O inverno chegou! E como diz vovó Nana, nesses dias é difícil colocar o Pedro Henrique para tomar banho, mas também depois que ele entra, para sair é uma dificuldade. O banheiro fica um “fumacê” e a conta de luz no final do mês...
Foi justamente após uma dessas frentes frias que a vovó trouxe o Pedrinho para uma consulta e a queixa principal era a pele do garoto, segundo a vovó esta cheia de impinge, ela culpa o final de semana na casa da comadre Zefa, que tem aquele cachorro peludo que não toma banho, “pegou dele doutor!”.
Quando o Pedro Henrique tirou a roupa para ser examinado, deu até dó, ele estava pintado com inúmeros círculos de caneta azul, eles delimitavam áreas de pele com intensa descamação, irritada e seca.
Braços, tórax, abdômen, pernas, tinha círculos azuis em todo corpo, exclamei:
-Quem fez isso no Pedrinho vovó?
Ela com cara de quem tinha feito arte, respondeu:
-Antigamente nos cercávamos a impinge com tinta de caneta azul para não alastrar!
Vovó em primeiro lugar vamos explicar que impinge é um nome popular para a tradicional micose ou tinha da pele, uma lesão causada por fungos, muito frequente no verão em regiões do corpo submetidas a calor e umidade, como exemplo, o vão entre os dedos dos pés, região das virilhas, axilas e região de dobras.
Essas lesões que aparecem no inverno, têm como principal fator causal o banho quente, que prejudica a camada oleosa que reveste a pele, responsável pela textura suave e macia.
A água quente associada a sabonetes pouco neutros e as frequentes fricções da toalha deixam a pele com uma aparência seca, e em algumas regiões a tensão é tão grande que ocorre o rompimento das barreiras epidérmicas e surgem manchas brancas, descamativas com intensa coceira que favorecem a infecções.
Essas manchas brancas na pele não tem nada a ver com impinge, e muito menos são sinal de verminose, como insistem dizer algumas vovós, se é na face que elas aparecem, o diagnóstico das Nanás é imediato: “ele esta cheio de vermes”!
Coitadinhos dos vermes estão em franca extinção; o saneamento básico esta presente em quase toda cidade, não se toma mais água de poço, não se utilizam mais as fossas, nem quintal com terra tem para as crianças brincarem e “pegarem” o verme.
Para uma pele bonita e saudável nessa época de frentes frias é o banho morno, entre 29°C a 37°C, o mais rápido possível, sem muita fricção de sabonete, alias este deve ser o mais neutro possível, de preferência aos líquidos, esponja e bucha nem pensar!
Use cremes hidratantes diariamente após o banho, com a pele ainda úmida. Você sabia que quando a pele ainda está úmida a absorção de creme hidratante é maior?
As pessoas com pele oleosa também são prejudicadas, pois à medida que ocorre a retirada da camada manto-lipídica da pele pela água quente, o organismo acelera a produção de sebo para “repor” a oleosidade perdida.
Assim como a pele, os cabelos também sofrem com banho muito quente, os fios têm uma camada de gordura protetora que é eliminada.
Outra iniciativa prejudicial é usar secador, quando ele se limita a produzir vento, sem aquecimento, não há problema. Mas, quando o vento é quente, aumenta o risco de ressecar o cabelo. O secador deve ser utilizado somente em último caso, quando utilizar deve ser mantido a pelo menos 15 centímetros dos cabelos.
Mesmo com todos esses cuidados, a queda de cabelos aumenta durante o inverno. É uma situação normal e não deve assustar ninguém.
Depois de toda essa explicação, a vovó Nana ficou pensativa e perguntou:
-E agora doutor como vou fazer para tirar todas essas marcas de caneta azul do corpo do Pedrinho? Vou ter que dar um banho de bucha!
Pode sim vovó, depois você descasca o abacaxi que o Pedrinho vai ficar!