O Brasil passa por um momento especial que permite um clima de insegurança econômica. Depois de um longo período de turbulência e afirmação do governo de que a crise não passaria de uma marolinha, agora os resultados de uma política desorganizada começam a parecer. Diante da ameaça de um índice de inflação insuportável, o governo Dilma Rousseff se depata agora com o embate entre colocar as finanças em ordem ou assumir a campanha para o seu segundo mandato.
A decisão de elevar a taxa Selic para 8% já sinaliza uma preocupada atenção em relação aos rumos da economia. Distantes do alardeado otimismo herdado do governo Lula, as consequências de uma política insensata começam a surgir, com as garras afiadas para minar as resistências do setor produtivo.
Ao privilegiar os gastos públicos como meio de estimular a economia, o governo apenas fez agravar a crise, criando uma situação de circulação de verbas que encobria a verdadeira necessidade de contenção. Ao facilitar o crédito e estimular o consumo, o governo alimentou a inflação, acrescentando ainda o controle de preços e lucros, redução de impostos setorizada, afetando os investimentos. Tudo num pacote de insegurança que exige um projeto para reversão do quadro sombrio que se avizinha.
A expectativa de realização de um PIB abaixo de 2% joga a perspectiva do desempenho da economia para baixo, no limite considerado mínimo pelo próprio estafe do governo. Isso em momento político crítico. Dilma está na encruzilhada de adotar as medidas necessárias para restabelecer o equilíbrio do País ou enveredar na irresponsável aventura de posar de candidata à reeleição e insistir na depreciada fórmula de estimular o consumo a partir do aumento dos gastos públicos e renúncia fiscal.
Os resultados são previsíveis: sempre que as campanhas eleitorais afetam as decisões, os custos são altíssimos e os prejuízos acumulam passivo para décadas. As alternativas não são as mais otimistas para o governo. Não há como desfazer da necessidade de impor rigor nas contas públicas, desincentivar o crédito e consumo, arcar com o prejuízo político de ações impopulares e atrair a iniciativa privada para os investimentos em infraestrutura. Se haverá um descrédito político por estas medidas realistas, não poderá ser pior que insistir no estímulo à inflação e retração de investimentos.