa ser alta, com disposição para se aventurar no esporte e sonhar realmente com o ouro olímpico”, disse.   Com o retrospecto do Brasil nos últimos anos, Joaquim Cruz não acredita em pódio nas provas de pista no Rio-2016. “Pela Olimpíada ser no Brasil gera motivação, contudo, torcida a favor não faz seu corpo evoluir de uma hora para outra e nem interfere na preparação dos adversários. Não conseguimos resultados expressivos nem na Olimpíada de 2012 e nem no último Mundial. Agora, vamos ver no Mundial deste ano, que será um parâmetro, mas se não ficarmos entre os seis melhores nas provas de pista, nossos atletas não conseguirão estar na disputa real na Olimpíada do Rio. Ninguém evolui em um ano e meio o necessário para estar no pódio”, avaliou. O Mundial de atletismo será realizado no final de agosto, na China.   Foto: Dominique Torquato/AAN Rafael de Marco mostra a biografia sobre o campeão olímpico   JORNALISTA DESTACA SUPERAÇÃO   O processo de construção da biografia Matador de Dragões deu a oportunidade a Joaquim Cruz de reviver muitos momentos de sua carreira esportiva e de mergulhar em detalhes de sua vida.   “Quando vi minha mãe relatar a vinda dela para Brasília atrás do meu pai com cinco filhos, sendo um ainda de colo, para o Rafael (autor da biografia), descobri tudo o que minha mãe havia enfrentado para as coisas acontecerem, onde realmente começava a minha história", lembrou Joaquim Cruz.   "Percebi que os meus sonhos não começaram comigo, mas com pessoas lá trás, como a minha mãe. Eu tinha o desejo de ser alguém na vida, fui o único filho com espírito aventureiro, mas encontrei a pessoa certa (o treinador Luiz Alberto de Oliveira), que também almejava os mesmos objetivos, no lugar certo.”   O jornalista Rafael De Marco, ao escrever a história do campeão, constatou que mais do que se superar nas pistas para chegar ao ouro olímpico, Joaquim venceu inúmeras dificuldades na vida para formar o cidadão vitorioso. “Se tivesse que resumir a trajetória de Cruz em uma palavra seria superação. Apesar do talento e uma condição genética excepcional, ele sofreu com graves problemas físicos, mas nunca desistiu. Fora das pistas, ultrapassou as barreiras das dificuldades sociais para estudar e se formar nos Estados Unidos e se transformar em um cidadão do mundo. Joaquim prova que a força de um atleta não está apenas no corpo, mas na mente”, disse.

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