opinião

Já foi preso. Agora vamos discutir os problemas do país

Reinaldo Dias
12/04/2018 às 07:14.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:23

A democracia brasileira tem dado demonstrações de solidez resistindo aos seus inimigos que tentam de todas as formas descaracterizá-la. No último fim de semana ocorreu a prisão do ex-presidente Luís Inácio da Silva Lula condenado a 12 anos e 1 mês de reclusão por crime de corrupção e lavagem de dinheiro, num processo que contemplou inúmeros recursos que passaram por quatro instâncias da justiça. Em todas foi confirmada a sentença. Paralelamente aos recursos, seus seguidores praticaram inúmeros ataques ao judiciário e aos seus membros, a maioria retóricos. Outros nem tanto, prédios e dependências do judiciário e da polícia federal foram vandalizados, chegando-se a cometer um ato covarde contra o edifício em que a presidente do STF, ministra Carmem Lúcia, tem apartamento. Lideranças petistas e aliadas agrediram verbalmente ministros, juízes e outros membros do judiciário. Ameaçaram mergulhar o país numa convulsão caso Lula fosse preso. Ameaçaram com o povo nas ruas caso a prisão concretizasse. Nada disso aconteceu. O país segue trabalhando normalmente. Na realidade há um excesso de democracia, pois a permissividade com que as instituições toleram as agressões da militância radical beira a absurdos. Interrompem o direito de ir e vir das pessoas com a queima de pneus impedindo a passagem em estradas e outras vias públicas, invadem gráfica de jornal em franco desacato às leis do país. Demonstram cotidianamente a intolerância com aqueles que não comungam com suas ideias. E ainda tem a coragem de dizer que o Brasil vive um estado de exceção, que não há democracia no país. As instituições estão demonstrando grande resistência conseguindo fazer cumprir a lei. Lula foi preso condenado em um dos processos que tramitam na justiça. Há pelos menos outros seis em tramitação. Somente dois deles estão nas mãos de Sérgio Moro. Todos por delitos contra a administração pública como corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. É mais um dos inúmeros ex-presidentes na América Latina envolvidos em corrupção que caiu nas malhas da justiça. Dizer que Lula é um prisioneiro político é zombar da justiça e ignorar seus crimes. Ser líder popular não é um qualificativo valorativo. Pode ser bom ou ruim para a sociedade e o país. Líderes populares eleitos pelo voto e com amplo apoio da população chegaram a perpetrar crimes contra a humanidade. Os crimes de Lula não são contra a humanidade, são contra o país. O mais surpreendente é que um partido político leve adiante uma farsa tão irreal quanto essa correndo o risco de perder a representação que possui no Congresso e nas Assembleias Estaduais. Ficou claro nos últimos dias que o PT e aliados não tem o poder de mobilização que afirmam possuir. Somente seus militantes mais fiéis foram para a rua. A tendência indica que cada vez mais o PT se reduz a uma seita, cuja liderança está levando o partido ao suicídio eleitoral. É hora de virar a página. O que temos pela frente é a eleição de um novo presidente que terá a enorme tarefa de nos conduzir a um desenvolvimento que permita reduzir a pobreza e a desigualdade, acabar com a mediocridade na educação e elevar os padrões de atendimento à saúde. O fortalecimento das instituições passa pela consolidação de uma justiça que puna efetivamente os criminosos e prevaleça a segurança pública para permitir o livre trânsito dos cidadãos. A intolerância de grupos radicais, à direita e à esquerda, deve ficar restrita a poucos militantes fanáticos que não aceitam opiniões contrárias. A divisão daqueles que defendem uma sociedade mais justa pode colocar no mais alto cargo executivo do país uma das mais intolerantes figuras que já surgiram no cenário político brasileiro, que defende propostas retrógradas já condenadas pela história. O histriônico candidato Jair Bolsonaro só vencerá se houver uma sensível divisão das forças democráticas. Esse é o perigo real que está se desenhando no horizonte.

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